Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 15 de 26.

19/01/2012 - Paixão de confeiteiro

Hoje eu quero uma ganashe de olhares, com olhos amargos e doces, comestíveis ou decorativos. Hoje eu quero beijos de marzipã em lábios de açúcar de confeiteiro. Hoje eu quero cabelos que escorram como calda de açúcar caramelado. Hoje eu quero um corpo que ferva como leite e que derrame sobre o meu. Hoje que quero sentimentos que se incorporem aos meus numa mistura homogênea em poucos segundos. Hoje eu quero reduzir em 1/3 o volume inicial de saudade que trago em mim. Hoje eu quero coar meus pensamentos, descartando tudo o que possa desandar a receita. ...
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12/01/2012 - Palavra de Xangô

Ninguém pode dizer que não sabia. Ainda no ano passado Xangô mandou avisar que ia fazer reboliço na justiça dos homens. O caos no Judiciário é resultado das machadadas do deus do trovão. Escândalo, baixaria, corrupção. Xangô não perdoa. Não tem misericórdia. Xangô é duro, austero e violento, justiceiro como ele só. O rei do fogo tem a mão firme na hora de julgar e proceder. Troca de acusações. Denúncias. Disputa de poder. Da crise da justiça nascerá uma nova justiça. Kawó-Kabiesilé Xangô!
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05/01/2012 - Paixão italiana

Nem mesmo as décadas de distância conseguiram apagar as lembranças de sua língua. Mantinha um forte sotaque italiano. Aliás, para ela, certas palavras só existiam em seu idioma natal. Qualquer um ao abrir sua janela da sala enxergava um amontoado de prédios e ruas abarrotadas de carros e pessoas num constante vai e vem. Já ela via uma paisagem completamente diferente, bucólica, com campos verdes e casas de pedra. É como se aquele tempo se encontrasse intacto dentro de sua cabeça. Um primor.
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04/01/2012 - Pranto de macaúba

Lá no fim da estrada tem um pé de macaúba, uma toca de coelho e a casa de uma viúva que fez votos com o silêncio. Lá, o mato passa da linha da cintura, o canário canta estalado, a lua parece um queijo do sertão. Lá pros fundos da mata corre um riacho com peixe bom. Tem história de curupira e de martim pescador. Quando chega o inverno, a geada cobre o campo numa invernada de trincar os ossos. A cadeira de balanço da varanda balança entre passado e futuro. Volta e meia do fogão a lenha da senhorinha sai um tabuleiro de bolo de fubá, uma caçarola de feijão e uma bacia de torresmo. ...
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27/12/2011 - Pra confundir

Eu não sou daqui. Eu não vim de lá. Eu não me conheço. Eu não sou de ter endereço. Eu ainda não descobri o meu preço. Eu não sou de falar. Eu não sou de sorrir. Eu não tenho direito ou avesso. Eu não tenho nome, sobrenome, codinome. Eu não tenho sede, não tenho fome. Eu não tenho som. Eu não tenho santo. Eu não tenho dom. eu não sou de encanto. Eu não sou de telefonar. Eu não sei pedir. Eu só faço blefar. Eu não sou de fugir. Eu não sou de cair. Eu nasci para dançar.

Eu não sou deste mundo. Eu não vim desta vida. Eu não começo sem terminar. Eu não apareço no espelho. Eu não sou de chuva. Eu não nasci para viúva. Eu não sou da lida. Eu não sou raso, não sou profundo. Eu não sou de dobrar o joelho. Eu sou o livro que não li. Eu ainda não me descobri. Eu não sou de não me apaixonar. Eu não fotografo bem. Eu não sou de ficar refém. Eu não sou da luz. Eu não morri numa cruz. Eu não sei esquecer. Eu não sou e desdizer. Eu não vivo para me entender. ...
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21/12/2011 - Primavera das sombras

A primavera se vai cheia de dor, carregada pelas águas das chuvas. A primavera corre pelas enxurradas e é engolida pelas bocas de lobo e se mistura ao barro, ao esgoto, ao lixo. No final das contas, a primavera, mesmo sem querer, causa mortes e medo e pranto. Será que a primavera não é tão boazinha quanto parece? Será que há algo de Alfred Hitchcock na primavera ou tudo não passa de um mal entendido. A pergunta é coerente, pois o período da primavera está cada vez mais associado a desastres naturais do que propriamente a jardins floridos e perfumados. ...
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18/12/2011 - Pelo avesso

O que eu quero, desquer. Troca meu gosto pelo desgosto. Se eu vou, não sai do lugar. Quando salgo, adoça. Qunado avanço, blefa. Transforma meu sonho em pesadelo e vice-versa. Se eu beijo, morde. Se eu mordo, assopra. Se eu mordo, assopro. Se eu sopro, chove. Se eu chovo, não molha.

O que eu busco, já tem. Se eu mio, late. Sofre quando sorrio. Gargalha a cada pranto meu Se despe quando visto. Quando sou verdade é mentira. Quando recuo, provoca. Quando pego, foge. Quando rolo, enrola. Enquanto colo, rasga. Quando morro renasce. Na hora que acordo, hiberna. ...
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09/11/2011 - Perdido

Já não sei mais o que pensar, para onde ir, o que querer. Tudo se desmancha no ar. Tudo se perde pelo caminho. Já há mais espinho que flor por toda parte. E viver já deixou de ser uma arte há muitos anos. Meus planos deram errados e meu mundo parece girar fora de órbita. O que será do fim de tudo isso? Por que em tudo há uma falha? Por que atrás de uma boa intenção há sempre um boicote, uma inveja, um canalha? Por que não há anjo ou demônio que realmente nos valha?

Já não sei mais como conviver com tantas mentiras, hipocrisias, azias e más-digestões. Eu já tenho mais silêncios do que canções. Os vagões do meu trem estão cheios de angústias e aflições e respostas evasivas. Há sempre uma espera atrás de outras espera. Quem dera se minha vida não estivesse sempre nas mãos de alguém. Quem dera se eu não dependesse sempre disso e daquilo também. Quem me dera se não houvesse um porém separando o sonho da realidade....
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06/11/2011 - Perdi o trem

Estou atrasado, futuro do passado. Perdi o trem das coisas tentando entender o que não tem entendimento. Coisas do amor. Andei demais. Dormi demais. Sonhei demais. Bebi versos e notas de Milton Nascimento. Deixe-me levar pelos tambores de Minas, pelas meninas dos olhos das meninas, embalei a lua como criança nina uma boneca pequenina.

Fiz questão de me desvencilhar do tempo no clube da esquina. Entre serestas e seresteiros dancei com um colombina que tinha lábios de goiabada e língua Rosa Guimarães. Entre um bocadinho de prosa e um trem de causos, puxei uma cadeira pra perto da saia de um fogão a lenha e num braseiro mulher deixei a vida passar despetalando o tempo em trens de bem e de mais bem me quer.


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18/10/2011 - Pensativas

É de aço ou de lã esse amor que me consome? É sólido e pesado e intransigente como aço. É macio, quente e cheio de meadas como lã. Vem do chão ou do céu esse amor que me move? Vem do chão quando brota feito lavoura depois da chuva. Vem do céu porque parece milagre, suspenso no peito. É solene ou informal esse amor que me envolve? É solene em seus ritos e rituais. É informal em sua casualidade, em sua espontaneidade, em seu jeito sem quê nem pra quê.

Está em mim ou fora de mim esse amor que me abraça? Está em mim como pedaço de meu corpo. Está fora de mim como um sopro. Está aberto ou fechado esse amor que me embaraça? Aberto quando tudo conflui a favor num esforço de dar certo. Fechado quando faz balanço e rebeldia. Está claro ou escuro esse amor que me enlaça? Claro quando se trata de coisas objetivas, práticas, reais. Escuro quando falamos em saudade, quando desço fundo na escuridão da alma. ...
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