01/01/2011 - Ama como primeiro mandamento
Ama. Ama sem medida e sem pudor. Ama como se hoje nascesse um novo criador. Ama sem pensar no que passou. Ama sem esperar demais do futuro. Ama de um jeito forte e seguro. Ama não contando os vinténs. Ama de cabeça erguida e braços abertos. Ama de coração partido. Ama sangrando. Ama se dando. Ama devorando a coisa amada com romantismo e heroísmo. Ama perdido no horizonte. Ama trazendo lanças, escudos e cavalarias. Ama a ferro, fogo e poesia.
Ama inventando que hoje é um novo tempo. Ama ao pé do ouvido e num pé de vento. Ama a qualquer hora sem fazer questão de espaço. Ama em teias e redes. Ama em labirintos. Ama em tragos de cachaça e absinto. Ama num céu de algodão. Ama entre a pele e o batom. Ama sutilmente e desvairadamente. Ama cuidando das feridas. Ama mordendo as maçãs. Ama de costela em costela. Ama girando pela espinha. Ama dos cabelos aos tornozelos. Ama, voa, caia e se aninha.
Ama desconhecendo os conceitos. Ama fazendo do amor sua estrada, seu leito, sua cova. Ama na trova dos trovadores, da cena dos atores, no refrão dos cantores. Ama revirando saudades. Ama ateando brasa às estrelas do céu. Ama alimentando as feras que há em você. Ama desobedecendo à ordem cronológica dos acontecimentos. Ama suportando a dor desse amor sem fazer uso de ungüentos. Ama desconsiderando o triste fim desse amor. Ama mais e mais fingindo que não acabou.
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