Daniel Campos

Prosas

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23/10/2010 - Pinte um sorriso

Pinte um sorriso neste rosto dês-sorriso. De preferência, num tom quente e num estilo renascentista, daquele capaz de renascer das cinzas. Pinte um sorriso delicado, mas capaz de crescer vertiginosamente a ponto de chamar atenção de um beijo. De um beijo perdido e desesperado ou guardado e esquecido. Pinte um sorriso neste rosto tirando qualquer traço de tristeza no ar. Pinte um sorriso simples, destes que sorriem simplesmente porque gostam de sorrir.

Pinte um sorriso leve, límpido e duradouro. Pinte um sorriso diferente. Pinte um sorriso jardineiro, erguido de pétala em pétala. Pinte um sorriso arquitetônico, engenhoso, artístico. Pinte um sorriso em perspectiva. Perspectiva de encontro. Pinte um sorriso dobrado, molhado, nascido para sorrir. Pinte um sorriso silencioso daqueles que cantam somente ao pé do ouvido. Pinte um sorriso ao ritmo do vento. ...
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22/10/2010 - A invenção ou não do horário de verão

O primeiro dos sintomas visíveis é uma constante abrição de boca, como se a criatura em questão tivesse sido tomada por um quebranto daqueles. Olhos pesados, com quilos e quilos de areia sobre eles. Uma sensação de que se acordou no dia errado, na hora errada, no lugar errado. Parece que lua e sol se desentenderam, burlando as regras de seu platônico e milenar matrimônio. Uma vontade súbita de dormir ou ao menos cochilar. Um desejo contínuo de não se ir a lugar algum. Preguiça deixa de ser pecado para ser uma condição existencial. ...
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21/10/2010 - Capítulo 56

- Você acredita mesmo que tudo é culpa dos espíritos?

- Tudo é uma palavra muito forte. Agora, de certa forma, o mundo físico sofre, segundo a segundo, influências do mundo espiritual em intensidades e modos diversos. É muita inocência acreditar que não existe uma força ou, melhor, um leque de forças por detrás de nossa existência.

- Você sofreu influência de algum espírito ou de alguma dessas forças que se refere para matar monsenhor Mariano?

- Eu não o matei. ...
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21/10/2010 - Nos meus braços

Nos meus braços lhe levei por campos e desertos. Nos meus braços lhe levei por metrópoles e vilarejos. Nos meus braços lhe levei por acidentes psicológicos e geográficos. Nos meus braços lhe levei por lugares nunca dantes habitados. Nos meus braços lhe levei por constelações romanas e gregas. Nos meus braços lhe levei para além dos véus de Maya. Nos meus braços lhe levei para o fim e o início do mundo. Nos meus braços lhe levei por terras sagradas e amaldiçoadas. Nos meus braços lhe levei para um tempo sem medo nem sofrimento. ...
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20/10/2010 - Picadinho

Depois do nosso show, do nosso filme, do nosso teatro, mulher, que tal um picadinho pro jantar? Pedacinhos de carne cortados na ponta da faca e dourados no óleo acompanhado de arroz, ovo poché, couve, farofa e banana à milanesa. Não importa se comida de pobre ou de rico, só sei que só o seu picadinho para alimentar a minha boêmia, substanciando corpo e espírito no que diz respeito às paixões de meia-noite. O picadinho pode e deve ser servido à luz de velas, afinal seu encanto morre ao raiar do dia. ...
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19/10/2010 - Por todas as horas

Por todas as horas eu hei de rogar-lhe proteção. Por todas as horas dos meus relógios físicos ou químicos eu hei de ficar ao seu lado e desejá-la ao meu lado. Por todas as horas de sóis e luas eu hei de amanhecer-lhe e chover-lhe palavras de afeto. Por todas as horas de fora e de dentro eu hei de implorar para que ninguém lhe leve de mim. Por todas as horas do que sou e do que sei hei de pedir mais e mais tempo para nós. Por todas as horas e universos eu hei de compor-lhe versos. Por todas as horas eu hei de afugentar a saudade. Por todas as horas do firmamento eu hei de eternizá-la como uma paixão além tempo. ...
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18/10/2010 - Xexéu

Maria Eduarda ganhou um pônei. Esqueceu do colo da mãe, das brincadeiras do pai, dos mimos da avó. A menininha de quatro anos se identificou de tal forma com o mini-cavalo branco que os familiares, os amigos e, até mesmo, os brinquedos tiveram que se adaptar a nova realidade. Ela coloca as bonecas para cavalgar e, de forma bastante benevolente, permite que as amiguinhas cavalguem em Xexéu, o qual ela chama carinhosamente de “Xéu”.

Foi o melhor presente de Dia das Crianças de sua vida, embora tenha só quatro anos. Um vizinho construiu um estábulo, outro trouxe jacas de milho e feixes de capim. Seu avô lhe deu um pelego lindo, cor de rosa. Aquele pônei em seu quintal fez de seu mundo um mundo encantado, assim como aqueles mundos das histórias de ninar e dos desenhos da televisão. Como ela não se contenta com o básico, está tentando ensinar o cavalo a falar e a dormir deitado. Até agora não teve muito sucesso, mas não está disposta a desistir. ...
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17/10/2010 - Conseqüências do amor

Por amor, você perde o sono e a fome. Por amor, você pisa em nuvens. Por amor, você vira seu mundo de ponta-cabeça. Por amor, você mora junto. Por amor, você faz tudo junto. Por amor, você não sabe onde começa a sua vida e termina a de seu par. Por amor, você constrói uma união absoluta, cega e subjetiva. Por amor, você fica calma e seguro ou desesperado e inseguro. Por amor, você cede. Por amor, você luta. Por amor, você arrisca. Por amor, você passa a ter medo e ao mesmo tempo ganha em coragem. Por amor, você reza, suplica, acredita em outras vidas e dimensões....
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16/10/2010 - A mulher de Damasco

A mulher de Damasco não é uma mulher fruta rica em fibras, com poucas calorias e que se oferece de forma seca ou fresca. Pelo contrário, a mulher de Damasco guarda em si o sal e o amargor de milênios de conflitos por território, liberdade e religião. Encontrar o doce da mulher de Damasco é uma tarefa difícil e perigosa, que pode levar o aventureiro à morte. Afinal, a mulher de Damasco fica 680 metros acima do nível do mar e é cercada por desertos e cordilheiras. Para conquistá-la é preciso muito suor, além de resistir ao clima semi-árido que ela impõe aos seus supostos conquistadores. Além disso, ao invés de um céu azul mediterrâneo, a mulher de Damasco é sempre envolta de uma estranha neblina, nublando atos e pensamentos alheios....
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15/10/2010 - Pé de arara

Há árvores que dão mangas, castanhas, jabuticabas, flores, sementes, sombras e araras. Araras? Isso mesmo. Uma árvore seca lá de casa depois de morrer deu pra dar araras. Araras azuladas, araras cobertas com plumagens verdes, araras de peito avermelhado. Não sei de onde esses papagaios coloridos surgem, tampouco pra onde vão. O que sei é que elas se dependuram nos galhos como frutos e explodem em cores como uma floração primaveril. E mais: elas cantam e conversam entre si enquanto escorregam pra lá e cá num balé morfológico, biológico e comportamental capaz de deixar qualquer um boquiaberto. ...
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