Daniel Campos

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Encontrados 301 textos. Exibindo página 23 de 31.

Soneto das sete

De repente, múmias e faraós
Sonhei-te em pirâmides de Gizé
Acordei no estralo dos rouxinóis
E corri ao farol de alexandria a pé

Subi ao Mausoléu de Halicarnasso
Procurei pelo colosso de Rodes
Enfrentando os soldados de Herodes
E do nosso amor, fiz estardalhaço.

No templo de ártemis, virei caça
Para ver-te nascer suspensa em flor
Babilônica num jardim que passa

Passei por matilhas ilhas e trilhas
Aos pés da estátua de Zeus, sonhador...
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Soneto das vezes

Talvez se fossem outros os profetas
Haveria um por que para as suas visões
Guardadas como se fossem secretas
Como se crêssemos em previsões.

Nós cansamos de esperar o passado
Passar. Passamos sem acontecer
O tempo dos relógios foi violado
Obrigaram-nos a nos esquecer.

Podíamos nos dar outra tentativa
Mas os sonhadores não mais aprontam
E a ilusão deixou de ser sensitiva.

As linhas da vida do equilibrista...
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Soneto de amares

Se é para amar, que ame sem maior demora
Com todas as doses de um juízo ausente
Como um ateu que encontra um deus e ora
E fiel se entrega nu e copiosamente.

Se é para amar, que não sofra demais
Que em primeiro lugar perdoe a si mesmo
Não se importa se tanto tempo faz
Posto que no amor, timoneiro vai a esmo.

Se é para amar, que o faça de áurea intensa
Não se enrede pelo que o mundo pensa
Dimensiona as medidas do seu amor....
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Soneto de anjos e demônios

A chuva chovia e molhava o jardim
Do medo onde o lírio de são josé
Colhido pelas mãos de um querubim
Era oferecido para outros pés.

Pés de santa e senhora dos pecados
Pés daquela que um dia beijou o demônio
Noutro, se arrependeu. Tempo passado,
Hoje é a rima no deuteronômio

Mais diabólica, converte e seduz
Criaturas das trevas e anjos de luz
Como o querubim que se acha cupido

De si mesmo e bíblico segue a esmo...
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Soneto de ninar

Se você fosse minha namorada
Eu juro que iria que iria lhe buscar
Lá detrás lá detrás da madrugada
Só e só para ver a lua lhe beijar.

Se você me desse seu coração
Eu não, não mais lhe deixaria quieta
Eu pediria para a inspiração
Para ser só o teu só o teu poeta.

Se você fosse junto a mim seguir
Eu prometo que a ti me entregaria
Só e só pra ver sua lágrima sorrir.

Se você me desse toda sua dor
Em sua cruz via-crucis me pregaria...
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Soneto de núpcias

Quero o teu sexo no primeiro sol
Pra fecundar a lua do teu verão
E me guiar na luz do último farol
No sal do mar da nossa embarcação

É o sal do sol que põe o desejo à mesa
É o sol do sal que arrepia frio de medo
É o sal do sol do choro da nobreza
É o sol é o sal é o mal é o bem é o dedo

Que leva o sal até a boca da moça
É o sal é o sol da concha é o sal da louça
É o sol doce é o sal amargo que agoura

É o sal do amor que tempera teu sexo...
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Soneto de tritão

Os corações que desenhou na areia
Das costas de um mar que nunca existiu
Foram últimas ofertas de uma ceia
Saboreadas por um deus que sumiu

Depois de ter os corações nos dentes
Deus Tritão abandonou o fundo do mar
Furou oito ondas bravias com seu tridente
Foi dar na arrebentação de um olhar

O que será do amor embarcação
Que perdura o tempo que o mar quiser?
E sem deus, o mar se quebra mulher

Por onde anda o coração de Tritão...
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Soneto de um só tema

Quando a saudade, decotada e virgem,
Caí na solidão de um drinque qualquer,
Há de se quebrar em uma vertigem
O agouro feito por um mal-me-quer.

Quando o silêncio desfaz sua promessa
De fugir, a sós, com a despedida,
Há de se achar a carta que confessa:
As velas do medo estão de partida.

Quando o destino, tímido e deserto,
Nasce, sonha e, tempos depois, se engana,
O fim de uma espera ronda por perto.

Quando a lua lilás dança na fumaça,...
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Soneto do amor oceano

Sopra, sopra a vela branca de um barco
Acende a vela e sonha da janela
Sopra, sopra o barco e desenha um arco
Que vai sumindo, sumindo da tela.

Canta, canta e tanta encanta a poesia
No canto sacrossanto que decanta
Da garganta o pranto da valentia
E dos males da vida nos espanta.

Sopra, sopra e canta em um minueto
Quatro estrofes do mais louco soneto
Que vai ao vento vai mar adentro vai

Canta, canta e sopra um sopro de gente...
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Comentários (1)

Soneto do amor pouco

De repente, de todo o sofrimento
A noite que se deu por terminada
Como se temesse a criatura amada
E em silêncio, fora-se mais o vento.

Por fim, tudo se deu por terminado
Não se sabia mais a felicidade
O que ainda restou, fora interditado
Nem sonho corria no seio da saudade.

E no antigo calvário das promessas
A noite virou pelo avesso e avessa
Tirou a lucidez e do seu caminho.

Em uma de suas bruxarias, fez louco...
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