Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 24 de 38.

26/04/2011 - Amar é...

Amar é nascer outra vez a cada ato de amor. É ressuscitar sentimentos mortos. É alçar vôos improváveis. É remediar o que não tem remédio. É se entregar ao desconhecido de livre e espontânea vontade. É ser maior que o próprio medo. É mudar de nome, de sobrenome, de história. É amanhecer cantando e anoitecer chorando de saudade de alguém. É ter uma série de motivos para se motivar. É inventar estradas e reinventar caminhos. É parir, escrever e plantar...

Amar é conversar com deus ou com deusas. É enciumar da lua só porque ela não apareceu inteira pra você. É dividir suas coisas, suas falas, seus lábios com outro alguém. É se perder nas nuvens. É se esquecer do óbvio. É escutar repetidas vezes a mesma música. É fazer comidinhas e outras carícias numa plena e pública demonstração de afeto. É desejar bons sonhos e torcer para estar neles. É pedir mais por alguém do que por você. É sorrir, sofrer e dançar......
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25/04/2011 - Abril, maio, junho...

Abril se prepara para sua despedida. Vive os seus últimos instantes antes de voltar à fila. Sim! Os meses do ano, assim como os signos, ficam em fila indiana se preparando para reinar por trinta ou trinta e um dias. Exceto fevereiro, que por algum castigo, reina um ou dois dias a menos. Nessa fila, os meses conversam sobre seus feitos, disputam holofotes e discursam sobre acontecimentos. Quem nasceu, quem morreu, quem ganhou, quem perdeu, quem se apaixonou e quem se separou durante seus dias.
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13/04/2011 - Amor e revolução

Amor se faz com revolução. Aliás, com incontáveis revoluções internas e externas. Ou melhor, o amor é a própria revolução contínua que nos habita do primeiro ao último dos nossos dias. Amor se faz com paixão e guerra. Amor se faz com poesia e com Chico Buarque, com Caetano Veloso, com Milton Nascimento, com Nara Leão. Amor se faz com flores e fuzis. Amor se faz com tortura – afinal, o que dizer da saudade, do ciúme, dos golpes e atentados que pavimentam a nossa estrada amorosa?

Amor, que é amor, transforma, modifica, altera, revoluciona mundos. Amor se faz com protestos e com muita opinião. Amor se faz com fugas, com estratégias e, sobretudo, com resistência, seja ela armada ou não. Amor se faz com doses de ilegalidade, de aventura e coragem. Amor se faz com nascimentos e mortes, sejam eles de pessoas ou lugares ou tempos ou sentimentos. Amor é uma pátria que se quer livre. Amor é o milagre da sobrevivência coexistindo entre o pecado e a penitência. ...
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25/03/2011 - A mulher e as trovoadas

Quando ela ouve o ronco da trovoada, estremece-se toda. Sua pele treme, sua boca empalidece e seu olhar entonce querendo colo, abrigo, defesa. Quando o céu faz zoada, como um zangão gritando mel, ela se esquece até das palavras daquela oração que aprendeu quando ainda usava véu. Seu corpo fica ouriçado, frágil e assustado ao mesmo tempo. É só um trovão, mas ela corre como se corresse de um leão.

Se eu fosse anjo desceria pelos relâmpagos como um cavaleiro só para confortá-la em minhas asas. Mas eu sou demônio e, nesse caso, chamo mais e mais trovões para que ela enlouqueça e padeça em mim. Não que ela mereça tanto sofrimento, mas eu a mereço num sentimento bruto e sem fim. E os trovões vão deixando-a nua de histórias e memórias. E mesmo não cultuando os céus, não escondo que dou glórias e mais glórias a cada estrondo. ...
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22/03/2011 - A morte, o que será?

Se deus é sinônimo de vida o que é a morte? A antítese divina? E quem é a antítese de deus? Lúcifer? Acho que não. Aquela figura lendária que vaga entre os moribundos com capuz negro e foice, ceifando a vida dos humanos está atrelada a deus ou ao demônio? Por que o criador iria matar sua criação? Não faz sentido. Por que o diabo iria matar sua fonte de pecado, se o inferno é vivido na crosta terrestre? Também não faz sentido. Será a morte o elo perdido entre deus e o diabo?

Quem ou o que é a morte afinal? Se a morte não é deus pode-se dizer que é tão antiga quanto ele, ou até mesmo que ela o precede na linha do tempo. E, sendo assim, deus e morte duas criaturas antagônicas, o todo-poderoso pode morrer. Difícil imaginar isso, mas há um duelo incessante entre a vida e a morte, entre o começo e o fim, entre a luz e a sombra. E perguntas não se calam: deus venceu a morte ao ressuscitar seu filho? O diabo compra almas para continuar vivo? ...
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17/03/2011 - Araticum

Depois da pinha, da fruta-do-conde, da atemóia, fui apresentado ao araticum, também conhecido como ariticum. O fruto estava ali me esperando já há alguns anos em uma banca de camelô. Seu tamanho de quilo e sua casca verde-amarronzada sempre me instigou. Depois de muito relutar, decidi levar para casa mais essa iguaria do cerrado, com sabor tão típico quão o pequi e o caja. De pronto, o cheiro infestou a casa. Dormi levado pelo perfume do ariticum.

Dormi sem saber que o araticum é uma árvore do tamanho de uma laranjeira e cuja folha lembra a do limoeiro. E mesmo assim, sabendo quase nada, sonhei que estava no meio de um imenso pomar dessa árvore. Eu corria de pé em pé, apalpava os frutos e entregava minha boca ao sabor de cerrado daquelas sementes carnudas. De repende, estava caminhando a passos largos por uma polpa macia e arenosa, no doce-azedo tipicamente silvestre de um araticum gigante. ...
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09/03/2011 - A velha do cinzeiro

Eulália, moça magra e de muito desembesto, carrega a filha no colo pisando largo num caminho de pedregulhos cercado por espadas de São Jorge e de Nossa Senhora. Essa última, ao contrário da outra, tem uma moldura amarela. A pequena Talita, que nasceu amorenada, tava pálida, meio esverdeada de dor, de quebranto, de susto. Falavam que ela sofria de bucho virado, de olho gordo, de mau jeito. A mãe não acreditava nessas coisas, mas de tanto ouvir conversa alheia, acabou por amarrar uma fitinha vermelha no braço da menina e alfinetar uma medalhinha de São José na roupa da pequena. Se o problema não tivesse tão adiantado essas medidas podiam ter resolvido a questão. Mas... A menina chorava sem parar, posição alguma estava boa o suficiente. Chorava de perder o fôlego. Tava inquieta, ranheta, mole e quente. A febre não cessava com compressas e antitérmicos. Deixou de lado as bonecas, os iogurtes preferidos e uma manta com cheirinho de morango que ganhou de um tia. Veio junto com um urso cor de rosa que dormia junto dela no berço. ...
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01/03/2011 - A justiça deveria...

A justiça deveria não ter cor, forma, sexo, idade, classe, credo. Deveria ser paratodos e não para um ou alguns. Deveria ser imparcial, como pregam os filósofos e os espessos livros de direito. A justiça deveria estar em todos os lugares, como uma espécie de Deus onipresente. Deveria não ser cega. A justiça deveria olhar, sem vendas e com olhos bem abertos, tudo e todos, sem distinção ou preconceito.

A justiça não deveria estar sob o poder de poucos. Deveria deixar os pedestais e gabinetes e ser feita nas ruas. Deveria não se esconder atrás de capas e togas e vir nua, de peito aberto. Deveria não servir como mercadoria ou se render ao jogo político. A justiça deveria deixar de juridiquês e falar de uma vez a língua dos homens. Deveria ser mais concreta do que abstrata, mais social do que institucional, mais justa do que injusta....
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02/02/2011 - Anúncio de carnaval

Quem é a mulher que entra no carro como se fosse Cinderela. Ao ritmo de Phill Collins, joga suas tranças pela janela. Assim, sonhos e poesias trançados em sua cabeça vão ganhando estrada. Conversa de leis, quebra normas, escreve uma nova constituição enquanto dá trela à bela que reflete no espelho. Será mulher ou a materialização do verso de um poeta esta que agora pede carona e se ajeita na poltrona e ressona. Em poucos minutos se torna dona dos meus enredos e medos.

Quem é a mulher que escorre as pernas pelo assento, que se alimenta de vento como cata-vento? Quem é a mulher que canta uma canção enquanto verseja que sim e que não? Quem é a mulher que cruza o meu caminho no meio da rua e fala de destino no signo da lua? Quem é a mulher que não fala de onde vem nem para onde vai? Ela se torce, se contorce, toma posse dos meus olhares. Ela está ao meu lado, à frente, atrás, enfim, em todos os lugares. ...
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07/01/2011 - art nouveau

Mulher de negócios, cosmopolita, vibrante, capital dos meus sonhos. Milhões e milhões de sonhadores habitam sua alma, desejam seu corpo. Mulher nascida em berço de ouro e criada nas ruas da ilusão. Mulher de beijo bilíngue, olhos escritos em francês ou monegasco, braços e pernas de compassos de aberturas mil. Mulher de pensamentos ultramodernos e fantasias pitorescas.

Mulher agradável nas noites de verão e essencial nas noites de inverno. Quantos baristas, floristas, cosmonautas, escafandristas, toureiros e turistas tatuam sua pele passando para lá e para cá num correr sem fim. Passam com lamparinas acesas e quartos de lua imersos no suspense de uma penumbra. Mulher de leitos e tumbas. Mulher de emoções fundas. ...
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