Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 216 de 248.

Soneto do distante

Se amanhã tiver os mesmos olhares
Nada direi, já conheço os dizeres
O sabor esquivo dos seus prazeres
E todo o rosário dos meus pesares

Mas se vier com o silêncio restante
O que ainda pulsa num canto do quarto
Abandonado logo após o parto
Far-me-ei tão perto mesmo distante

Podemos ser milímetros a sós
Ouça o que a vida pretende de nós
Se é canção de amor ou de separação

Por favor não fale mais nada escuta...
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Soneto do éden

O seu pecado é morder a maçã
Do medo pondo fim ao paraíso
Que ainda vive da falta de juízo
Existente entre a serpente e tupã

O amor se arrasta tal cobra coral
Pelas folhas úmidas do desejo
E quebra os limites do vilarejo
Num prematuro sonho neonatal.

Por deus, o gênesis foi só o começo
Logo eva, na boléia de um caminhão,
Partiu criando outra civilização

E o único adão sonhador que conheço
No sopro azul de uma chuva de jarro...
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Soneto do efêmero

A vida virgem para conhecer
Trilhas traçadas sem nossa presença
Se acham e começam a se perder
Em tantas essências de uma só crença.

Crer na realização através da amada
Num sentimento infinito e fugaz
Vendo o sol se por na boca enluarada
Vivendo a profecia que se desfaz.

Tão logo a poesia põe-se a se findar
No leito de um desejo inacabado
Caem nossas asas e todo o sonhar.

Confesso a vida como um gozo escasso...
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Soneto do enfrentamento

Alonga-te e arrevoa pássaro poente
Migra à procura de uma ave secreta
Enquanto eu na falta de asas do poeta
Enfrento a saudade em linha de frente

Voa com seu corpo banhado de sol
Voa com seu sexo exposto e ainda deposto
Pelo medo que ainda ao meu contragosto
Raia no mar de seus olhos de farol

Voa e busca o céu de um amor que ficou
No passo no arco no barco no espaço
De um romance que ainda não terminou

Voa e procura na mais alta altitude...
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Soneto do espinhadeiro

Quem nunca caiu no fundo espinhadeiro
Da paixão, que atire o primeiro espinho
Ou que me guie mostrando-me o caminho
Que dá nas rosas do desfiladeiro

Que divide a sorte da morte. Vá
Entre os corações maduros do chão
Rasteja no escuro vão do perdão
Colha ervas e leia sua sorte no chá

Veja no desenho o futuro impróprio
O ontem que esquecemos por esquecer
E aquilo que não se pode dizer

Porque o amor ferido delira em ópio...
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Soneto do guardar-te

Guardo-te ainda estranha, sem quaisquer dimensões
Que falem de tempo ou de espaço. Infinita
E imprevisível, envolta em tantas razões
Tuas, que de entender são difíceis e bonitas.

Entre outros detalhes de sorrisos e flores
Guardo-te, plena, na mais completa clausura
E distante, perco e reencontro teus sabores
Em uma mescla de esquecimento e procura.

Guardo-te poeticamente ainda inacabada
Num sonho contínuo entre saudades e esperas...
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Soneto do habitat

Escuta: meu lugar não é aqui seu moço
Moro lá depois da curva da ponte
Lá onde acaba o arco do céu horizonte
E o vento norte nos vira o pescoço

Meu lugar, seu moço, tem sabiá e ingá
Tem estrela sereia gato e boto
Tem ferrugem de chuva e gafanhoto
E tem uma estrada que não dá lá

Tem lua cheia, meu lugar tem maré alta
Tem história de papão e de pirata
E tem roseiral aberto em espinhos

Tem ancoradouro de pesadelo...
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Soneto do juramento

Só, morro sem ostentar o teu encanto
Adoeço ausente a tua doce presença
O silêncio é o meu único e último canto
E a saudade uma falsa e urgente crença.

Da minha dor sou palco e personagem
Da ilusão das bocas nuas sou naufrago
Ao estibordo alivio ainda o dissabor
Que avança em olhar triste, negro e vago.

A alma grita doando-se para a morte
Estrelas deságuam na escuridão
Pobres palavras minhas, não são fortes.
...
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Soneto do leito

Quero um soneto que caiba no leito
Da mulher amada. Ah! Que seus sonhos
Rimem ricos com loucos devaneios
Que seus sonhos todos tenham proveito

Nas estrofes que cruzam em suas pernas
Que suas costas sejam versos dispersos
Que para o bem haja um que de perverso
E perversidão e pervirtude terna

Nisso tudo. Que os olhos calem fundo
E escorram quentes em letras vulcânicas
Pela erupção da poesia deste mundo

Da mulher amada. Que cante em coro...
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Soneto do passario

Acauã anacã manhã maracuã
Voa dançador, voa e dança do-ré-mi
Voa gurundi pra galha da avelã
Trem bem-te-vi nos chama ali piuí

Diz tagarela pinta pintaroxo
Trinca ferro trinta reis triste pia
Noite noitibó, cantoria no coxo
Curió, perto do pé da cotovia.

Bica bico de lança, canta cuco
Esgarça garça, ralha dona gralha
Sobe papa-açúcar, pula macuco

Zomba zombeteiro, voa seu chopim
Chora-chuva, foge rabo de palha...
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