Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 25 de 38.

01/01/2011 - Ama como primeiro mandamento

Ama. Ama sem medida e sem pudor. Ama como se hoje nascesse um novo criador. Ama sem pensar no que passou. Ama sem esperar demais do futuro. Ama de um jeito forte e seguro. Ama não contando os vinténs. Ama de cabeça erguida e braços abertos. Ama de coração partido. Ama sangrando. Ama se dando. Ama devorando a coisa amada com romantismo e heroísmo. Ama perdido no horizonte. Ama trazendo lanças, escudos e cavalarias. Ama a ferro, fogo e poesia.

Ama inventando que hoje é um novo tempo. Ama ao pé do ouvido e num pé de vento. Ama a qualquer hora sem fazer questão de espaço. Ama em teias e redes. Ama em labirintos. Ama em tragos de cachaça e absinto. Ama num céu de algodão. Ama entre a pele e o batom. Ama sutilmente e desvairadamente. Ama cuidando das feridas. Ama mordendo as maçãs. Ama de costela em costela. Ama girando pela espinha. Ama dos cabelos aos tornozelos. Ama, voa, caia e se aninha. ...
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03/12/2010 - A cor da saudade

Naquela mulher as linhas se alinhavam em destinos e desatinos como numa confecção particular. O maquinário moderno se mistura ao pedal da velha Singer que ficou num canto. Olhos de algodão. Palavras de tricoline. Braços de fita. Passos de gorgurão. Entre um ponto e um pesponto, as tesouras vão tentando cortar as cenas tristonhas e as fitas métricas vão medindo a saudade enquanto alfinetes se acumulam naquele coração que ora é de tecido ora é de carne.

Como é duro admitir que a vida fora do ateliê não é feita sob medida, tampouco cabe em moldes pré-desenhados. Os pais colocaram o pé na estrada deixando-a sem abraço sem boneca. Além do que um dos filhos habita outro mundo, a cachorra deixou de latir e o sogro já não vem. Os sonhos tiveram que ser reformados, remodelados, remendados, porém na sua camisa, de agora em diante, sempre hão de faltar alguns botões. Mas é preciso enfrentar essa vida que um dia é de seda, noutro de juta. ...
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29/11/2010 - Ainda se houvesse tempo...

Ainda se houvesse tempo, poderíamos amar um minuto mais. Ainda se houvesse tempo, batizaria seus sonhos como meus. Ainda se houvesse tempo, colocaria seus medos para dormir. Ainda se houvesse tempo, dançaríamos um minueto. Ainda se houvesse tempo, encenaríamos o nosso dueto. Ainda se houvesse tempo, semearia em seus ouvidos um último soneto. Ainda se houvesse tempo, selaria uma montaria alada. Ainda se houvesse tempo, inventaria um conto de fada. Ainda se houvesse tempo, carregar-lhe-ia por mais uns passos nessa estrada. ...
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21/11/2010 - A senhora não vai

Hoje é domingo e a senhora não vai à missa da Igreja de Nossa Senhora das Graças nas primeiras horas da manhã. Hoje é domingo e a senhora não vai quebrar o jejum, depois da hóstia consagrada, com um gole d’água e um copo de café preto. Café primavera. Hoje é domingo e a senhora não vai ligar o rádio nas estações sertanejas, tão caipiras como nós. Hoje é domingo e a senhora não vai ao mercadinho, não vai se vestir de linho, não vai colocar um pouco de açúcar no vinho. Hoje é domingo e a senhora não vai bebericar uma caipirinha na beira do fogão. ...
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16/11/2010 - A morte da mulher amada

Está consumado. (João 19:30)

A mulher amada não morre pela falência de seu corpo, mas de seu sentimento, ou melhor, do sentimento que carrega consigo. É como se o amor, tal erva parasita, tivesse usado o corpo dessa mulher como uma espécie de vaso. Chega um momento em que a planta se torna maior do que o vaso. Quando a planta é fraca, morre sem alimento ou ar. Mas quando a planta é forte, trinca e quebra o vaso, ganhando o mundo ao seu redor. Ao final de sua existência, que pode durar um dia, meses ou anos, a mulher amada está certa de que vive o seu fim. ...
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15/11/2010 - A vida da mulher amada

Ó Deus, ó meu Deus, repara em mim; por que me abandonaste? (Mat. 27, 46)

A vida da mulher amada é um jogo de espelhos, reflexos de glamour e sofrimento. Ao contrário de um conto de fada, o pranto de quem é consumida por uma sina maior do que seus sonhos e projetos: amar incondicionalmente. Amar além de dúvidas, de prazeres, de egoísmos num ritmo crescente. Amar independentemente de hora e espaço, de conteúdo e de traço, de caminho e de passo. Amar como coisa, como coisa amada. Amar como meio e também como fim, sendo instrumento permanente desse amor. ...
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10/11/2010 - A última noite

Se eu não me levantar da cama no horário de sempre, por favor, não me acorde não. Aliás, não faça qualquer movimento brusco senão aquele gerado por um beijo. Um beijo último. Não me venha com cobertas ou outras indumentárias. Não haverá mais tempo para sentir frio. Também não me traga copos d’água, remédios ou travesseiros. Se sede, dor ou caprichos surgirem pode ter certeza de que não serão mais de ordem física. Entretanto, mesmo se o meu coração não pulsar em sua mão, como de costume, saiba que o derradeiro pulso foi dedicado inteiramente ao amor maior que pode haver entre dois seres. ...
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31/10/2010 - Amor e eleição

No amor não existe direita ou esquerda, apenas amor. Amor não se restringe a uma só ideologia, não se acorrenta a uma só corrente, não cabe em uma só bandeira. Amor é plural. Amor é discurso, promessa e debate. Amor é político e, ao mesmo tempo, apolítico. Amor é propaganda. É preciso a todo instante tentar conquistar seu eleitorado, que contempla a criatura amada e seu círculo de confiança. Amor é obra, muita obra. É fundamental construir caminhos, alianças e vitórias. Amor é ficha limpa. Não adianta tentar esconder o passado, mas se já foi condenado ainda tem chance de buscar o perdão. ...
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27/10/2010 - Amor, amor, amor... amor

Amor, desesperadamente, amor, vem ao meu socorro porque morro de amor. Amor, não se negue amor, a socorrer um filho seu nessa selva de amor. Amor, amor, amor, preciso me alimentar de amor, amor demais. Amor que bom estar ao seu lado e poder contar com o seu fado no meu tango. Amor, por favor, amor, abençoa o nosso amor que nasceu do amor maior que há em matéria de amor. Amor, pelo amor de deus, não me acene adeus jamais. Amor, por favor, mata-me de amor antes de se indispor ao meu amor.
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24/10/2010 - Auxiliai

Hoje é dia de Maria. De Maria menina, aquela de olhos de quartzina. Hoje é dia de levar rosas à capela, de acender vela aos pés da santa que nos auxilia. Hoje é dia agradecer a uma força tanta, de rezar com lágrimas e nós na garganta. Hoje é dia de Maria. De Maria e seus auxílios, Maria e seus filhos. Hoje homens, mulheres e anjos cantam estribilhos à virgem das virgens. Hoje é dia de alegria, Maria. Hoje é dia de poesia, Maria. Hoje é dia de Maria, a sétima cavalaria que sempre se dispõe a nos salvar. Hoje é dia de Maria, senhora da estrela guia que se põe a brilhar. ...
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