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Encontrados 111 textos. Exibindo página 1 de 12.
20/11/2008 -
Tá tudo molhado em mim
Tá tudo chovendo em mim. Tá tudo molhado, tudo encharcado, tudo alagado em mim. Como se o meu tempo fosse um temporal de mim. A água afundou meus pensamentos, meus sentimentos foram destelhados e só me resta os acenos de um barco de jornal que passa ao meu lado. A estrada virou enxurrada. E eu esqueci meu guarda-chuva em alguma chuva passada. E se a chuva for ácida? Eu sou filho da margem plácida...
Estou cheio de lama, estou de cama, estou pra lá de quem ama. A chuva é pranto e eu to sofrendo tanto, mas tanto. A chuva tombou a plantação de sonhos que brotara em mim. A chuva deixou vermelho meu lago interior. A chuva abriu buracos no meu terreno de dentro. A chuva derrubou as flores, estragou os frutos, carregou as sementes para longe, para longe, para longe dos meus sulcos. Que horas, que horas, que horas são ò cuco?...
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19/02/2016 -
Também vou por aí
Pra onde vão as abelhas quando as flores secam? Pra onde vão os elefantes quando estão desenganados por eles mesmos? Pra onde vão os cometas quando nossas vistas não mais os alcançam? Pra onde vão os peixes depois da correnteza? Pra onde vão as estrelas depois que elas apagam? Pra onde vão as crianças quando o corpo cresce? Pra onde vão as músicas quando o silêncio desce? Pra onde vão as formigas quando chega o concreto, o piso, o asfalto? Pra onde vão as águas depois da chuva? Pra onde vão os amores quando começa a reinar a solidão, a vontade de ficar sozinho, de trilhar só o seu caminho? Pra onde vão as preces depois que elas deixam a boca, a mente ou o coração? Pra onde vão as nuvens quando são esparramadas pelo vento? Pra onde vão os sonhos quando não são realizados, quando dão em nada, quando se desviam da nossa estrada? Eu não sei, não sei não, mas eu também vou por aí.
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Tango na sapucaí
O calendário mudou, mas como diz a letra de um samba, nada de novo. Bin Laden continua desaparecido; Roseana Sarney continua sem conteúdo; Silvio Santos continua com o sorriso aberto; Índia e Paquistão continuam as ameaças nucleares... Com toda essa "continuação", se não se falasse tanto em carnaval, diria que ainda estamos em 2001.
Isso mesmo! Começaram os preparativos para o carnaval, ou melhor, para aquilo em que se transformou o carnaval (retomarei o tema num artigo futuro). Apesar do grande número de acontecimentos pendentes do ano passado, a mulata globeleza está no ar....
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Tanta espera que se finda
Tantas esperas. Tantas hipóteses. Tantos sonhos. Os últimos meses dedicados a esse momento. Vivi em função desse momento. A cada dia esse momento parecia mais próximo. A cada dia construía novos momentos dentro desse momento que começa a nascer agora. Um parto difícil, porém essencial. O momento precisa ganhar vida, uma vida concreta que vá além das minhas fantasias. Um momento que pode vir a ser tudo, ou nada ou ainda viver em função de alguma esperança. Num primeiro instante, o momento não visa conseqüências, apenas a causa. E embora pensem o contrário, estamos bem preparados para enfrentar esse momento. Não precisamos ter medo, ao contrário, devemos ter alegria em compartilhar esse momento. Momentos com essa proporção não existem a todas as criaturas. Somos privilegiados. Não devemos nos calar diante dele. Devemos deixar tudo de lado e viver esse momento de forma única, não se importando com o que venha a ocorrer depois. Infelizmente, o momento chegou de forma não prevista, mas quem é que prevê esses momentos? Queria fazer de outro jeito, mas agora terá de ser assim. Tudo que ouviu até agora foi dito por outras bocas. Tudo o que ouvi de você foi o silêncio. É mais do que necessário colocarmo-nos olhos nos olhos. Não adianta fugirmos desse momento e nos afogarmos num mundo de suposições. Sei que compreende o valor desse momento. O momento chegou. Sobre o momento, sei o mesmo que você. Momentos assim são espontâneos, não há como os definir com antecedência. Assim, teremos de enfrentá-lo juntos. Não me diga nada agora, o ambiente não é propício para isso. Se puder, o ideal é que esse momento nasça ainda hoje. Para o momento, só resta o parto. Não dá mais para adiar, o momento se faz presente. Acima de tudo, do que pensa sobre mim, do que falam sobre mim, sobre meus atos, saiba que creio em você.
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05/05/2013 -
Tão longe
Longe de tudo o que sou, aqui estou. Longe da minha infância, sou esperança. Longe da minha cidade, sou realidade. Longe da minha canção preferida, sou silêncio repetido em refrão. Longe da minha terra, sou aquele que erra. Longe da minha escola, não dou bola. Longe da minha paisagem, sou saudade e miragem. Longe do meu porto, sou vivo, sou morto.
Longe da minha memória, sou o futuro da história. Longe do meu quintal, sou açúcar sem sal. Longe da minha rua, sou cavaleiro em busca da lua. Longe do meu enredo, sou segredo. Longe do meu terreiro, sou mensageiro. Longe das minhas paredes, sou peixe morrendo na rede. Longe dos meus afazeres, sou outros dizeres. Longe de mim, sou pássaro carmim. ...
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05/11/2015 -
Tão nós
Galinha e milho. Queijo e goiabada. Ovo e ninho. Passos e estrada. Cobra e veneno. Grande e pequeno. Céu e nuvem. Caça e caçador. Ferro e ferrugem. Espinho e flor. Cama e lençol. Fá e sol. Amor e perdão. Sim e não. Chuva e sementeira. Algodão e linho. Pau e fogueira. Corda e pinho. Manga e fiapo. Remendo e trapo. Angola e Luanda. Trem e trilho. Coreto e banda. Mãe e filho. Fome e jabuticaba. Mágica e abracadabra. Arroz e feijão. Óleo e fritura. Amor e paixão. Fé e cura. Mina e água. Passado e mágoa. Cachorro e osso. Beijo e arrepio. Cheiro e pescoço. Solidão e vazio. Achados e perdidos. Apertos e gemidos. Pele e coração. Voz e violão. Verde e rosa. Ponteiro e hora. Poesia e prosa. Ontem e agora. Sal e açúcar. Fronte e nuca. Porta e janela. Parede e rede. Tesouro e sentinela. Fome e sede. Delírio e realidade. Certeza e saudade. Retrato e lembrança. Onda e mar. Roda e criança. Pregos e tear. Rato e queijo. Sonho e desejo. Mãos e anéis. Telas e pincéis. Encantos e olhos. Seriedade e meninice. Saias e suspensórios. Ciúmes e tolices. Promessas e enxovais. Futuristas e ancestrais. Bobos e apaixonados. Distantes e perto. Juntos e separados. Chão e teto. Verso e rima. Metades e obra-prima. Disco e som. Noite e lua. Boca e batom. Minha e tua. Que e porquê. Eu e você.
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18/01/2011 -
Tão perto e tão longe do Natal
Ainda é janeiro e os papais-noéis sumiram das ruas, das lojas, das casas. Onde se esconde o bom velhinho? Pólo Norte? Lapônia? Belém? Tão pouco tempo nos dista do Natal e ninguém fala mais em presentes, em peru, e m árvores, em enfeites, em luzes que imitam estrelas, em espírito natalino.
É como se Noel nunca tivesse existido. Ninguém sabe dele, não há qualquer sinal de sua passagem. Algumas crianças brincam com brinquedos supostamente trazidos por ele, mas já pensam no que querem ganhar no próximo Natal. Tudo é de uma brevidade tamanha a ponto de transformar o Natal e seus feitos em itens completamente descartáveis. ...
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19/07/2014 -
Tão só, mas tão só
Fiquei só. Tão só. Mas tão só... Cato frases de amor já não ditas espalhadas pelo chão pós-vendaval. Alimento-me dos pedaços de um passado tão apaixonado que não teve chance de ser presente, quiçá futuro. Ando entre o que fui e o que não pude ser, pois já não sou. Já não sou nada além de só. De um ser só. De só ser meu só. E, por favor, não tenha dó. E, por favor, não esmole amor. E, por favor, não me impeça de viver no ontem, pois o hoje não tem graça, pois o hoje não tem sentido, pois o hoje não tem valor algum a quem agora é só mais um nenhum. Eu colo fotografias rasgadas. Eu emendo as linhas do destino. Eu reúno previsões, profecias e desejos num espelho só. Eu tento entender na minha fraca filosofia, na minha ultrapassada ideologia, na minha cega fantasia, o que houve para ser assim: tão só quão fim. Fiquei só. Tão só. Mas tão só. Que minha poesia bate (e se debate) numa só nota: dóóóóóóóóóóó.
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14/02/2012 -
Tardes na janela
Louco de amor e de aflição, eis como eu levo os meus dias chuvosos de poesia, separado por quadras e eixos paralelos e perpendiculares da mulher que fia o meu destino em seu tear de paixões e incompreensões. As tardes surgem como pinturas de manicômio no vidro da minha janela. Lá fora o mundo real parece um borrão. Vejo as ilusões caminhando pelas ruas, os sonhos crescendo nos jardins e as esperanças se cristalizando como pedra nos olhos de quem tenta enxergar além das nuvens escuras.
Nesses dias de chuva, o céu ganha um riscado de baile. Tudo parece estar em movimento numa dança que não cessa. Um balé de folhas de árvores e de cadernos promovendo desenhos abstratos no chão e crônicas de um amor caudaloso em livros ainda não escritos. As cores se realçam, as formas se confundem, as sombrinhas formam outra dimensão. Tudo inspira um romantismo desmedido, redimensionado no mais puro sentido do afeto e do querer perto. ...
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Tardes que tardam
O sol se põe em solidão. Não sei o que ocorre com as tardes, que são tristes por si só. As manhãs, as noites, as madrugadas... Todas podem ser tristes, mas as tardes não são por razão de escolha, são pela simples razão de ser. Nas tardes é que o corpo parece cansado de tanta vida. Na tarde é que surgem as lembranças. Na tarde surgem todas as dores passadas. Nas tardes é que inventamos de ouvir aquela música, que vamos ler aqueles escritos que ficam guardados esperando não sei o quê.
Tarde. Talvez seja a sensação de que o dia se vai, o tempo passa contra a vontade e que não conseguimos fazer o que queríamos. A sensação de que não somos o que sonhamos ser. Sonho. Na tarde é que nos embriagamos de tantos sonhos e nos decepcionamos, talvez porque acordamos cheios de esperança, uma esperança que cai como grãos de areia numa ampulheta. ...
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