12/04/2008 - Os sete passos de Buda
Reza uma lenda que o nascimento de um menino trouxe para o mundo uma chuva nunca dantes vista. Do céu, caíram gotas doces, como néctar. Como em uma re-criação da humanidade, o mundo se enfeitou de flores para receber aquele menino. O menino? Ele se chamava Sidarta Gautama. No entanto, no decorrer da história, ficou mais conhecido como Buda. Mesmo com toda essa especialidade, sua mãe morreu durante o parto. O menino, que atingiu o nirvana e trouxe caminhos a serem seguidos por aqueles que querem se aperfeiçoar espiritualmente, tão logo nasceu saiu andando num caminho de sete passos.
O primeiro, para sair do desespero. O segundo, para fugir do pânico e da raiva. O terceiro, livraria a humanidade da insatisfação. O quarto, das injustiças. O quinto, colocaria fim com a falta de comunicação. O sexto, tiraria os homens do deslumbramento com coisas fáceis e cômodas. O sétimo e último passo foi no sentido de ouvir a voz da consciência e das outras pessoas. A cada passo dado, nascia uma flor de Lótus, símbolo da expansão espiritual, do sagrado e da pureza.
O resumo do entendimento desse caminho é que precisamos nos livrar das coisas ruins para depois escutar a si mesmo e aos outros. Mas por que estou dizendo isso? O leitor deve estar se perguntando: será que o Daniel virou budista? Não! A experiência mais próxima que tive com Buda foi um tanto traumática. Conheci Buda representado em uma imagem de gesso vermelha, ganhada em uma daquelas roletas de quermesse. Um tanto quanto roliço, ele ficava na cozinha, em cima da geladeira da minha avó.
Diziam que se deixasse essa imagem ao lado de um prato com moedas o dono da casa teria prosperidade. A tal riqueza não veio no ritmo que meu avô esperava e isso o levou a tomar medidas drásticas. A primeira foi virar a imagem de costas para a porta. A segunda, pintar a estátua de branco. A terceira foi jogar a imagem por cima do muro do quintal, que deve ter caído por entre os pés de mamona do terreno baldio.
Mas voltamos à história dos sete passos e da razão porque conto isso. Muitos tibetanos acreditam que o Buda se dividiu em milhares de seres que encarnam como Lamas propagando o Budismo. Nos últimos dias, em razão dos protestos contra a Olimpíada de Pequim, o duelo entre o Dalai Lama, líder do Tibet, e a China, que quer invadir a área dos monges de qualquer jeito abaixou o nível de tal maneira que o menino Sidarta deve estar tão vermelho quanto aquela imagem que foi de meu avô.
Inglaterra, França, Estados Unidos, Argentina... Por onde a tocha olímpica passa não chove néctar, tampouco flor. Chove vergonha. Nem a junção dos ensinamentos de Buda com o Espírito Olímpico foi capaz de fazer a humanidade dar um único passo rumo à civilidade. Se um passo já está difícil, calcule os sete passos trilhados por Buda.
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