Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 16 de 26.

21/09/2011 - Para lhe ver sorrir

Vou a Paris pedir pessoalmente para Claude Monet lhe pintar um sorriso impressionista. Hei de percorrer Ipanema até que Vinícius de Moraes lhe escreva um sorriso-soneto como era o seu, livre de qualquer métrica? Será que Mikhail Baryshnikov lhe ensinaria a sorrir na ponta dos pés? Quem sabe Tom Jobim não tenha um sorriso-canção inédito entre as teclas de seu piano. Com sorte, Mario Lago, vai lhe dizer como encenar um riso farto, capaz de convencer sua alma do estado de uma pseudofelicidade.
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15/09/2011 - Presença da ausência

Pelo restante dos meus dias caminharei a sua procura num vício sem cura. Acordado ou dopado de sono, em pé ou tombado de abandono, com uma multidão de eus ou sem dono, hei de segui-la. Pelo restante dos meus dias rumarei pelos seus passos sofrendo e provocando embaraços de terceiro grau. Pelo canavial, pelo astral, pelo carnaval, pelo temporal hei de procurar suas marcas, suas pistas, suas evidências...

Pelo restante dos meus dias lutarei para me lembrar do que foi hoje, ontem, anteontem e do que será amanhã. Vencer a amnésia e o ceticismo que se fortalecem com o passar dos dias. Pelo restante dos meus dias buscarei cada detalhe seu, cada minúcia, cada gesto e palavra pendente no ar. Hei de colecionar em uma tatuagem sentimental suas bobagens, suas imagens, suas paisagens, suas chuvas e suas aragens....
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28/08/2011 - Pai Joaquim das Cachoeiras

Toca o sino, bate o tambor, Pai Joaquim das Cachoeiras chegou para abrir minhas porteiras. Eê preto velho, filho de Xangô, guarda as águas das cachoeiras que formam o grande rio onde Oxalá se batizou. Veio do raio de Olorum para lavar toda inveja, todo mau-olhado, todo mal que ficou.

Pai Joaquim veio, sob o comando de Iemanjá, para limpar tudo de ruim que fulano me jogou. Cicrano me amaldiçoou, livrai-me Pai Joaquim. Afasta esse encosto de mim. Beltrano me esconjurou! Pai das Cachoeiras, do ramo do povo das águas e das sereias, fui eu quem lhe chamou. ...
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13/08/2011 - Peoa de boiadeiro

De um jeito um tanto queixudo, ela chega e se apresenta em meia dúzia de versos improvisados. Menina peoa nascida no interior do interior em berço caipira. Mulher parceira, adolescente tranqueira. Moça xucra, que pisa nos homens como se pisasse no chão duro. Pisa firme. Pisa forte. Pisa doído. Nem boi bandido nem peão malandro domam seu coração nem lhe tombam na arena em dia de apresentação.

Amassando lama ou levantando poeira, gosta do mato e noiva com o sertão toda noite de lua cheia. Chega a chorar ouvindo violeiro pontear histórias de solidão. Mulher ajeitada e aporrinhada, de corpo bitelo, chega a dar febre nos peões de boiadeiro. Não é de negar pulo. É de rodeio, mas não é de cancha. Encara boi xucro e cavalo velhaco no laço de sua corda americana. Seu colchão é de feno, sua cama é cigana. ...
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06/08/2011 - Pintada de sol

Há anos seu corpo não vê tinta. Não me falo das tinturas de cabelo ou dos esmaltes das unhas. Também não me refiro aos batons cor de carne, tampouco aos pós e lápis que usa no rosto. Falo unicamente do sol. Há quanto tempo seu corpo não toma um banho de tinta solar? Está tão mais próxima da lua do que do astro rei nos últimos anos. Sua pele anda pálida, fria, sombria. Não que eu não admire os mistérios lunares e os corpos lunáticos, mas fico preocupado com essa sua falta de cor, com essa sua tendência ao transparente, ao nude, ao oculto, ao invisível......
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27/07/2011 - Passe amanhã

Hoje eu não tenho um texto para lhe dar. Passe amanhã, por favor, me perdoe. Hoje a inspiração me faltou. Problemas do dia a dia. Estresse. Fatiga. Correria. Não choveu e eu sempre escrevo melhor quando o dia dá em chuvoso. Acabou a bateria da minha fantasia. Também não tive ajuda espiritual. Meus guias devem estar ocupados com o caos do mundo. De ontem pra hoje, comigo não aconteceu nada desigual a ponto de valer uma crônica. Minhas personagens de contos saíram de férias.

A minha cabeça falha. Meu humor anda no fio da navalha. Impossível tirar um texto da cartola, ou melhor, da memória. Nem as músicas foram capazes de me deixar à flor da pele. Nem os uísques conseguiram dar lucidez aos meus sentimentos. Como a bola de cristal de uma vidente charlatã minha alma não diz nada. E vem uma preguiça, um mal estar, um enjôo do obvio. Coisas físicas e temporais. Olho ruim. Inveja. Coisa feita. Fecharam meus caminhos e minha mãe-de-santo está de recesso. ...
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26/07/2011 - Presente de aniversário

Um aquário? Um relicário? Um dromedário? Como lhe presentear neste aniversário? Um abecedário, um confessionário, um canário? Um balneário, um orquidário, um beijo panfletário? Um solitário, um dia sedentário, um amor coronário? O que quer de presente de aniversário? Um anedotário, um antiinflacionário, um documentário? Um sonho portuário, um buquê incendiário, um destino totalitário?

Se quiser eu inverto o horário, invento outro calendário, mudo por completo o itinerário, só para lhe presentear neste aniversário. Se bem quiser eu levo seus adversários ao calvário, escrevo o obituário de seus medos e transformo seus carmas em presidiários. Se mais quiser eu reúno seus partidários, seus operários, seus signatários e construo um brumário ou um santuário como presente de aniversário. ...
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14/07/2011 - Pedaços, buracos, vazios...

Era como se lhe faltasse um pedaço. Ele tinha dois braços, duas pernas, um nariz, uma boca. Parecia completo. No entanto, só parecia. Levava um vazio no peito. Tinha uma esposa, filhos, parentes, amigos. Trabalhava no que gostava e viajava pelo mundo. Mas isso não era suficiente. Faltava algo que ele não sabia explicar. Talvez um perdão. Mas ele não fazia mal a ninguém e também não guardava rancor. Era difícil roubar-lhe a paciência, o sono, o sorriso.

No entanto, seu sorriso tinha sempre um pontinho amarelo. Faltava-lhe algo. Mas como? Casou-se com a mulher pela qual é perdidamente apaixonado desde a juventude. Mora na casa que construiu do seu jeito, no lugar que queria. Tem a coleção completa dos Beatles e todos os sonetos de Shakespeare. Como o que tem vontade, bebe até se dar por satisfeito, fuma quando lhe dá na telha. Conta com uma quantia gorda em sua conta bancária e é motivo de inveja. ...
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04/07/2011 - Pardon

Pardon, se ultimamente tenho dito menos eu te amo do que eu gostaria de dizer ou do que você gostaria de ouvir. Pardon pela minha pressa, pela minha constante falta de tempo, pela brevidade de tudo. Pardon por tantas reclamações, por tantas indefinições, por tantas divagações. Pardon pelo que fiz e também pelo que não fui capaz de fazer. Pardon pela cara fechada, pelo humor impreciso. Pardon pelo excesso de choro e pela escassez de sorrisos.

Pardon pelas promessas não cumpridas e pelas sucessivas despedidas. Pardon por pensar que você pode se perder ou se quebrar a qualquer instante. Pardon por tentar lhe proteger a qualquer custo. Pardon pelos vôos altos e pelos pousos forçados. Pardon por eu viver num mundo irreal, abstrato e puramente sentimental. Pardon por querer que você acredite no que eu acredito. Pardon se eu não sou um conto de fada ou uma comédia romântica, mas um drama pesado. ...
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01/07/2011 - Pensando em você

Eu penso em você por todo tempo, como necessidade e regra, mas é no acaso que lhe encontro em minha cama, em minha rua, em minha lua. Sim, eu tenho uma lua de sete fases em meu céu. Eu lhe encontro, segundo a segundo, em minha frente, ao meu lado, nas minhas costas. Eu lhe encontro ora acima ora abaixo de mim. Eu lhe encontro, lhe amo e lhe afronto, lhe chamo num canto e lhe faço um conto que me deixa tonto.

Eu penso, analiso, sonho, imagino, cultuo você a todo instante. E meu corpo, do fígado à alma, vibra diferente quando o assunto é você. Mesmo longe, eu comungo o seu pão, o seu sangue. Eu penso em você, peco e peço perdão. Esses pensamentos me embriagam e, me naufragam e me afagam possibilitando a minha existência. Pensar em você é um alento, um instrumento de contentamento, uma espécie de antilamento. ...
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