Daniel Campos

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15/09/2011 - Presença da ausência

Pelo restante dos meus dias caminharei a sua procura num vício sem cura. Acordado ou dopado de sono, em pé ou tombado de abandono, com uma multidão de eus ou sem dono, hei de segui-la. Pelo restante dos meus dias rumarei pelos seus passos sofrendo e provocando embaraços de terceiro grau. Pelo canavial, pelo astral, pelo carnaval, pelo temporal hei de procurar suas marcas, suas pistas, suas evidências...

Pelo restante dos meus dias lutarei para me lembrar do que foi hoje, ontem, anteontem e do que será amanhã. Vencer a amnésia e o ceticismo que se fortalecem com o passar dos dias. Pelo restante dos meus dias buscarei cada detalhe seu, cada minúcia, cada gesto e palavra pendente no ar. Hei de colecionar em uma tatuagem sentimental suas bobagens, suas imagens, suas paisagens, suas chuvas e suas aragens.

Pelo restante dos meus dias chamarei seus nomes, seus olhos, suas histórias para perto de mim. Hei de escutar em mim seus chamamentos, seus benzimentos, seus sentimentos. Pelo restante dos meus dias tomarei sua vida, do nascimento à despedida, como minha propriedade poética. Hei de nascer morrer e renascer de uma saudade que ora é doença ora é milagre na presença da sua ausência.


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