Cenarius
Resumo:
Imagine cada noite, cada pessoa, cada cena sendo vista ou aprisionada em janelas sobrepostas, em edificações cotidianas. Agora, junte todas essas janelas, algumas coloridas, outras desbotadas, outras já quebradas e as coloque lado a lado, ou melhor, em uma mesma construção. O resultado é uma seleção de crônicas escritas por Daniel Campos em 2008. Tijolo por tijolo, o autor foi arquiteto, engenheiro, pedreiro, servente, decorador e morador dessas janelas.
Não é somente o sol que tem o privilégio de ver planetas girarem em torno de seu corpo quente. Daniel, exposto ou escondido em centenas de janelas, também acompanhou o rodar, o bailar, o movimento das coisas do mundo. As retinas do autor foram transformadas em janelas, que ao abrir ou fechar de suas folhas, desvirginaram linhas e mais linhas. Pudera, o cronista se misturou as janelas para bisbilhotar a passagem do mundo.
Daniel busca, por meio da observação poética, entender e compreender a vida que acontece lá fora, para além da janela. E janelas não têm medidas, alturas, ângulos, tampouco alcances padronizados. Portanto, o cronista pode tratar de algo que aconteceu na calçada sob seu nariz, ou na janela da frente ou do lado ou ainda no outro lado da cidade. Cenarius é a janela de uma realidade que, mesmo passada, insiste em não se fechar. Aliás, uma janela, alta, larga e profunda, que tem muito a revelar, a contar, a mostrar.