09/02/2009 - Efeito Pigmaleão
Uma tsunami estética parece varrer o mundo. Há uma busca desenfreada pela beleza plástica ideal. As mulheres apelam para exercícios físicos, tratamentos alternativos, dietas, remédios. Elas chegam a mergulhar de ponta nas águas de uma rotina de sacrifícios e esperança. Longe de uma onda saudável, acredito que o mundo vive a síndrome de Pigmaleão. Pig o quê? Tem alguma coisa relacionada com o camaleão, aquele animalzinho que muda de cor para se disfarçar? Além da rima, a associação entre os dois se dá no fator ilusório que estão inseridos.
Pigmaleão foi um sujeito importante histórica e sentimentalmente falando. Para começar, era rei de Chipre, uma ilha do mar mediterrâneo perto da Turquia. A procura desenfreada pela mulher perfeita fez com que ele se casasse com uma estátua. Ah? Isso mesmo! Depois de muito procurar, não encontrou fêmea alguma que atendesse suas exigências. Então, como era escultor, talhou a mulher perfeita em uma estátua. E pior, apaixonou-se por ela. O sentimento foi tão avassalador que Afrodite, a deusa do amor, concedeu vida à estátua. Pigmaleão e Galatéia, a mulher de carne e osso resultante de sua criação, casaram-se e tiveram até um filho.
Na psicologia esse mito virou Efeito Pigmaleão, que é o nome dado ao alinhamento que fazemos da realidade diante das nossas expectativas. E por que conto essa história? Pelo fato de que estamos sob esse efeito. A busca incessante pela perfeição, sobretudo estética, acaba deixando o mundo real de lado face uma dimensão ilusória. E viver de ilusão pode ser perigoso. No caso do grego, o seu sentimento mudou a condição da estátua. Conforme Zizi Possi canta, é sobre-humano amar. E eis o problema. Ao contrário de Pigmaleão, a humanidade atual sabe como ninguém construir estátuas de ilusão, mas esqueceu-se do amor.
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