Daniel Campos

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10/04/2008 - A poesia corre em linfas

Ser casado com esteticista é, como se diz por ai, tudo de bom. Recentemente, minha bem-amada além de advogar e assessorar um parlamentar decidiu abrir uma clínica de estética. E melhor, resolveu fazer cursos e mais cursos para se tornar esteticista. Mesmo sem ter cabelos brancos e olhos vermelhos, como os tradicionais ratinhos de laboratório, eu fui pego para cobaia.

Como grande incentivador de seu sonho adolescente, eu não tive como fugir dos experimentos. Lá fui eu - uma criatura que vive em estado absoluto de tensão durante boa parte das 24 horas - tentar entrar em alfa ou beta ou ômega ou em algum outro estágio de meditação por meio de suas mãos. Eis que com todo amor que há, mergulhei nos braços do desconhecido entre o verde e o vermelho da Quant`è Belle. Ah! Deixa-me explicar. Minha esposa tem um pé na terra da torre Eiffel, por isso o batismo da clínica foi na língua de Jean-Paul Sartre. Nacionalidades à parte, eu descobri que a poesia em nosso corpo, assim como nas árvores, corre em linfas.

Logo para começar, Marilene resolveu testar seus ensinamentos em bambuterapia. Uma técnica meio francesa, meio chinesa que virou sensação mundial. Como em uma troca espiritual, fui adquirindo a flexibilidade e a leveza características de um bambu. Em suas mãos, senti-me como uma máquina de escrever daquelas antigas redigindo, toque a toque, um outro eu.

Pouco a pouco, suas mãos foram quebrando minhas palavras, reconstruindo meus versos, espalhando minhas sílabas, tonificando minhas tônicas, estendendo minhas pausas, aproximando minhas rimas. Ao terminar a primeira sessão, eu já era um novo texto. Mágica? Os céticos que me perdoem, mas essa é a melhor palavra para definir o que aconteceu naquela cabine.

Além de mais relaxado e energizado, sai da Quant`è Belle mais inspirado. Pois preparem-se: desse novo estado de espírito, mais leve e flexível, já começou a nascer um novo livro.


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