Daniel Campos

Prosas

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14/10/2010 - Mina San José

Se eu fosse um daqueles mineiros enterrados a mais de 700 metros num deserto chileno, longe de celulares e chefes, longe de computadores e telejornais, longe de políticos e politicagens, eu, pasme você, teria optado por ficar no mundo subterrâneo. Viveria o resto dos meus dias debaixo da terra, perdendo de uma vez por todas as noções de tempo e espaço. Entre o céu e o inferno não me importaria em ficar perto dos demônios. Afinal, abraçado por tamanha escuridão, eu, dentro em breve, também viraria uma criatura das sombras. ...
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13/10/2010 - É preciso resgatar Camões

Pegue todos os “eu te amos” ditos durante 24 horas diante dos olhos da pessoa amada e os some ao “eu te amos” ditos de forma inconsciente pelos cantos solitários da cidade, de forma saudosa ou platônica. Chegando a esse resultado, acrescente a soma de “eu te amos” escritos em cartas ou emails, disparados por meio de celular ou garrafas náufragas. O somatório de declarações é grande, no entanto, ainda é preciso acrescentar os “eu te amos” não ditos, apenas pensados ou, quiçá, sonhados.

Não tenha medo de fazer essa conta. Eu sei que os números são de enlouquecer tamanha a grandiosidade dessa matemática. Ninguém irá cobrar impostos por essa quantidade de amor, tampouco criar formas de combatê-la. O que eu quero demonstrar com esses cálculos todos é que o amor existe e é invocado em todo lugar, em toda hora. No entanto, esse amorosidade toda não corresponde à realidade de guerras e sentimentos menores que vivemos. ...
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12/10/2010 - Virgem Negra da Conceição Aparecida

Santa. Santa negra dos pobres, dos discriminados, dos injustiçados. Santa. Santa negra achada num rio, pescada numa rede de peixes. Santa. Santa dos humildes, dos famintos, dos esperançosos. Santa. Santa negra encontrada separada da cabeça. Santa negra dos segregados, dos apartados, dos violentados. Santa das multidões, das promessas, dos joelhos ao chão. Santa. Santa negra. Conceição negra. Santa da libertação, dos bons de coração. Santa negra. Virgem Negra. Madona negra. Maria negra.

Santa. Sangre negra de pele e ainda mais negra pelo fumo das velas. Das velas dos pecadores. Santa. Santa negra dos milagres. Santa. Santa negra das favelas, dos roçados, das senzalas. Santa. Santa negra que arrebenta correntes, que quebra grilhões, que converte canivete em flor. Santa. Santa negra dos oprimidos, dos pequenos, dos sofridos. Santa. Santa negra do oratório, da Basílica Velha e do Santuário. Santa. Santa negra de coroa de ouro, manto azul e pés descalços. Pés negros. ...
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11/10/2010 - Natal na Big Apple

Vamos. Vamos meu amor, pegue a bagagem. Não se esqueça, por favor, de levar algumas guloseimas para amenizar a viagem, entre elas um Neruda e um Rubem Braga. Vamos ao Cirque Du Soleil assistir a historia de um garoto que sai a procura de neve num mundo imaginário. Vamos contracenar com a chuva e com o frio na Times Square. Vamos caminhar no Central Park e quando estivermos exaustos de amar naquela ilha perdida vamos acompanhar o papai-noel no desfile de Ação de Graças. Noite adentro vamos visitar o Richmond Town, o bairro que fica iluminado com velas, lamparinas e lareiras. ...
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10/10/2010 - Comer, rezar e amar

Inspirados pelo cinema, que tal, amor meu, comer, rezar e amar mundo afora? Para começar, vamos comer na Itália, onde a gula é um pecado freqüente e, quiçá, permitido pelos deuses romanos. Vamos abusar das pequenas trattorias que tratam a comida como uma arte secular. É preciso dar espaço aos gelatos, os sorvetes artesanais italianos, aumentando o frescor dos nossos lábios com iguarias como o crocante crema Marrone da Gelateria Giolitti. Também não podemos deixar as pizzas de Nápoles fora do nosso roteiro gastronômico. Lá vamos entender porque o mundo é redondo. ...
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09/10/2010 - Mulher geopolítica

A mulher amada nasce entre a estação das flores e a estação do trem, numa das pétalas da rosa dos ventos da imaginação. Para alcançá-la é necessário passar por desertos, por campos de hortênsias e por terras desabitadas e cosmopolitas. A mulher amada é de uma natureza opressora. Chega a ser covarde tamanha sua opulência perante as outras criaturas. Há seiva por toda parte. Em poucos corpos é possível se deparar com harmonia tão evidente entre misticismo e ciência, cultura e vida selvagem.
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08/10/2010 - Adeus Dafne

Se for mesmo verdade essa história de que espíritos humanos reencarnam em cachorros como parte do processo de evolução, principalmente no que diz respeito à purificação, Deus escolheu uma menininha bem espevitada para habitar o corpo de Dafne, uma Cocker que passou de forma meteórica por este planeta vira-lata, recheado de injustiças e fatos que fogem a nossa compreensão. Dafne chegou como paixão à primeira vista da minha esposa, uma espécie de presente de final de ano. De lá pra cá, foram onze meses de convivência agitada. ...
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07/10/2010 - O telefone

O telefone toca, as palavras vão pulando pela boca afora em feitio de pipoca. Os parágrafos e estrofes que giravam pelas espirais, hoje navegam pelo ar em ondas digitais. Será que essas conversas são reais como barcos ancorados no cais ou tudo não passa de ilusão num mar de imaginação. O telefone toca, provoca, sufoca, invoca deuses e demônios. O telefone é agonia, é busca e procura, é fantasia, é suspense sem cura. É ranhura que arranha por dentro. É cavalo salteador que ninguém segura. É o estopim da loucura. ...
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06/10/2010 - Lá como cá

Lá como cá o pássaro canta na galha do ingá. Lá como cá dão vivas a Oxalá. Lá como cá o povo se vale do patuá. Lá como cá o sabiá conta em lá. Lá como cá alguém diz que dá. Lá como cá o sol morre detrás do jatobá. Lá como cá existe a promessa de um mundo acolá. Lá como cá tem quem siga o aiatolá. Lá como cá tem bebê pra babá. Lá como cá tem muito bafafá e blábláblá. Lá como cá tem vôo de biguá. Lá como cá tem assombração de boitatá. Lá como cá tem investida de lobo guará e carcará. Lá como cá tem morena dos olhos de cajá. Lá como cá era uma vez um tempo que há....
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05/10/2010 - Ciclo vicioso

Amanheceu outra vez numa mais que completa desfaçatez. E o mundo que se desfez, pôs-se a rodar motivado pela embriaguez de um trago a mais. Um trago a mais de noite. Noite de escuridão e neon. O balé das sombras ressaqueadas vai se perdendo nos primeiros raios de luz. Salvação para uns, cruz para outros. A cada novo dia é assim. Milhares de boêmios, pirilampos e outros notívagos vagando pelas ruas sem fim como vampiros fugindo do sol. Milhares de olhos e bocas querendo um pouco mais de lua para beber, para comer, para ter prazer. ...
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