13/08/2011 - Peoa de boiadeiro
De um jeito um tanto queixudo, ela chega e se apresenta em meia dúzia de versos improvisados. Menina peoa nascida no interior do interior em berço caipira. Mulher parceira, adolescente tranqueira. Moça xucra, que pisa nos homens como se pisasse no chão duro. Pisa firme. Pisa forte. Pisa doído. Nem boi bandido nem peão malandro domam seu coração nem lhe tombam na arena em dia de apresentação.
Amassando lama ou levantando poeira, gosta do mato e noiva com o sertão toda noite de lua cheia. Chega a chorar ouvindo violeiro pontear histórias de solidão. Mulher ajeitada e aporrinhada, de corpo bitelo, chega a dar febre nos peões de boiadeiro. Não é de negar pulo. É de rodeio, mas não é de cancha. Encara boi xucro e cavalo velhaco no laço de sua corda americana. Seu colchão é de feno, sua cama é cigana.
Deitada na cernelha do animal, a danada engole estrada. Anda sempre em comitiva levando seus espelhos e batons na guaica, ao lado do canivete e do chicote. Regateira, casa os pés no estribo. Esporeia o animal sem dó. Monta em seu cavalo de vestido e em dia de desafio se enclausura no brete. Faz da arena seu palco. De bota, de chapéu e de camisão levanta poeira em suas ginetadas. É mulher traiada e versada, boa de laçada.
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