Berradeiro
Resumo:
Os poemas não só brotam em Daniel Campos como uma sementeira de sentimentos, mas sussurram, murmuram, gemem, conversam, gritam, berram. Berram! Berras belezas. Berram prazeres. Berram sofreres. Berram o tempo. Berram olhos, pernas, mãos. Berram o encontro e o adeus. Enfim, berram vidas. É como se, num primeiro momento, amores, dores, paixões, incertezas, medos, vontades, sonhos berrassem a toda altura dentro do corpo do poeta e, num segundo momento, berrassem nas folhas de papel e ainda, num terceiro momento, berrassem nos olhos de quem abriga os versos.
Da esperança ao ódio, do amor ao caos, os berros berrados ecoam pela poesia. É como se a poesia sonhasse e de dor berrasse. É como se a poesia padecesse e de prazer berrasse. É como se a poesia entre pedras, espinhos e carcarás, brotasse e gritasse cada sílaba, cada palavra, cada verso. E os poemas vão nascendo e crescendo nesse caos onde mergulha o poeta.
Neste seu terceiro livro, o poeta ratifica sua doação à escrita em uma obra que berra à barbárie de sentimentos a um mundo recém descoberto. São poemas inquietos, revoltos, perturbadores. Em suma, Berradeiro é a tomada definitiva de Daniel Campos pela poesia.