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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 228 de 320.
30/08/2010 -
Amor lilás
No topo da montanha que se ergue acima das ondas de um mar lilás, quero lhe contar o que habita neste meu coração de rapaz. Como é bom mergulhar na simplicidade dos seus olhos que são como janelas que se abrem para a luz enquanto a saudade fugaz se afoga no oceano lilás. Nada como ficar nesse ambiente costeiro, fazendo do seu corpo o meu veleiro de ilusões carnais, espirituais, transcendentais... Vamos correr para o cais. Vamos percorrer os arrozais.
E como o romance não pode parar, vamos pegar a primeira asa delta e sobrevoar uma ilha subtropical, a cidade literal e a linha que divide o bem e o mal. Vamos nos amar entre campos verdejantes, pavões e pinturas num crepúsculo lilás. Vamos ouvir atenciosamente as canções que o vento traz aos nossos ouvidos embebidos do som do mar. Já mandei encher a banheira no terraço com água lilás só pra gente ver a mudança do ciclo lunar. ...
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29/08/2010 -
Desvario
Já passa das dez e nem sinal dos teus pés aos pés da nossa cama. Desesperado, olho para o lado vazio e me jogo sozinho buscando seus olhos de trapézio, sobrevôo o mezanino das horas e caio no revés do drama. Onde está você? Por onde anda que ninguém vê? Quero tanto lhe saber. Deixa lhe procurar, lhe achar, lhe contar à falta que sinto do seu lábio tinto fazendo da minha boca o seu recinto. Não meu amor, não, por favor, acredite, não minto. Sem você tudo é um mais que imperfeito labirinto, são muitas entradas e nenhuma saída. Você apareceu sem saber de onde entregue à lida do amor e, de repente, tudo acabou sem despedida numa quase vida. ...
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28/08/2010 -
Viralata
Foi tudo muito rápido. Oitenta, noventa, cem quilômetros por hora. Uma descida em curva. Ultrapassagens proibidas. Riscos. Perigos. Negligências. Carros enfileirados em uma pista única. De repente, um grito. Um grito de dor e choro. Não foi um latido ou um uivo, foi um grito o que precedeu a imagem de um cachorro preto, viralata, caído no meio da estrada. Tentou levantar, correr dali, mas as patas traseiras sequer se moveram. E as dianteiras, por conta da dor, não se sustentaram. Carros passando e aquele cachorro, em silêncio, com olhos doridos. ...
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27/08/2010 -
Depois da quimioterapia, a magia das flores
Aos pacientes com câncer, as flores. Ao menos, é isso o que diz a medicina chinesa. Não que as flores enfeitarão a morte dos enfermos ou quebrarão a tristeza dos ambientes onde são realizadas as temidas e angustiantes sessões de quimioterapia, mas possibilitarão o Huang Qin Tang.
O antigo remédio é feito com flores de peônia e escutelária, além da seiva de uma árvore. A fórmula não traz a cura do câncer, mas alivia os doentes dos vômitos e diarréias decorrentes da quimioterapia. ...
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26/08/2010 -
Capítulo 50
Trazendo nos dedos, no pulso e no pescoço boa parte dos lançamentos da joalheria Palácio, Alicia entra em um desses cafés que povoam o bairro da Recoleta e acomoda-se em uma mesa composta por xícaras de café, copos de bebida, aperitivos, jornais e a impaciência de seu cunhado.
- Isso são horas? Seu atraso já ultrapassa uma hora e meia.
- Nossa! Tudo isso é saudade. Não sabe como me alegra saber que você ficou esse tempo todo esperando por mim.
- Sem sarcasmos, por favor. Estamos aqui por uma questão política. ...
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26/08/2010 -
Mais uma declaração de amor
Eu amo e ponto final. Amo em noites frias e chuvosas. Amo em dias abertos de sol e em dias fechados para balanço. Amo sob um vendaval. Amo no olho do furacão, para além do olho de pandora, mergulhado no olho grego. Amo aos pés da cama, na imensidão do telhado, no jardim das flores que chamam seu nome no escuro. Amo na Champs-Élysées, na Avenida Atlântica, na Las Ramblas, na Oxford Street, na 5ª Avenida e numa estradinha de terra. Amo com doses caipiras e cosmopolitas, de forma litorânea e interior. Amo entregue e ao dispor da criatura que amo. ...
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25/08/2010 -
A gripe chegou para ficar
A gripe chegou e você não está mais aqui para me trazer um punhado de folhas de guaco. A gripe chegou e eu fiquei sem aquele conhaque com mel de jataí e limão siciliano que você sabia preparar tão bem. A gripe chegou e não há mais os ovos caipiras das suas carijós para eu engolir de forma crua, com uma pitada de sal, antes de um copo de leite morno. Você não está mais aqui para me ensinar receitas, simpatias e benzeduras dos antigos para eu afastar essa gripe, fechar meu corpo e seguir em frente. ...
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24/08/2010 -
A lenda do alecrim
Maria. Maria das flores de cheiro. Maria, rainha dos jardins. Maria das pétalas delicadas e coloridas. Maria das rosas do santo rosário. Quantos os que não deixam galhas ou vasos de flores aos teus pés. Flores para agradar Maria. Flores para abrir os caminhos rumo a Maria. Flores para agradecer Maria como paga de promessas. Flores mensageiras de pedidos e preces, de sentimentos e fé.
Eu, neste dia, procuro pelos alecrins de Maria. Ah! Como eu desejo um campo repleto de alecrins para ficar próximo da Altíssima. Ao contrário de plantar soja, algodão ou alfazema, se tivesse terras plantaria alecrins. Alecrins para te ofertar, ò Maria. E não me cansaria de repetir, por incontáveis vezes, ao vento ou aos caminhantes, a lenda do alecrim: ...
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24/08/2010 -
Capítulo 49
Pegar ou não pegar o chicote que ainda brilha uma luz avermelhada? A mesma luz que já não habita mais os olhos daquele castigador. Sob o olhar de Miguel, Jhaver vive o seu drama particular.
Se decidir por tocar suas mãos naquela arma, pode voltar a ser o que acabara de negar: um castigador. Corre o risco também de se destruir devido a diferença energética entre ele e o chicote.
Deus não destrói espírito algum. Assassinos, extupradores, ladrões, ateus... todos vão ao Umbral no intuito de que um dia possam se arrepender e se tornarem pessoas melhores. Enfim, que possam evoluir. ...
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23/08/2010 -
Moët Brut Imperial
Os olhares da mulher amada borbulham como duas cerejas submersas em canções francesas. As maçãs de seu rosto me lembram as mordidas de Eva, os medos de Adão. Seus lábios são pétalas de rosa pink, levemente doces e úmidos num cálice de Moët Brut Imperial. Sua saliva tem um que de suco de romã que deixa marcada para sempre em meus lábios o sabor dos seus cristais swarovski...
Quantos textos mais será preciso escrever para acreditar no amor que há dentro e fora de mim? Quantos poemas ainda precisam sair das minhas mãos para você caminhar comigo, segura e feliz, pela orla da cidade? Quantos versos ainda precisam se casar em rimas pobres ou ricas para você dar valor a minha saudade? Quantas prosas ainda precisam prosear com você até que tenha confiança nos meus atos e desacatos, nos meus sonhos e na minha esperança. ...
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