Daniel Campos

Texto do dia

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03/02/2009 - Signo paraíso

Uma infinidade de canyons, cachoeiras e trilhas são escritas para além das folhas das janelas, podendo ser observadas a partir da relva que cobre a cama orvalhada de suor e medo. O sol subindo e caindo num giro de 360 graus e eu, viajante de sonhos, postado no mesmo lugar. Mais do que nunca, a sensação de que é o mundo quem passa por mim. Eu sou apenas uma árvore, fincada ao chão, acompanhando o balé do cosmos sem poder fazer nada. Eu nunca pensei na angústia das árvores. Ah! Como esses seres feitos de madeira e folha se angustiam.

Os extraterrestres fazem contato, uma nova humanidade se forma, um hippie canta o futuro e eu, fecho as janelas para o próximo gênesis. Em silêncio, percorro o relevo, íngreme e reconfortante, da mulher amada. Beijos de rosas no cerrado. E o mel das abelhas destas pétalas é sorvete manchando os lábios, escorrendo pelo corpo, oscilando as nossas temperaturas. O sol, grande e baixo, passa lentamente, com todo cuidado, para não esbarrar em nenhuma daquelas montanhas que ladeiam a cidade.

E quando a noite finalmente consegue chegar, clarões explodem no meio do mato. Lanternas? Naves espaciais? Vulcões? Uma revoada de vaga-lumes? Não, talvez só o sol, soluçando de frio, nos braços da lua. O clima é propício ao amor e aos amantes. E eu, apaixonado que sou, leio as conjunções astrais para além das folhas das janelas e tramo meus desejos nas tramas do mapa astral da mulher amada. Concomitantemente, os extraterrestres talham um novo signo naquelas pedras - o signo paraíso.


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