Daniel Campos

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Encontrados 31 texto de fevereiro de 2009. Exibindo página 4 de 4.

01/02/2009 - Vassouradas

Por detrás do uniforme alaranjado e da vassoura, uma mulher. Não importa se ela se chama Francisca ou Bernadete ou, se ouviu um eu te amo antes de dormir ou se ela acreditou que a vida fosse fantasia, ao menos uma vez, mas as suas vassouradas. Eu vassouro, tu vassouras, ela vassoura. E ela vassoura o mundo.

- Não agüento mais varrer, varrer, varrer. Eu varro tudo quanto é tipo de lixo. Varro palito de picolé. Varro coco de cachorro. Varro folheto de loja. Varro latinha de coca-coca. Varro folha de árvore. Varro sacola plástica. Varro batata-frita. Varro chinelo sem par. Varro resto de cigarro. Varro camisinha. Varro lenço de papel. Varro caco de vidro. Varro pilha descarregada. Varro cartão telefônico sem crédito. Varro recibo de banco. Varro cartas impregnadas de saudades. Varro os remetentes e os destinatários. Varro o que o vento levou, leva e ainda levará mais adiante. Varro o lixo do lixo do lixo. Tudo o que existe eu varro. Varro, logo existo. Pelas piaçavas dessa vassoura quantos amores já passaram? Afinal, eu vou pelas ruas varrendo tudo o que foi deixado. E por dia, por hora, por minuto quantos amores são deixados pelo caminho? São beijos caídos, são paixões perdidas, são casamentos abandonados ao longo da sarjeta. Dizem que o lixo não presta pra nada, que é morto. Mas alguns desses amores choram ao serem varridos para debaixo dos tapetes, para dentro dos bueiros ou das latas de lixo. Eu chego a ficar com dó, mas se eu não varrer os urubus descem e... ...
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