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Encontrados 254 textos. Exibindo página 17 de 26.
13/06/2011 -
Pós-dia dos namorados
Onde, onde estão os namorados de ontem? Será que ainda se beijam? Será que as palavras dos cartões de amor continuam válidas? Será que as juras não foram juradas em vão? Onde, pelo amor de São Valentim, onde estão os namorados de ontem? Será que festejam o amor amanhecido, que resistem ao tempo e ao espaço das coisas. Será que o amor bandido finalmente virou amor herói. Será que o amor doente já se curou? Será que o amor proibido enfim se libertou?
Ontem os namorados estavam felizes, trocando presentes e votos de felicidade, mas e hoje? Como estão? Para onde vão? Quem são? Será que as flores brotaram ou murcharam? Será que as alianças seguem nos dedos ou já estão nas gavetas? Será que o gosto que ficou dos bombons foi doce ou amargo? Será que as peças de roupa foram vestidas de pronto, guardadas ou rasgadas? Será que os sapatos saíram para dançar ou foram chutados para debaixo da cama? ...
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10/06/2011 -
Presentes de aniversário
Se pudesse pedir um presente de aniversário, pediria uma passagem, só de ida, com direito a acompanhante, para um mundo com menos hipocrisia e mais amor e poesia. Se pudesse, pediria um disco inédito de Tom Jobim ou um uísque na companhia de Vinícius de Moraes. Se pudesse, pediria um novo começo. Se pudesse, pediria uma janela para o infinito. Se pudesse, pediria as cores de Monet e a inocência de Renoir. Se pudesse, pediria para o tempo não correr de forma cronológica. Se pudesse, pediria para viver para sempre no sítio que ficou perdido numa dobra do tempo chamado infância. ...
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03/06/2011 -
Procurando um anjo
Hoje, ela amanhece sem querer amanhecer. É como se as sombras de uma noite, que ficou tatuada em sua memória, encobrisse seu dia por completo. Somente as lágrimas, tão finas quão frias, são quem consegue romper a névoa de seus olhos. Hoje, essa mulher prefere não dizer nada. Cumpre o seu dia olhando para o passado, tentando compreender pela enésima vez o que aconteceu, buscando conforto num oceano de saudades e perdas, empenhando esforços para escrever outro final...
Hoje, ela dói por completo e se deixa doer. Seu cheiro é de dor, seus gestos são doridos, seus pensamentos são doloridos. Uma tristeza que pede colo e que, ao mesmo tempo, convida-a aos braços da solidão. É como se sua alma se encolhesse toda dentro de seu corpo deixando inúmeros espaços vazios. Ela remói os acontecimentos, obtém um suco amargo de realidade e se embriaga de uma ausência sem remédio. Ao longo do dia olha sucessivas vezes para dentro e para o alto, em busca de um céu....
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Comentários (1)
27/05/2011 -
Palavras à mão
Quando escrevo, esqueço as teclas do teclado. Penso somente na caneta deslizando, como uma bailarina, pelo papel sem pautas. Em cada variação de letra ou em cada pausa mais corrida, deparo-me com a manifestação explícita do sentimento. Escrevo ao ritmo do vento que me dita linhas e versos. Um ritmo que varia, que oscila, que palpita. Não me preocupo com a caligrafia, minha letra segue quase ilegível até mesmo por mim. É como um código poético, aberto apenas pela chave da alma.
Letras correntes como água vinda da fonte. Letras lançadas ou cravadas na página, conforme o impulso, o instinto, a inspiração dominantes. Ao contrário do barulho das teclas pressionadas pela ponta dos dedos, o choro do parto das palavras nascidas do ventre das mãos. As palavras vão se acomodando sem muita ordem. Qualquer obediência às regras da formatação poderia por fim ao processo criativo em curso. Escrever à mão é uma tarefa delicada como esculpir um rosto ou prescrever uma receita médica. ...
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21/05/2011 -
Particularidades
Eu não bebo coca-cola. Eu não fumo hollywood. Eu não quero aparecer na rede globo. Eu não moro perto do central park. Eu não ando de lamborghini. Eu não tenho um monet na parede da sala de estar. Eu não leio grego. Eu não cheiro a chanel. Eu não como mcdonald’s. Eu não comemoro com uma flute de champagne. Eu não visto levi’s. Eu não sou sócio do barcelona. Eu não caso goiabada com queijo roquefort.
Eu não enxergo pelas lentes dos óculos da cristian dior. Eu não passo meus fins de tarde na sacada de uma cobertura olhando os jardins de luxemburgo. Eu não como sobremesa numa taça de cristal de baccarat. Eu não ouço putini. Eu não sou Eu não faço cooper de nike. Eu não danço no festival de berlim. Eu não caibo numa bolsa louis vuitton. Eu não comungo na catedral de notre dame. Eu não vejo as minhas horas num bulgari. ...
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17/05/2011 -
Preciso de um texto
Eu preciso de um texto. Por favor, me dê algumas palavras. Onde eu posso encontrar algumas rimas? Eu não quero comprar um amontoado de frases nas gôndolas do supermercado, eu quero colher frases nas gôndolas de Veneza. Eu preciso de uma hemorragia, ou melhor, de uma verborragia de diversos tempos, do pretérito imperfeito ao futuro mais-que-perfeito. Proseie, mas proseie muito, pois preciso de sua prosa e também de seus silêncios. Vou abrir gavetas, baús, armários em busca de vírgulas, pausas, exclamações, aspas... Eu quero subir num pé de poesia e apanhar os poemas mais suculentos, independentemente se verdes ou maduros. ...
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24/04/2011 -
Pessach
Nossa Senhora Auxiliadora, passa por nós. Passa por nossos caminhos, por nossas vidas, por nossos destinos. Passa em nossos corações, em nossos pensamentos, em nossas feridas. Passa nos trazendo transformações e boas-novas. Passa, mãe do divino auxílio, curando, amando e perdoando os filhos teus. Passa com toda pureza que há. Passa operando milagres. Passa e areja o ambiente. Passsa cheirando à flor e cheia de luz.
Nossa Senhora Auxiliadora, passa por nós. Passa por nossos mundos coletivos e particulares. Passa pelo nosso íntimo. Passa semeando afeto. Passa nos fazendo passar pelas pedras, pelos espinhos, pela falta de chão. Passa, rainha do divino auxílio, deixando dores corporais e atemporais para trás. Passa e abre uma nova estrada. Passa germinando um novo tempo. Passa e renova todo e qualquer sentimento que valha à pena. ...
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18/04/2011 -
Prosador
Como um caçador da saudade, sento-me diante da máquina e busco a mulher amada, em momentos vividos ou somente imaginados, pelas teclas que se espalham sob minhas mãos. Como não sou de fumar, não tenho o artifício do cigarro. Como minha sala não tem janela, não vejo estrelas ou ondas de pássaros ou de um mar bravio. Sou eu e meus sonhos e minhas lembranças dividindo a mesma cadeira. Alívios e correrias. E é assim que letra a letra, espaço a espaço, ponto a ponto, vou compondo-a numa crônica, num conto, num poema... ...
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03/04/2011 -
Passos de alfazema
Em algum lugar da minha memória genética, real, hipotética, carnal, física, imaterial, afetiva ou proibitiva, a cidade me amanheceu cheirando à alfazema. Entre o dilema dos romances, o desbotado das fotos e o desenrolar dos filmes, das matas às ruas baratas a cidade se perfumou. E a fragrância durou o tempo, breve e necessário, de uma mulher passar pelo perímetro dos meus olhos. Passou como quem não quer nada e quer tudo ao mesmo tempo. Passou como passa o vento, dobrando árvores, arrastando emoções, ouvindo apelos, embaralhando letras e ouriçando os cabelos. Passou deixando tortas as sarjetas que se jogaram aos seus tornozelos. ...
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01/04/2011 -
Pássaro sem asas
Pássaro sem asas, isto é o que sou. Um condenado ao solo. Vou e não vôo. Presa fácil. Alguém que flerta com o céu e não pode tê-lo. Como seria bom deslizar por correntes de ar em feitio de um veleiro. Mas não tenho asas ou velas que me ascendam aos anjos. Sou apenas um pássaro sem asas. Um ser incompleto e limitado. Ao contrário de transitar por entre nuvens, encho-me de ferrugens. Ao contrário de ser nômade, pegando carona no vento, tenho endereço fixo e pés com funções de raízes.
Daqui de baixo, tento criar uma gramática própria para me comunicar com o pássaro pleno que eu não sou. Que eu não pude ser. Mesmo de longe, as aves me dão um novo conhecimento de mim e do mundo. O decolar, o planar, o aterrissar, enfim, o balé de um pássaro reproduz sons e, consequentemente, palavras que os ouvidos humanos não são passíveis de compreender. Mas eu, que sou metade homem metade pássaro, tenho sonhos pesados demais para voar e um coração alado, aprisionado em um peito. ...
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