13/10/2010 - É preciso resgatar Camões
Pegue todos os “eu te amos” ditos durante 24 horas diante dos olhos da pessoa amada e os some ao “eu te amos” ditos de forma inconsciente pelos cantos solitários da cidade, de forma saudosa ou platônica. Chegando a esse resultado, acrescente a soma de “eu te amos” escritos em cartas ou emails, disparados por meio de celular ou garrafas náufragas. O somatório de declarações é grande, no entanto, ainda é preciso acrescentar os “eu te amos” não ditos, apenas pensados ou, quiçá, sonhados.
Não tenha medo de fazer essa conta. Eu sei que os números são de enlouquecer tamanha a grandiosidade dessa matemática. Ninguém irá cobrar impostos por essa quantidade de amor, tampouco criar formas de combatê-la. O que eu quero demonstrar com esses cálculos todos é que o amor existe e é invocado em todo lugar, em toda hora. No entanto, esse amorosidade toda não corresponde à realidade de guerras e sentimentos menores que vivemos.
O amor está se desfazendo entre outras prioridades; o amor está se apagando de forma muito rápida; o amor está ficando superficial e mecânico como uma mensagem de celular. Eu não quero um amor enxuto de twitter. Eu não quero esses amores virais, com prazo de validade, espalhados por emails. Eu não quero amores genéricos, burocráticos, profissionais. Eu não quero amores de massa, de mídia, de rede. Eu não quero amores como estes que resultam essa grande soma de “eu te amos”.
Eu quero o amor raro, em extinção, daqueles que andam na contramão do ritmo mundano, daqueles que não encontram mais espaço nos veículos de comunicação, daqueles que não se aprende na escola. Eu quero o amor natural, puro e nu como fogo que arde e não se sente.
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