Daniel Campos

Texto do dia

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11/02/2009 - Conexão Obama

Preparava-me para almoçar quando fui abordado por uma daquelas surpresas que nos fazem perder o apetite - um convite para escrever um texto que seria lido por Barack Obama. As minhas linhas nunca estiveram tão próximas de chegar aos olhos do presidente dos Estados Unidos da América. Mas não seria um poema falando da mulher amada, uma crônica sobre o cotidiano de quem passa sob a minha janela ou um daqueles contos de finais imprevisíveis o que eu levaria aos olhos de Obama. Por bondade da requerente, a linguagem poética foi liberada, mas o formato não poderia fugir de um texto oficial.

Ritos à parte, o convite foi feito por uma magistrada, que recebeu recentemente a visita de uma assessora especial do primeiro presidente negro dos EUA. Ela veio ao Brasil exclusivamente para conhecer os projetos de inclusão racial, social, ambiental criados, desenvolvidos e implantados pela tal juíza. A senhora Kappy, como é chamada a assessora, disse que Obama tinha pressa. Ou seja, estou sob pressão da Casa Branca. É o capitalismo selvagem fazendo mais uma vítima. Até agora não respondi se aceito ou não fazer este texto. Mesmo quando o assunto é um leque de projetos que não são meus, fico em dúvida se tenho algo a falar para o homem que virou fenômeno na mídia mundial.

O fato de ainda não ter aceitado o convite não é birra ideológica com a terra do Tio Sam. De Lula a Dmitri Medvedev (Rússia) não tenho nada a dialogar com presidentes. Pode ser de república, de time de futebol, de multinacional, de escola de samba, de academia de letras, de sindicato... não tenho nada a dizer a quaisquer presidentes. Afinal, o amor que eu canto em linhas e versos não interessa aos rumos estratégicos, políticos, econômicos do estado maior. Aliás, na maioria das vezes, contraria esses rumos. Sinto informar aos partidários e intelectuais de plantão, que no mundo da poesia e do coração não há presidente, estado, tampouco governo democrata ou republicano. Há só duas pessoas disputando uma à outra sem constituição ou regimento interno.


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