Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 18 de 26.

23/03/2011 - Pra longe, vamos

Vamos pra longe, pra longe dos problemas. Dar adeus ao que o tempo esconde e se jogar na estrada. Vamos pra longe, pra longe dos dilemas. Colocar o sentimento na bagagem, comprar passagem para a mais apaixonada das luas. Vamos pra longe, virar à esquerda da terceira estrofe do poema. Vamos pra longe de todas as ruas que conhecemos. Vamos tomar rumo a partir do instante em que nos perdemos um no outro e nos envolvemos outro no um. Vamos pra longe, pra todos os lugares e pra lugar algum.

Vamos pra longe, pra longe dos velhos lençóis. Desatar os nós de marinheiros que os caminhos e descaminhos nos deram. Vamos pra longe, pra longe de cada um de nós. Inventar outro cotidiano, virar o ano, mudar o plano, entrar pelo cano, trocar o certo pelo engano. Vamos pra longe de um tempo a sós. Correr cidades, capturar momentos, redimensionar saudades. Vamos pra longe, pra longe no silêncio de um monge. Partir em segredo, sem medo de cair ou sorrir. ...
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23/02/2011 - Preste atenção

Preste atenção, não diga nem que sim nem que não, apenas ame. Ame sem pensar no minuto seguinte, no que ficou ou passou. Ame atemporalmente e achando-se ou não, perdidamente. Ame de forma ilusória subvertendo a ordem da própria memória. Ame de contração em contração, como que parindo um novo amor a cada gemido. Ame como as sombrinhas amam a chuva, com muita cor, exposição e dança. Ame sem se importar se o que vive é romantismo ou pieguismo.

Ame e chame por esse amor como a flor chama o fruto. Ame e, modéstia à parte, ame como a maior das amantes. Ame ponteando alegrias e martírios. Ame buscando completar a incompletude da vida. Ame privando-se de tudo o que não diga respeito a esse amor. Ame bebendo e comendo esse amor. Ame com todos os suspiros e ais que tiver direito. Ame entre babados e rendas, enrodilhando-se de redondilhas....
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21/02/2011 - Porque é segunda-feira

Porque é segunda-feira,

Hoje há alguém que acorda de mau, de mau humor, de mal da vida, de mau caráter. Hoje há alguém que acorda disposto a matar e alguém que acorda querendo morrer. Hoje há alguém que acorda sem querer acordar. Hoje há alguém que perde a hora. Hoje há alguém que nem acorda. Hoje há alguém que se perde no destino ou nos próprios pensamentos. Hoje há alguém que chora a tristeza de existir. Hoje há alguém que grita e ofende a mãe do juiz. Hoje há alguém que nasce disposto a atacar tudo e todos. Hoje há alguém que acha tudo sem gosto. Hoje há alguém que desconhece o próprio rosto. ...
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15/02/2011 - Por que escrever?

É preciso escrever para manter acesa a chama que me clama a me escrever. Escrever para sofrer e padecer e também para alcançar um misterioso prazer. Escrever para antever, para remoer e meio que sem saber o que escrever. Escrever para dissolver sua força bruta. Escrever a ler e a reler o que se pôs a fazer. Escrever para conter os canhões e render as solidões. Escrever para proteger os corações. Escrever para viver uma página a mais. Escrever para reviver os casais. Escrever para romper o silêncio. Escrever para satisfazer ou umedecer outros olhos. Escrever para tecer a arte com símbolos e óleo. Escrever para esquecer e para se lembrar do que está a se perder. Escrever para doer e para parar de doer. ...
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20/01/2011 - Paixão despedaçada

Depois de muito tempo e de um tempo muito, sangro minha boca de uísque. Uísque caubói como um dia imaginamos ser. Aliás, como um dia fomos. Uísque para lhe chamar, para lhe invocar, para lhe encontrar... Mais do que nunca, é preciso lhe pedir perdão. Perdão por não ter honrado a promessa feita diante de seus olhos verdes de nunca deixar seu império se perder. Seu mundo particular, feito de terra vermelha e fantasia, depois de mais de setenta anos, passa para mãos que não tem seu sobrenome e que não conhecessem sua história. ...
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19/01/2011 - Pirenópolis

Eu a vejo entre ruas estreitas, ladeiras de pedra e beiras de janela debruçando seus peitos nos parapeitos. Eu a vejo passar, dançar, beijar bocas de vento e solidão. Eu a vejo muda e cor ao passar pelas fachadas coloridas das casas e casarões. Eu a vejo badalar no sino da matriz e a rezar e a pedir e a perdoar e a sorrir e a pecar. Eu a vejo chorar na beleza das quedas d’água. Eu a vejo em silêncio e conversando na língua dos viajantes do espaço e do tempo.

Eu a vejo sendo festejada e disputada pelas cavalhadas. Eu a vejo usando o artesanato local. Eu a vejo com lábios açucarados pelos doces de compota. Eu a vejo beliscando biscoitos e outras quitandas. Eu a vejo correndo pelo cerrado caça e caçadora. Eu a vejo como um retrato em movimento. Eu a vejo entre a cadeia de montanhas e numa fantasia tamanha. Eu a vejo passar pela ponte do rio das almas e pousar passaramente em uma de suas pousadas....
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17/01/2011 - Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo...

Só a força do choro é tão forte quanto a força da chuva. As lágrimas rolam o rosto como as águas rolam os morros. A dor avança como avalanche, arrancando tudo, tomando tudo, arrastando tudo, devastando o mundo que há, ou melhor, que houve. Os deuses ganham os refletores. É a força dos deuses que são chamados, benditos e amaldiçoados. Há os que se conformam a partir dos deuses e os que se revoltam com os seres supremos. Ao longo desse cenário há quem busque estar ainda mais próximo ou ainda mais distante deles. ...
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27/12/2010 - Procura-se um conto

Há quem procure amores num banco de praça; bandidos por meio de cartazes e lugares em mapas geográficos e astrológicos. No entanto, eu, brasileiro, casado, profissão escritor, procuro por um texto. Um texto desaparecido, seqüestrado, roubado. Da última vez que o vi ele estava na tela do meu computador, bem guardado em uma pasta com segredo. Estava bem, ainda precisando de uma ou outra correção, mas praticamente acabado no que diz respeito à criação. Na verdade era um conto, mas não qualquer conto e sim um conto de fadas sobre uma menina que tinha pupilas coloridas. ...
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09/12/2010 - Para isso, aquilo

Para uma estrada sem fim, pés por asas de querubim. Para um amor se limite, homens e mulheres também sem limite. Para uma fruta madura, água na boca. Para uma realidade tediosa, uma noite louca. Para um vento solteiro, uma ventania. Para um sabor esquecido, uma lembrança. Para a falta de esperança, uma criança. Para um vestido, um nu. Para um girassol, um sol a girar. Para uma lua, um balão que flutua.

Para lábios ausentes, o conselho dos sábios. Para um carnaval fora de época, uma atitude sapeca. Para um edifício, um precipício. Para um naufrágio, um sufrágio. Para um sentimento que não se estanca, a eternidade. Para uma reza, a cura. Para um quadro de amor, um fado. Para uma prateleira de livros, olhos. Para um barzinho e um violão, o espanto da solidão. ...
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08/12/2010 - Partes e apartes

Parto. Partilha. Partner. Pelas partes do mundo eu vou. Pelas artes do fundo eu sou. Pelos fraques do moribundo eu estou.

E em que parte do todo ou em que todo da parte está você, filha de Sartre com Afrodite.

De champanhe em uísque, de pedra de gelo em pedra de vulcão, de cálice em taça eu tomo. Eu a tomo; tomá-la-ei. De beijo em abraço, de desejos em ensejos, de carne em espírito eu como. Como, cama, coma. De mordedura em rugido, de fera em louco, de primavera em gemido eu domo. Eu a domo dama minha. ...
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