Daniel Campos

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Encontrados 20 textos. Exibindo página 1 de 2.

16/01/2014 -

Eu já me doei
Já me entreguei
Já me doí
Já me torturei
Já me entristeci
Já me esperancei
Já me vali
E já falei
Confessei
E até gritei
O quanto te amo
Te amei e amarei
Eu já me enlouqueci
Eu já te pedi
E até te implorei
Eu já te chamei
Já te aclamei
Já te defendi
E bendizi
Eu já chorei
Eu já me jurei
E perjurei
A você
Eu já me perdi
Só não posso...
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Janeiro

De frente
Ao rio
Que corre
Janeiro
Seu lugar
Está vazio
Feito
Um velho
Candeeiro.

A imbaúba
Perdeu a conta
De quantas vezes
Você não veio
Não há rastros
De batom
E a lua pulou no rio
Feito pedra de crepom.


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Janela de natal

Hoje, acordei risonho
Com vontade de fazer um sonho
Então sentinela, olhei à janela
Mas a vista não dava para o mar
E sim pro bêbado de papo pro ar.
Posta à mesa, uma fotografia
Que já me prendeu um dia
Que tão longe se vai,
Ah! Outrora tão bela
Podia chamar-me felicidade
Hoje sou e sou só saudade.

Da janela um barco a vela
Olho o riso das crianças
E garimpo uma esperança
Que não caia de quatro
À primeira paixão....
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Janelas d' minha alma

Hoje,
Cai em mim,
Foram longos minutos
Em queda livre.
Parecia não ter fundo.
Na queda, via e me via
Nas janelas d'minha alma.
Em cada janela,
Uma cena.
Em cada cena,
Um passado.
Em cada passado,
Um eu.
Um outro eu.
Eu era paisagem de mim.
Eu era o meu único destino.
E quando cheguei ao fundo
Estatelei-me no meu íntimo
E percebi que o meu mundo
Era mais fundo
Do que eu.


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Jardins de bougainvillea

Antes que o trem descarrile
Dos trilhos que trançam
E avançam em seus olhares
De maria-fumaça
É preciso que deixemos todos os lugares
Por onde a deusa-flor não passa
E desembarquemos nos confins
Dos jardins de bougainvillea.

Ah! Quero saber a primavera
Da mulher de quimera
Antes que o tempo me exile
E comece a era
Da mulher
Que se faz inverno e inferno
O quanto mais puder.

Ah! Antes que o dia afunile...
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29/11/2014 - Jaz

Eu daria tudo
Meu mundo
Meu teto meu feto
Minha nuca
Minha busca
Meus retratos
Meus fatos e contrafatos
Minhas partes
Meu todo
Minhas artes
Meu soldo
Meu Marte
Meus medos
Meus enredos
Meus casais
Meu apogeu
Por uma hora a mais
Com quem em meu eu
Jaz


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23/06/2014 - Jeito do mato

Eu tenho esse jeito do mato
Essa alma, de fato, caipira
Tenho seiva nos olhos
E água do ribeirão nas veias
Eu tenho pulmão de corruíra
E um retrato verde no fundão
Das retinas
E um cardume de lambari
Beliscando meu coração
Tenho pé de vento
E mão de violeiro
Vejo a lua como uma menina
Sinto o seu perfume
E a ela faço minhas toadas
E a chamo de namorada
Dando-lhe um buquê de vagalumes
E meus passos nesse estradão...
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Jesuítas

Ó coração desenhado na areia
De um mar que nunca existiu
Debate-se na cauda da sereia
Como jura de bem-me-quer.

Ó coração riscado na areia
Se infesta nas entranhas
Contidas nos sete véus
De uma lenda qualquer.

Ó coração tatuado na areia
Pulsa nas ondas de Netuno
Quebra-se contra os corais
E acaba no arpão de uma mulher.


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João da vida

Caminha, caminha João
De tantos joões pelo mundo
Que tem o mesmo destino
Ao final do mesmo caminho
Um aluno da vida, corcundo
De tanto olhar ao chão
caminha, caminha João.

Caminha, caminha João
Nas trincheiras da crise
Perambula às ruas
Nas súplicas suas
Tal qual a reprise
Da velha ilusão
caminha, caminha João.

Caminha, caminha João
Diplomado desempregado
Coroado de problemas
Pobre, nunca viveu um poema...
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17/10/2015 - Joga-se em mim

Vem pro meu lado que eu lhe seguro
Se pender pra cá juro que não vai cair
Deixa de ficar em cima desse muro
Nem todo encontro é pra se despedir

Olha, dos meus braços só escapa se quiser
Sou árvore verde, perfumada e sem visgo
Pode passar, pousar, ficar pássara-mulher
Fazendo de mim sua liberdade, seu abrigo

No meu balançado hei de lhe embalar
Não há o que temer; Larga de bobagem
Sem dar o primeiro salto nunca vai voar ...
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