Daniel Campos

Texto do dia

Imprimir Enviar para amigo
25/02/2009 - O realejo da quarta-feira

São sombrinhas de frevo
Perdidas pelo chão
É um sol que nasce em trevo
Querendo sorte, novo cristão
É uma sandália que arrebentou
É uma fantasia que rasgou
É uma promessa de felicidade
Eterna e vazia
Que ficou
Pela cidade

O céu nasceu com borrões de cinza
Os olhos entristeceram em torrões de cinza
Os foliões desbotaram em tons de cinza
E o amor arde em cinzas
Depois de queimar até o fim
E o que é o fim?
Quem haverá de soprar nossas brasas?
Quem haverá de pregar botões de rosa
Em nossas casas?
Roga, ai, roga
Ás quaresmeiras que quaresmam
Quaresmantes pela quaresma
Elas sabem o que dizer
Elas sabem o que fazer
Elas sabem florescer
Um dia depois de outro dia
Depois das cinzas da folia

As igrejas se vestem de um roxo lilás
E também choram o seu calvário
A moça se benze diante do rapaz
E o que era desejo vira pecado
Queimam-se as páginas do diário
Da festa e pelas frestas
O amor é condenado
A ficar longe das luas
E a folia escorre pelas ruas
As cinzas de seu cortejo
Passa triste e cabisbaixa
Escondida na caixa
De um realejo.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar