Daniel Campos

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19/04/2008 - Sementes de trigo

"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto." Passei a semana toda com essa passagem bíblica na minha cabeça. Esse texto fez parte da homilia que fechou o período Pascal da igreja católica. A idéia é a de que a semente (Jesus) que é colocada no seio da terra, rompe com todas as barreiras da morte e trás vida nova.

Saindo da igreja e caindo na realidade, ouso dizer, caro leitor, que é preciso um sacrifício, uma doação, uma entrega maior do que a ciência pode explicar pra que possamos conhecer e viver uma vida nova. Não quero, com este humilde texto, dizer que é necessário que nos matemos ou deixemo-nos morrer para ganhar esse novo mundo. Jesus morreu para viver esse milagre, mas cabe a nós morrer simbolicamente. ...
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18/04/2008 - Ataque e contra-ataque

O Brasil precisaria ser um time, de carne e espírito. O nosso time do coração. E o maior de seus títulos devia ser a felicidade de cada cidadão. Brasil, meu Brasil brasileiro, texto de um estádio e pretexto de uma várzea. As chuteiras dos governantes deviam ter as marcas de uma dedicação total. Aliás, nem presidente, nem deputado, nem governador deviam jogar de salto alto. Todos deviam estar no mesmo nível desse tapete verde e amarelo. Afinal, mesmo tortos, os passos dessa gente guerreira são poéticos como as pernas de um anjo que já foi jogar em outro lugar. Que me perdoem os intelectos, mas nossos garranchos são garrinchas....
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17/04/2008 - Boi da cara preta

Boi boi boi, boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta.

Boi boi boi, boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta.

Boi boi boi, boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta.

Pode parar de cantar. Eu não vou dormir. Estou assustado com as caretas dessa gente ai. Não vou fechar os olhos com tantos piratas, falsários e donos da corrupção aprontando por aqui e por ali. Cuidado! Tem que abrir o olho e gritar pega ladrão. Estão roubando minha carteira, minha feira, minha beira de chão. Tão metendo a mão, de cara limpa, no futuro da civilização. Tão levando nosso ar, nossa água, nosso mato, nossa chuva, nosso sapato, nosso pulmão. É muita raposa para pouca uva. Tão nos tirando o futuro, tão levando nosso mundo seguro e nos cercando com um muro de sofreguidão. ...
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16/04/2008 - Sol, camelos e cometas

O sol o chicoteava com labaredas de suor. Como resultado de um ódio passional, seu rosto é colorido entre o vermelho e o vinho comum às maçãs argentinas. A camisa colava em seu corpo na aderência de um adesivo. Não havia árvores ou marquises para produzir alguns metros de sombra. O sol, mais pesado do que de costume, aproximava-se da crosta terrestre da sua cabeça.

Os pensamentos fritavam num óleo de neurônios. Tudo era confuso. Tudo era vertigem. Tudo era um bafo quente vindo de seus próprios pulmões. A pressão subia e o sangue entrava em ebulição. As piscinas, os rios, os mares... todos estavam longe de seu alcance. Nem um copo de água ou um picolé de uva atravessavam seu caminho na loucura de uma miragem. Ele estava sozinho naquele mundo caliente....
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15/04/2008 - A televisão não conseguiu voar

Pronto! Agora estou mais aliviado. Tirei um peso da alma. Não sabia que o fato de jogar a televisão pela janela me faria tão bem. Já estava ficando angustiado, nervoso, depressivo. Sou jornalista, mas não suporto o jornalismo da repetição. Ouvir uma vez já basta. Se nem filme de ficção eu suporto ver à exaustão, o que dizer de um pedaço de realidade. Isso sem falar que esses pedaços são crus e totalmente indigestos.

O caso dessa menina que foi assassinada e jogada do sexto andar de um prédio foi a gota d'água. Dia e noite, noite e dia, os telejornais só falam nisso. Uma verdadeira tortura para a família, para os amigos e para milhões de meros telespectadores como eu. Entrevista com mãe da vítima, com avô da vítima, com delegado, com procurador, com porteiro, com vizinho, com tia... chega!!!!!!! ...
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14/04/2008 - Pense no aborto

Pense no aborto. Pense no destino final dos fetos. Pense no choro das crianças abortadas. Pense na dor de ser tirado vivo de um ventre que o rejeita. Pense nos bebês que são jogados no incinerador. Pense no cheiro daquela criança não-nascida pegando fogo. Pense no colorido das fumaças que saem das chaminés. Fumaças rosas para meninas. Fumaças azuis para meninos. Fumaças negras de luto. Pense no cheiro, na cor, na dor dessa esperança perdida.

Pense nos milhões de quase-recém-nascidos que são vendidos para as fábricas de cosméticos. Pense nos sabonetes e nos cremes feitos com as proteínas da carne de alguém que podia ser seu filho. Pense no seu corpo, debaixo do chuveiro, ensaboado na espuma de fetos abortados. Pense nas peles de milhares de fetos virando bolsas a desfilar por ai. Pense nos sabões feitos com a gordura desses fetos lavando o uniforme dos soldados que estão no Iraque, matando, matando, matando. Pense na barbarie. ...
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13/04/2008 - O Feitiço de Brasília

Há mais de meio século, um mineiro chegou ao interior de um Brasil desconhecido e, entre o sol e o cerrado, construiu de forma audaciosa e corajosa a nova capital de um país. Não faltou quem o taxasse de maluco e de outros adjetivos, todos sinônimos de loucura. Com o passar dos anos, Brasília não só saiu do papel, como queria Juscelino Kubitschek, mas se tornou patrimônio mundial da humanidade.

Quando todos diziam que o sonho estava terminado, um outro mineiro, tão apaixonado e louco quanto Juscelino (no bom sentido), chega a um dos pontos mais tradicionais de Brasília e começa a reconstrução dessa obra de arte, causando surpresa e emoção. Inspirado por esse contexto, esse texto foi construída na quadra 509 da W3 Sul. É nesse endereço que se encontra o Mercado Municipal de Brasília. Mercado Municipal em Brasília?...
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12/04/2008 - Os sete passos de Buda

Reza uma lenda que o nascimento de um menino trouxe para o mundo uma chuva nunca dantes vista. Do céu, caíram gotas doces, como néctar. Como em uma re-criação da humanidade, o mundo se enfeitou de flores para receber aquele menino. O menino? Ele se chamava Sidarta Gautama. No entanto, no decorrer da história, ficou mais conhecido como Buda. Mesmo com toda essa especialidade, sua mãe morreu durante o parto. O menino, que atingiu o nirvana e trouxe caminhos a serem seguidos por aqueles que querem se aperfeiçoar espiritualmente, tão logo nasceu saiu andando num caminho de sete passos. ...
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10/04/2008 - A poesia corre em linfas

Ser casado com esteticista é, como se diz por ai, tudo de bom. Recentemente, minha bem-amada além de advogar e assessorar um parlamentar decidiu abrir uma clínica de estética. E melhor, resolveu fazer cursos e mais cursos para se tornar esteticista. Mesmo sem ter cabelos brancos e olhos vermelhos, como os tradicionais ratinhos de laboratório, eu fui pego para cobaia.

Como grande incentivador de seu sonho adolescente, eu não tive como fugir dos experimentos. Lá fui eu - uma criatura que vive em estado absoluto de tensão durante boa parte das 24 horas - tentar entrar em alfa ou beta ou ômega ou em algum outro estágio de meditação por meio de suas mãos. Eis que com todo amor que há, mergulhei nos braços do desconhecido entre o verde e o vermelho da Quant`è Belle. Ah! Deixa-me explicar. Minha esposa tem um pé na terra da torre Eiffel, por isso o batismo da clínica foi na língua de Jean-Paul Sartre. Nacionalidades à parte, eu descobri que a poesia em nosso corpo, assim como nas árvores, corre em linfas....
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09/04/2008 - Estafa

Quando uma força nos empurra para baixo. Quando tudo parece dar errado. Quando estamos para além de qualquer limite suportável. É hora de fechar os olhos, abrir nossas asas e voar rumo ao infinito. Só que para alcançar os alto-céus é necessário nos depreender de tudo. Desamarra todos os laços. Quebra todas as correntes. Liberta-se de todas as algemas.

Para ganhar altura, precisamos tirar todo o peso desnecessário de nosso corpo. Joga fora todos os problemas, angústias, desilusões. Ah! Como essas coisas pesam. Temos de estar nus - completamente nus - com nossos sentimentos. Nada pode interferir, atrapalhar ou sequer ameaçar o nosso vôo. E que esse vôo não tenha planos, bússolas, destinos. Que seja um vôo livre, solto, improvisado. Sobre todos e, sobretudo, que seja um vôo apaixonado. ...
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