Daniel Campos

Poesias

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13/02/2014 - Soneto de Givenchy

Eu busco a mulher de Eaudemoiselle
Em cada uma de suas notas florais
Ah! Quero estar e ficar pele a pele
Perfumando-se deste amor demais

Entre o romantismo e a modernidade
Eu hei de viver na boca obra-prima
Desta mulher de personalidade
E sensualidade, flor de menina

Desabrochando em olhares de almíscar
Numa pegada intensa apaixonante
Que nos faz calor, tremor, beliscar

E então vem o se entregar à loucura ...
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Soneto de ninar

Se você fosse minha namorada
Eu juro que iria que iria lhe buscar
Lá detrás lá detrás da madrugada
Só e só para ver a lua lhe beijar.

Se você me desse seu coração
Eu não, não mais lhe deixaria quieta
Eu pediria para a inspiração
Para ser só o teu só o teu poeta.

Se você fosse junto a mim seguir
Eu prometo que a ti me entregaria
Só e só pra ver sua lágrima sorrir.

Se você me desse toda sua dor
Em sua cruz via-crucis me pregaria...
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Soneto de núpcias

Quero o teu sexo no primeiro sol
Pra fecundar a lua do teu verão
E me guiar na luz do último farol
No sal do mar da nossa embarcação

É o sal do sol que põe o desejo à mesa
É o sol do sal que arrepia frio de medo
É o sal do sol do choro da nobreza
É o sol é o sal é o mal é o bem é o dedo

Que leva o sal até a boca da moça
É o sal é o sol da concha é o sal da louça
É o sol doce é o sal amargo que agoura

É o sal do amor que tempera teu sexo...
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Soneto de tritão

Os corações que desenhou na areia
Das costas de um mar que nunca existiu
Foram últimas ofertas de uma ceia
Saboreadas por um deus que sumiu

Depois de ter os corações nos dentes
Deus Tritão abandonou o fundo do mar
Furou oito ondas bravias com seu tridente
Foi dar na arrebentação de um olhar

O que será do amor embarcação
Que perdura o tempo que o mar quiser?
E sem deus, o mar se quebra mulher

Por onde anda o coração de Tritão...
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Soneto de um só tema

Quando a saudade, decotada e virgem,
Caí na solidão de um drinque qualquer,
Há de se quebrar em uma vertigem
O agouro feito por um mal-me-quer.

Quando o silêncio desfaz sua promessa
De fugir, a sós, com a despedida,
Há de se achar a carta que confessa:
As velas do medo estão de partida.

Quando o destino, tímido e deserto,
Nasce, sonha e, tempos depois, se engana,
O fim de uma espera ronda por perto.

Quando a lua lilás dança na fumaça,...
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Soneto do amor oceano

Sopra, sopra a vela branca de um barco
Acende a vela e sonha da janela
Sopra, sopra o barco e desenha um arco
Que vai sumindo, sumindo da tela.

Canta, canta e tanta encanta a poesia
No canto sacrossanto que decanta
Da garganta o pranto da valentia
E dos males da vida nos espanta.

Sopra, sopra e canta em um minueto
Quatro estrofes do mais louco soneto
Que vai ao vento vai mar adentro vai

Canta, canta e sopra um sopro de gente...
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Comentários (1)

Soneto do amor pouco

De repente, de todo o sofrimento
A noite que se deu por terminada
Como se temesse a criatura amada
E em silêncio, fora-se mais o vento.

Por fim, tudo se deu por terminado
Não se sabia mais a felicidade
O que ainda restou, fora interditado
Nem sonho corria no seio da saudade.

E no antigo calvário das promessas
A noite virou pelo avesso e avessa
Tirou a lucidez e do seu caminho.

Em uma de suas bruxarias, fez louco...
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Soneto do bicho

Sonhar com amor dá dor na cabeça
Sonhar com mel dá urso e muito sono
Sonhar com ontem, por favor esqueça.
Sonhar com saudade dá amor sem dono

Sonhar com pássaro dá céu e loucura
Sonhar com trilha dá pé e caminhada
Sonhar com altura dá mais tontura
Sonhar com anjo da mulher alada

Sonhar com romance dá solidão
Sonhar com veneno ainda dá paixão
Sonhar com fogueira dá calafrio

Sonhar com boto dá traição no rio...
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Soneto do corpo da mulher amada

Que o corpo da minha mulher amada
Seja uma taça quente e cristalina
Capaz de nos levar de volta à estrada
Secreta dos sonhos de uma menina

Que essa taça se levante e derrame
Por bocas alheias, o mel e o morango
Que seus poros úmidos clamem: ame
E que seu sexo me voltei em um tango

Que poetas, sonhadores, réus e loucos
Venham bebê-la em sinal de amor pleno
E que o maior dos tragos, seja-me pouco

E que o fel de seu ventre cheire à sorte...
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Soneto do decoro

Ignora todo e qualquer protocolo
Quebra em dez mil pedaços o decoro
Esqueça a tentativa do teu choro
E caia no regimento do meu colo

Deixa pra trás regras e convenções
Não dê ouvidos ao que vão maldizer
Aborta a dor e se entregue ao prazer
De corromper falsas constelações

Assuma o amor como questão de ordem
E uma questão que deve ser honrada
Ao longo das trilhas da nossa estrada

Avante, enfrenta as pedras que nos mordem...
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