Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 301 textos. Exibindo página 25 de 31.

Soneto do juramento

Só, morro sem ostentar o teu encanto
Adoeço ausente a tua doce presença
O silêncio é o meu único e último canto
E a saudade uma falsa e urgente crença.

Da minha dor sou palco e personagem
Da ilusão das bocas nuas sou naufrago
Ao estibordo alivio ainda o dissabor
Que avança em olhar triste, negro e vago.

A alma grita doando-se para a morte
Estrelas deságuam na escuridão
Pobres palavras minhas, não são fortes.
...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do leito

Quero um soneto que caiba no leito
Da mulher amada. Ah! Que seus sonhos
Rimem ricos com loucos devaneios
Que seus sonhos todos tenham proveito

Nas estrofes que cruzam em suas pernas
Que suas costas sejam versos dispersos
Que para o bem haja um que de perverso
E perversidão e pervirtude terna

Nisso tudo. Que os olhos calem fundo
E escorram quentes em letras vulcânicas
Pela erupção da poesia deste mundo

Da mulher amada. Que cante em coro...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do passario

Acauã anacã manhã maracuã
Voa dançador, voa e dança do-ré-mi
Voa gurundi pra galha da avelã
Trem bem-te-vi nos chama ali piuí

Diz tagarela pinta pintaroxo
Trinca ferro trinta reis triste pia
Noite noitibó, cantoria no coxo
Curió, perto do pé da cotovia.

Bica bico de lança, canta cuco
Esgarça garça, ralha dona gralha
Sobe papa-açúcar, pula macuco

Zomba zombeteiro, voa seu chopim
Chora-chuva, foge rabo de palha...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do pássaro de orfeu

Tudo nessa vida é só e só ilusão
Ilusão de quem tece o amanhecer
Que amanhece no dó de uma canção
Que assovia bocas de amor e sofrer

A vida é o violão que num longo braço
De aço casa em casa se põe a chorar
Porque mestre orfeu, deus ritmo compasso,
Perdeu eurídice ao samba de além-mar.

Quem canta chora o choro de um ateu
Quem chora canta o canto de rapina
Porque a música é o pássaro de orfeu

Doravante a vida é nota partida...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do pastoreio

Falei. Foi de amor eu sei que pequei
Quanto pecado em nossa última vez
Esperei. Você se escondeu e eu me dei
Num tempo vil que depois nos desfez

Você para lá. Eu para cá. Sozinhos
E agora eu parto à procura de um parto
Buscando o segredo do pergaminho
Feito na língua do pecado. Mato

Em nome de uma tentação traidora
Que se converteu toda sedutora
Aos ouvidos de um padre inquisidor

Não sei se é exorcismo ou fio do destino...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do perigo

Mesmo com toda a dor, todo perigo
Mesmo com toda palavra não dita
Mesmo que a solidão esteja contigo
Por maior a descrença, faz-se bonita

Mesmo que o sonho caminhe ferido
Mesmo que o medo nasça com a lua
Mesmo que o amor se dê por vencido
Por maior as barreiras, é linda nua

Se lhe faltarem asas, desce ao chão
Se lhe faltarem céus, decresce ao fundo
Do nosso mundo e encontra uma razão

Para seguir em frente face aos ventos...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do relógio

Os ponteiros tropeçam, quase param
O sol não cede seu lugar à lua
Os bois do relógio a saudade aram
E até minha alma tarda a ficar nua

O pêndulo fraqueja em balançar
O céu cronometra o vôo das estrelas
O cão de lá rosna ansioso de uivar
E o moço chora às moças por não tê-las

As batidas do relógio não soam
O sol tenta por fogo na cidade
A tarde corre e as cigarras caçoam

E vem o silêncio e o não movimento...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do submundo

O amor é sombra negra, o vão e o alçapão
De um tempo triste que de amor insiste
O amor é um deus ateu é o céu que não existe
É fingidor e ainda o amor é ladrão

Ladrão do despudor que dá na gente
Ah pega! Pega o ladrão que nos furta
Os sonhos de creme e geme na curta
Duração do teu suspiro poente

O amor é o melhor disfarce da morte
Morre-se por amor todos os dias
Morre-se no azar e na própria sorte

Morre-se na poeira que nos sufoca...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do tesouro pirata

Quando eu, meu amor, descer pelas escadas
Do medo, suba à cauda de um pecado
E entre os tantos desencontros da estrada
Vamos ver quem chega primeiro ao lado

Da felicidade que foi escondida
Dentro de um baú de tesouro pirata
Lá na ilha escondida caída perdida
Onde nenhum sonho altaneiro atraca

Quem achar primeiro essa divindade
Que reparta e doe ao outro o suficiente
Pra derrubar o reino da saudade

Que navega feito a grã-capitã...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Soneto do trem

Tem dias em que se acorda e corre aos trilhos
Dormentes e correntes da estação
Que dá lá no fundo do sol de milho
Que atiça e iça a nossa imaginação.

Corre sem despedidas nem bagagem
Corre paralelo ao trilho que escorre
Que vai e vem e vai cortando paisagem
Em destinos tortos, mortos de porre.

De repente o azul, de repente o apito
E vem o trem do sul e seus vagões
Gemendo aflito nosso amor em grito

Corre uma gente que sobe e que desce...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   23  24  25  26  27   Seguinte   Ultima