Daniel Campos

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Encontrados 301 textos. Exibindo página 22 de 31.

Soneto da saudade vermelha

Tenho saudade do sítio vermelho
Onde o mato tinha cor de batom
E um casal de tico-fogo era o tom
Pela sementeira em fios de cabelo.

Saudade ardente em brasa do perfume
Da garça fumaça de um fogão a lenha
Da boca de amora e da noite prenha
Deixando o sol corado de ciúme.

Saudade da fogueira de São João
Do cachorro ruivo e da comichão
Que subia de vergonha na menina

Que se pintava no espelho do lago...
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Soneto da sereia

A tristeza não é uma rima qualquer
Não é somente um chorar em desalinho
À procura de um gesto de carinho
Que se consola no que assim disser.

A beleza é uma doutrina perfeita
Que vive, mas vive só porque é triste
E assim acredita que é o feio que existe
No reflexo que em seu espelho se deita.

Inconformada, vive a procurar
Outras belezas que valham seu dia
Se aventurando a cada sentimento.

São tantas buscas em um só momento...
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Soneto da superstição

Pula o muro, quebra o galho da arruda
Arranca sete folhas de guiné
De comigo-ninguém-pode e se cuida
Porque o mal do amor não chega a pé

Ah! A tristeza cavalga nua e a pelo
No lombo arisco de um corcel selvagem
À tua procura. Pois faça o teu apelo
Porque a dor vai deixar de ser miragem

Reza com fé pro teu santo mais forte
Acenda uma vela para sua sorte
E se esconda lá debaixo da cama

Não adianta gritar implorar rogar...
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Soneto da volta

Volta sua cadeira ainda está sozinha
Tudo enfim e por fim já se acabou
Quando como uma singela andorinha
Abriu as asas e ao céu se lançou

No meio da minha estrada nasceu flor
Floresceu outro mundo e logo murchou
Roubou o perfume, deixou-me sem cor
Quando dentre espinhos me abandonou

Pensei em mais uma de suas brincadeiras
Mas foi a derradeira de suas rasteiras
Tombando para sempre os sonhos meus

Hoje desejo olhar seu corpo longe...
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Soneto da volta nº 2

Quando ela vier, que venha poente e calma
Em uma passada branda e ainda leve
E tímida vá se despindo da alma
Como lingeries de uma mesma pele.

Quando ela vier, que venha lua e calada
Deixando à mostra todos os seus eus
Eu quero senti-la a cada quimera
Suas músicas, seus cálices, seus breus.

Quando ela vier, que venha pelas costas
Com lábios de ardume e olhos calados
E azul, dependure-se nas encostas

De tantos sóis, de ciúme, mal traçados...
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Soneto das duas mulheres

Mulheres encapuzadas me envolvem
Em dois vultos que não dizem adeus
Não mostram os rostos que de azul cobrem
Só bendizem que são espécies de deus

A primeira raia sob a luz do dia
Tem uma fina penugem dourada
E dança feito uma criatura alada
Enquanto em meu ouvido sopra poesia

A segunda uiva e geme tentação
Cai em pontas da estrela negra da noite
E tem na pele a flor da inquietação

As duas me trilham em linhas da sorte...
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Soneto das flechas

Não sei de onde vim nem para onde vou
Se nasci da pedra ou do parto em flor
Eu só sei que o deus do verso ordenou
Desce e cumpre a sina de rimador

Quando tudo parecia professado
Por detrás das barbas daquele deus
Veio um sacana cupido excomungado
E bem me flechou de amor e de adeus

Condenado a uma vida de desejo
E do amor que se busca e não se encontra
Posto que está sempre de malas prontas

Nesse ritmo, rimo o mundo e versejo...
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Soneto das lembranças

Lembro-te num sorriso sem idade
Na sangria que contava coisas tuas
Como as fantasias de tantas cidades
Escorregassem em tuas costas nuas.

Lembro-te ainda em flores, mais tarde em pranto
Quando era o meu silêncio meu consolo
Lembro-te quando ficava num canto
Em pensamentos e me achavas tolo

Lembro-te assustada, teatro de olhares
Lembro-te indizivelmente em lugares
Lembro-te inteira lépida e infinita

Num juramento prometi a minh?alma...
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Soneto das moendas

Moa-me nos dentes rentes das moendas
Olhos de ferro e prenda minha vida
Nas fendas desta tua seita proibida
Coloca-me em teu altar como oferenda

Aos deuses que acreditam em milagre
Ah! Me cega me veda e me navega
Vira o meu mar em teu ruge e me entrega
À cruz dos teus seios, multiplica os bagres

E enfrenta o demônio que mora dentro
Do peito. Demônio do sentimento
Alheio que não controla e te devora

Num câncer de dor, insônias e tonturas...
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Soneto das nozes

Ouça: quando o tempo ecoar em si as vozes
De que já é tarde demais para o amor
Vai, se revira ao avesso do criador
É hora de quebrar as duras nozes

Da clausura a qual você se internou
E adoeceu na coisa amada de ira
Por amar mais do que ainda lhe restou
No desfiado emaranhado da lira

Dos dias que não lhe deixaram em paz
Paixões brutais e demais que vão e voltam
Como temporais de tempos atrás

Que jazem no chão de paixões patéticas...
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