25/08/2010 - A gripe chegou para ficar
A gripe chegou e você não está mais aqui para me trazer um punhado de folhas de guaco. A gripe chegou e eu fiquei sem aquele conhaque com mel de jataí e limão siciliano que você sabia preparar tão bem. A gripe chegou e não há mais os ovos caipiras das suas carijós para eu engolir de forma crua, com uma pitada de sal, antes de um copo de leite morno. Você não está mais aqui para me ensinar receitas, simpatias e benzeduras dos antigos para eu afastar essa gripe, fechar meu corpo e seguir em frente.
A gripe chegou e você não está mais aqui para beber um uísque caubói comigo. A gripe chegou e você não está aqui para me convencer a tomar uma canja. A gripe chegou e eu não encontro mais os matos que você utilizava para eu fazer melado, chá, xarope, suco... A gripe chegou e eu tento pingar própolis como você direto na garganta. A gripe chegou e eu tenho agüentar firme e em pé como você. A gripe chegou e você nunca mais me trouxe aqueles favos de mel de eucalipto. A gripe chegou e eu me lembro da sua tosse fazendo eco pelos corredores da casa.
A gripe chegou e, assim como essa sequidão ela tende a continuar por um logo tempo, já que você se foi sem me ensinar a chamar chuva. Justo você, que sabia aboiar as nuvens e os ventos como ninguém.
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