Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 30 textos de setembro de 2009. Exibindo página 1 de 3.

30/09/2009 - O amor se dá

O amor não marca hora nem lugar. O amor acontece e cresce sem avisar. O amor não escolhe idade, cor, nacionalidade. O amor é como beija-flor: beijos e flores. E um amor é a composição de vários amores, como colcha de retalhos, feita de caminhos e atalhos. Porque o amor é um mistério profundo, um mundo detrás de outro mundo. E é por isso que amo e chamo esse amor para perto de mim. Amo e me proclamo apaixonado sem fim. Eu, querubim do seu amor. Eu, seu sonho, seu sonhador.

Que o amor seja eterno. Que para sempre, no nosso guarda-roupa, seu vestido se entrelace ao meu terno. Que a semente da solidão não brote entre nós e que o nosso coração nunca bata a sós. Que nos encontremos antes de nos perder. E que nunca, diante um do outro, conjuguemos o verbo esquecer. Que nosso amor não ralhe e valha à pena em cada detalhe. Que os ventos ao longo de nossa estrada sejam propícios e que estejamos dispostos a qualquer sacrifício em prol da criatura amada. ...
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29/09/2009 - Guerra nas estrelas

A minha cabeça gira como um disco voador em pleno espaço sideral. E eu me transformo em um extraterrestre de mim. Meus pensamentos são de natureza desconhecida. A comunicação cérebro-coração não é identificada ou codificada por radar algum. Ninguém entende a minha língua. É como se eu pronunciasse um alfabeto alienígena. E olhando no espelho eu já pareço um pouco mais verde do que de costume. Começo ter ciúme das estrelas e dos cometas, afinal, tudo isso é o meu quintal...

Meus olhos de lua e eu no mundo da lua. A cabeça gira, vira, revira e dói que me pira. Há monstros de cinema se alimentando dos meus miolos. E há uma vontade imensa de pousar em um planeta não habitado e fazer a minha própria civilização. Quem sabe não sou eu um novo Adão. Ah! E minha cabeça rodando, dançando, planando em uma galáxia sem começo nem fim. Sou um ponto perdido na planilha do universo. E a minha linha neurotransmissora se transformou num verso......
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28/09/2009 - Sobrecarga de si

Por onde quer que vá, eu me carrego e me sobrecarrego. Eu não sossego. Tenho um vulcão dentro de mim. Nasci, cresci e, com certeza, vou morrer com essa angústia de viver, de fazer, de querer. A intensidade tanto me move quanto me consome. Eu tenho fome de mim. Eu não tenho freio. Sou bonito, sou feio. Vou fundo em todas as coisas, das mais simples as mais complexas. Sofro com ou sem necessidade. Quero ter todas as idades. Chego antes, saio depois, ardo em febre. Na fábula da tartaruga, sou lebre. Os sentimentos gritam dentro da minha cabeça enquanto os pensamentos se proliferam como erva daninha....
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27/09/2009 - Na banca de seu menino

Na banca do seu menino tem pé de alface do verde e do roxo, do liso e do crespo, do caipira e do americano. Na banca do seu menino tem banana prata, maçã, ouro, nanica e um amontoado de mexerica. Na banca do seu menino tem uva rosa, manga rosa e um pé de rosa sem flor. Na banca do seu menino tem uma salada de fruta e de cor, e uma saudade matuta que castiga o coração. Na banca do seu menino tem tudo o que não se encontra na cidade. Tem até um solo de gaita, da gaita do meu sertão de taipa.
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26/09/2009 - Mulher matinal

Definitivamente, não há nada que se iguale ao contentamento de abrir os olhos e encher o globo ocular da presença da pessoa amada. É como se, depois do medo da escuridão, uma luz esfarinhasse a solidão e seus fantasmas de uma só vez. Capturar aquela que se tem amor na primeira visão do dia é algo que supera toda a fantasia contida nos últimos sonhos. É uma paixão sem limite, é um golpe de sorte, é um alvitre, é a vida vencendo a morte, é o que é a mulher amada ao desnudar do sol.

Em alvorada como é bom poder dizer, mesmo depois de tempos idos, o amor à dona desse amor. A mulher que acorda ao seu lado tem uma proximidade que assusta. É como se toda abstração que a envolve se escondesse debaixo da cama e ela se fizesse inteiramente de carne. E quando, durante seu espreguiçar, seu tronco se aninha em meus braços, tenho a impressão de que estou em outro paralelo, entre a ficção e a realidade, entre a tentação e a divindade, entre a aproximação e a saudade....
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25/09/2009 - Pequizeiro, encanto e medo

Pelas ruas que me levam até a nova casa há uma infinidade de pequizeiros. Eu, como paulista, nunca tive intimidade com essa árvore. Tanto que fui conhecer o fruto, há poucos anos, antes de conhecer a sua maternidade. Um pé de pequi é tão curioso quanto seu fruto amarelado. As folhas são largas e recortadas por pontas, o tronco é tortuoso, crescendo num desenho cheio de curvas, seus galhos são desorganizados e suas flores são repletas de pistilos brancos como um vestido de noiva.

Em muitos casos, ao contrário de visar o céu, o tronco cresce junto ao solo, numa geometria horizontal, servindo de brinquedo para crianças. E quando chega a chuva de setembro, as flores, divorciam-se dos frutos, cobrindo o chão numa delicadeza sertaneja. Diante de tanta beleza, os pés desviam-se das calçadas e as caminhadas ganham as ruas só para não machucar as flores, cujas pétalas nascem como espinhos. ...
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24/09/2009 - Rainha Auxiliadora

(...) Te coroamos ò mãe, te coroamos ò mãe, te coroamos ò mãe, nossa rainha...

Quando pensamos em rei ou rainhas, logo nos lembramos de castelos, cavaleiros e dragões. No entanto, o significado dessa denominação vai muito além de um chefe de Estado. No imaginário popular, ao longo dos tempos, rei ou rainha remete a algo soberano, divino, que merece nosso respeito. Talvez isso se explique pelo fato de, historicamente, o rei extrapolar sua função política, exercendo também a religiosa, como uma espécie de sacerdote. ...
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23/09/2009 - Chuva e amor

O amor, sob chuva, goteja uma variedade infinda de sentimentos e inunda os mais desérticos corações. Quer cena mais romântica do que um par, ao som da chuvarada, realizando coreografias debaixo de um mesmo guarda-chuva. O vento frio e úmido unindo os casais, que trocam declarações quentinhas ao pé do ouvido. E, para esquentar o clima, vale apimentar o relacionamento com boas doses de imaginação e sedução. E se a pessoa amada se transformar em uma lareira, deixe-se queimar à vontade. Afinal, se a atmosfera é ideal para ler um bom livro, o que dizer de escrever seu próprio romance? ...
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22/09/2009 - Acudam a centopéia

Era noite grande. Chovia tanto, que a lua, como pranto, descera em corredeiras. No jardim, uma centopéia de argila, pintada a mão por algum duende arteiro, era atingida por dezenas, centenas, milhares de pingos. E uma menina, no canto extremo da varanda, de pantufa no pé e toca felpuda na cabeça, tentava esticar conversa com a topéia. "Topéia"? Era assim que a menina chamava aquele bicho de várias patas e corpo em formato de gomo de jujuba.

Mesmo não gostando muito da aquisição da mãe, tendo, inclusive, reclamado por ter comprado tal monstro na feirinha, ela estava preocupada com a saúde da topéia. E se ela gripar? E se pegar uma pneumonia? E se morrer afogada? Não sei que língua elas falavam, mas a menina tinha certeza de que a topéia estava insatisfeita, até mesmo, reclamando de estar no meio daquele aguaceiro. Definitivamente, não estava nada feliz sob aquele toró. ...
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21/09/2009 - Esconderam-me de Aznavour

Foi uma pena. Charles Aznavour apresentou-se pela última vez em Brasília e eu não soube da notícia a tempo. Queria ter visto o cantor, ator e letrista, aos 85 anos, em sua turnê internacional de despedida. Vê-lo cantar agora, só em solo europeu. E eu não tenho planos de cruzar o Atlântico. Assim como ele, digo-me cansado para longas viagens. Depois de atuar em mais de 60 filmes, de compor 850 canções (em francês, inglês, italiano, espanhol e alemão), de vender mais de 100 milhões de discos, Aznavour despede-se da América. ...
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