Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 23 de 38.

23/08/2011 - Amor ou amor...

O amor é a lei suprema ou a quebra da lei. É o endereço ou o avesso do kharma. O amor existe ou insiste em não existir a olho nu. É a permanência ou impermanência do ser. O amor é infinito ou a condição finita de todas as coisas mundanas para alcançarmos as coisas sobre-humanas. O amor é plural ou a brusca experiência da singularidade. O amor é uma flor da consciência ou a faculdade da inconsciência.

O amor é a vontade de continuar amor ou a condução expressa para alguma coisa nova. O amor é concreto ou especulação. É a promessa de cristo ou o filho do anti-cristo. É a aceitação da escravidão ou a difícil tarefa de superar a condição egoísta de quem ama. O amor é a antítese ou a teoria paradoxal, é elitista ou proletário, é guerra ou paz. O amor vai de canção em canção ou se esvai em silêncio. ...
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25/07/2011 - A moça da televisão

A moça da televisão faz cena, não faz almoço, não rói pescoço, não limpa o chão. Ela só quer saber de nada fazer, de muito querer, de todo poder. Ela é dondoca, passa no cinema e nem come pipoca. Vive de dieta, mas não recusa cachê para beber coca. Ela vai às compras e não carrega sacola, pisa no mendigo e não dá esmola. Ela não gosta de futebol, mas pro jogador do momento ela dá bola.

A moça da televisão ora está namorando ora ficando ora casando ora separando, num vai e vem do coração. Ela não sabe o que quer, na verdade abusa da sua natureza de mulher. Não planta uma semente sequer, mas gosta de receber flores. Não gosta de sofrer, mas adora encenar uma mocinha às voltas com suas dores. Só admite fotos do seu perfil direito, mas pra certa revista se mostrou de todo jeito. ...
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24/07/2011 - Aceita esta vela...

Olhando o céu da janela, acendo-lhe esta vela, como quem apela por um destino menos cruel. Ó mãe, mãe de todo auxílio, tira de mim essa favela de sentimentos. Pega esta chama, que lhe ofereço, de bom grado, com todo apreço, e me afasta de uma vez dos maus pensamentos, da escuridão, do tormento. Ó mãe da estrela que cheira a jasmim, roga por mim, por minha lucidez. Livra-me das balas de festim, da sequidão carmim, da fúria do espadachim e do nanquim daqueles que querem escrever meu fim.

Acendo esta vela junto as três marias - Maria mãe, Maria rainha, Maria auxiliadora - buscando alento. Daqui, fico a ver seu manto de vento, colorido de azul, cobrindo boa parte do horizonte. Vejo a sua fronte, orvalhada, iluminando a estrada daqueles que se apegam a ti. Observo, pelo reflexo dos vidros da janela, o meu olhar de servo, em oração. Fico a imaginar os anjos lhe circundando, as virgens cantando e os santos se ajoelhando conforme vai passando. Passando e abraçando chamas, flores e preces. ...
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05/07/2011 - Angus Mac Oc

Botox? Lipoescultura? Peeling? Ao contrário de abusar dos tratamentos estéticos e achar que tudo acaba em plástica, ela rezou por beleza e juventude. Foi muito além das simpatias que estampam as revistas de fofoca. Não rezou por um santo ou por uma das tantas denominações de Nossa Senhora. Também não apelou para os anjos mais distantes ou para os demônios mais próximos. Foi ainda mais longe.

Não sei onde aprendeu fazer isso, mas rezou para Angus Mac Oc em uma língua estranha. Era devota fervorosa do deus da juventude e da beleza dos celtas da Irlanda antiga. Ela nunca cruzou o atlântico, mas se considerava parte daquela civilização mágica. Assim como Angus Mac Oc transformava seus bejios em pássaros para transportar suas mensagens de amor, ela dava asas aos seus pedidos. ...
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11/06/2011 - A chuva recriadora

De repente, começa a chover na mulher da estiagem. Que os amantes cavem, remexam e revolvam a flor da pele dessa mulher para que os poetas possam semear o amor. Úmidos, os sentimentos dessa mulher tendem a brotar com força, rompendo as sete camadas de solidão. A época de sonhos secos, mirrados e agonizantes acabou. Tem início o nascimento de um tempo de fartura, espalhando uma primavera fora de época pelo horizonte que a contempla. Raios a cortam iluminando-a em lampejos à santa Bárbara, em promessas à santa Clara. ...
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10/05/2011 - As pílulas de minha avó

Hoje, em especial, se minha avó estivesse aqui, com um riso meio que tímido meio que inseguro nos lábios, traria algumas pílulas na mão. Não me refiro às pílulas de farmácia tradicional ou de manipulação, tampouco pílulas coloridas, sintéticas ou efervescentes, porém, pílulas de papel. Não eram pílulas receitadas por um médico ou, por um farmacêutico ou por um desses programas de televisão. Eram pílulas mágicas, segundo ela. Não tinham bula ou maiores inscrições. Só existia uma indicação: era preciso tomar com fé e confiança. E serviam pra quê? Pra absolutamente tudo, tanto para as dores do corpo quanto para as da alma. ...
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07/05/2011 - A ausência das estrelas cadentes

Por onde caem as estrelas cadentes que ninguém mais vê? Corpos celestes em plena e total queda livre, desafiando a lei da gravidade. Estrelas ausentes que deixam saudades no céu e nos olhos que acompanham sua trajetória oblíqua. Por onde caem as estrelas que roubavam o protagonismo da luta, que embaralhavam os olhares dos casais apaixonados, que recebiam pedidos das mais diversas ordens?

Estrelas que deixavam um traço entre o prateado e o dourado no céu. Estrelas de cortes flamejantes, que deslizavam rasgando a pele negra do universo. Estrelas que pintavam o infinito de amarelo-laranja-violeta. Estrelas que morrem por uma causa, por um capricho, por um prazer. Se considerarmos que essa atitude de cair se assemelha a um suicídio poderia afirmar que as estrelas estão mais felizes, sem motivo para a queda....
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02/05/2011 - A morte de Bin Laden

A morte de Bin Laden não abalou a rotina de bilhões. A morte de Bin Laden não mudou a cor das flores do jardim. A morte de Bin Laden não estancou o choro das crianças com fome. A morte de Bin Laden não trouxe outros mortos de volta. A morte de Bin Laden não mudou o que os apaixonados sentem um pelo outro. A morte de Bin Laden não inventou outro gênero musical. A morte de Bin Laden não modificou as fronteiras dos países. A morte de Bin Laden não calou a saudade dos que sentem falta de algo ou de alguém. ...
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29/04/2011 - As filhas dos pais

Numa mesma quinta feira perdida no final de abril morreram as filhas dos pais. Podiam ser chamadas assim essas mulheres nascidas de uma poesia de Vinícius de Moraes, de um discurso de Leonel Brizola. Independentemente das tentativas, nenhuma das duas conseguiu superar a fama de seus criadores. No fim das contas, só aumentaram a lista dos casos em que o sobrenome fala mais forte que o nome.

A filha do político, Neusinha, enveredou pela carreira artística e teve uma série de desentendimentos públicos com o pai por causa das drogas e um ensaio de nudez para uma revista famosa. Chegou a ser presa. Morreu no hospital por complicações pulmonares assim como o pai. Os pulmões da cantora silenciaram. Uma morte simples para uma mulher que, entre outras extravagâncias, já encheu uma banheira com champanhe para tomar banho. ...
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27/04/2011 - Ajude-se

Quando tudo der errado, vire pro outro lado e comece de novo. A voz do povo nem sempre é a voz do coração. Troque a direção pra que tudo ganhe sentido. Ao contrário de encarar o tempo como perdido, veja-o como um achado. Mude o rumo pra ajeitar o prumo. Se sua hora não for boa, vá embora e volte depois. Se sozinho não dá, tente a dois. Se as coisas não saírem conforme a encomenda, ofereça assim mesmo o melhor de si aos céus como uma perfeita oferenda. Quando o sentimento é bom ele nasce até mesmo na fenda de uma pedra e suporta a maior das quedas. ...
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