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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 217 de 248.
Soneto do pássaro de orfeu
Tudo nessa vida é só e só ilusão
Ilusão de quem tece o amanhecer
Que amanhece no dó de uma canção
Que assovia bocas de amor e sofrer
A vida é o violão que num longo braço
De aço casa em casa se põe a chorar
Porque mestre orfeu, deus ritmo compasso,
Perdeu eurídice ao samba de além-mar.
Quem canta chora o choro de um ateu
Quem chora canta o canto de rapina
Porque a música é o pássaro de orfeu
Doravante a vida é nota partida...
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Soneto do pastoreio
Falei. Foi de amor eu sei que pequei
Quanto pecado em nossa última vez
Esperei. Você se escondeu e eu me dei
Num tempo vil que depois nos desfez
Você para lá. Eu para cá. Sozinhos
E agora eu parto à procura de um parto
Buscando o segredo do pergaminho
Feito na língua do pecado. Mato
Em nome de uma tentação traidora
Que se converteu toda sedutora
Aos ouvidos de um padre inquisidor
Não sei se é exorcismo ou fio do destino...
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Soneto do perigo
Mesmo com toda a dor, todo perigo
Mesmo com toda palavra não dita
Mesmo que a solidão esteja contigo
Por maior a descrença, faz-se bonita
Mesmo que o sonho caminhe ferido
Mesmo que o medo nasça com a lua
Mesmo que o amor se dê por vencido
Por maior as barreiras, é linda nua
Se lhe faltarem asas, desce ao chão
Se lhe faltarem céus, decresce ao fundo
Do nosso mundo e encontra uma razão
Para seguir em frente face aos ventos...
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Soneto do relógio
Os ponteiros tropeçam, quase param
O sol não cede seu lugar à lua
Os bois do relógio a saudade aram
E até minha alma tarda a ficar nua
O pêndulo fraqueja em balançar
O céu cronometra o vôo das estrelas
O cão de lá rosna ansioso de uivar
E o moço chora às moças por não tê-las
As batidas do relógio não soam
O sol tenta por fogo na cidade
A tarde corre e as cigarras caçoam
E vem o silêncio e o não movimento...
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Soneto do submundo
O amor é sombra negra, o vão e o alçapão
De um tempo triste que de amor insiste
O amor é um deus ateu é o céu que não existe
É fingidor e ainda o amor é ladrão
Ladrão do despudor que dá na gente
Ah pega! Pega o ladrão que nos furta
Os sonhos de creme e geme na curta
Duração do teu suspiro poente
O amor é o melhor disfarce da morte
Morre-se por amor todos os dias
Morre-se no azar e na própria sorte
Morre-se na poeira que nos sufoca...
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Soneto do tesouro pirata
Quando eu, meu amor, descer pelas escadas
Do medo, suba à cauda de um pecado
E entre os tantos desencontros da estrada
Vamos ver quem chega primeiro ao lado
Da felicidade que foi escondida
Dentro de um baú de tesouro pirata
Lá na ilha escondida caída perdida
Onde nenhum sonho altaneiro atraca
Quem achar primeiro essa divindade
Que reparta e doe ao outro o suficiente
Pra derrubar o reino da saudade
Que navega feito a grã-capitã...
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Soneto do trem
Tem dias em que se acorda e corre aos trilhos
Dormentes e correntes da estação
Que dá lá no fundo do sol de milho
Que atiça e iça a nossa imaginação.
Corre sem despedidas nem bagagem
Corre paralelo ao trilho que escorre
Que vai e vem e vai cortando paisagem
Em destinos tortos, mortos de porre.
De repente o azul, de repente o apito
E vem o trem do sul e seus vagões
Gemendo aflito nosso amor em grito
Corre uma gente que sobe e que desce...
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Soneto do vazio
Não somos sequer alguma memória
Despojados na carne sem valor
Nada sabemos, não cremos em glória
A vida nos envolve sem pudor.
Somos candelabros da escuridão
Tantos braços conhecem nossos passos
Tantas bocas nos abrem em canções
Quando não há tempo quiçá há espaço.
Pertencemos sem nos ter pertencido
Presenciamos a curva do destino
Na embarcação do último desatino.
Parece que somos sem ter vivido
Existe uma solidão e um desprazer...
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Soneto do velho oeste
A mocinha fugiu com o bandido
E o mocinho vulgo herói sozinho
Ficou ao fim das páginas do caminho
Onde o final feliz fora banido
Da história que todos têm na boca
Onde o bem-estar sempre vence o mal
E a morte do bandido é natural,
Mas eu quero a fantasia ainda mais louca
Quero ser o teu maldito vilão
Quero fazer-te as melhores ruindades
E ainda viver de morrer de paixão
Quero um romance de contos-de-bruxa...
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Soneto do vendaval
O vento suspira impiedosamente
Roça a face em face ao triste passado
Assobia e leva desvairadamente
Lendas e romances de um baú fechado
Sopra em mim mágoas perdidas e cruas
Tirando-me as vestes do sentimento
O vendaval varre e devasta as ruas
E das lembranças surge o esquecimento
Fujo, mas o amor é uma hemorragia
Das bravas que eu, pobre poeta, não venço
Tombo e me entrego e me vou à ventania
Um furacão negro envolve o meu corpo...
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