26/09/2009 - Mulher matinal
Definitivamente, não há nada que se iguale ao contentamento de abrir os olhos e encher o globo ocular da presença da pessoa amada. É como se, depois do medo da escuridão, uma luz esfarinhasse a solidão e seus fantasmas de uma só vez. Capturar aquela que se tem amor na primeira visão do dia é algo que supera toda a fantasia contida nos últimos sonhos. É uma paixão sem limite, é um golpe de sorte, é um alvitre, é a vida vencendo a morte, é o que é a mulher amada ao desnudar do sol.
Em alvorada como é bom poder dizer, mesmo depois de tempos idos, o amor à dona desse amor. A mulher que acorda ao seu lado tem uma proximidade que assusta. É como se toda abstração que a envolve se escondesse debaixo da cama e ela se fizesse inteiramente de carne. E quando, durante seu espreguiçar, seu tronco se aninha em meus braços, tenho a impressão de que estou em outro paralelo, entre a ficção e a realidade, entre a tentação e a divindade, entre a aproximação e a saudade.
Nessa hora, o coração se aquieta e o corpo suspira e inspira confiança. Desabrocha em meus sentidos a primavera da esperança. "Ela está aqui". "Ela existe e sorri". "Ela me ama e eu não morri". Fascinante é a mulher que acorda ao seu lado num amor matinal. Por mais que se assemelhe a uma personagem de romance ou a um verso de canção, a mulher que acorda ao seu lado é real. Embora haja receio de acordá-la, ela é prova e contraprova de realidade. Afinal, tudo mais fora desse cenário é e será sempre uma mera fatalidade.
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