27/02/2009 - La Mortadella
Eu vou ao Mercado Municipal comprar quilos de ação de pão com mortadela. Pães e frios sobem como foguetes de São João nas bolsas e nos bolsos. Quero virar empresário do sanduíche mais popular dos populares. E se Jânio Quadros voltar, pode sentar no chão, e comer quantos quiser porque pão com mortadela deixou de ser coisa de pobre. Agora é luxo só. Ta nas vitrines das confrarias cinco estrelas, nas mesas à beira da piscina e de papo com o caviar nas mesas de festa. Olha só, ninguém sabe até onde o pão com mortadela vai chegar.
O quilo já passou dos muitos reais. As fatias estão mais finas. E as peças vêm do estrangeiro. E a mortadela já virou iguaria na cozinha da madame, com livro de receita e tudo mais. É farofinha de mortadela. É espaguete ao molho de mortadela. É quiche de mortadela. É mortadela fria e crua, assada, frita, empanada e até, ensopada. É mortadela no café da manhã, no almoço e no jantar causal, presidencial e até, nupcial. Tem gosto de infância ao ponto de me fazer voltar a ser criança.
Quem ia esperar que a mistura de carne de diversos animais, mais cubos de gordura e pimenta preta pudessem dar tão certo. São dois mil anos de história em torno dessa peça gastronômica. E se antigamente a mortadela foi ofuscada por Sophia Loren em um filme chamado La Mortadella, hoje a iguaria já ganhou status de celebridade. A mortadela está na moda dos paladares e das cifras. E não há nada melhor para combater a crise do estômago do que investir em pão com mortadela. Mercado Municipal, aí vou eu.
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