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Encontrados 278 textos. Exibindo página 20 de 28.
07/05/2010 -
Ode ao torresmo
Os que estão de dieta que me perdoem, mas o torresmo aparece em minha vida como inspiração poética. Ou seria tentação? Aquele torresmo pequeno, crocante, que estala na boca deveria ter um item específico na lista dos pecados capitais. Afinal, vai da gula à vaidade e da luxúria à avareza em poucos segundos diante de uma travessa. Quem diria que da barriga do porco surgiria algo tão atrativo aos sentidos humanos. Difícil resistir. Não é à toa que, em matéria de torresmo, assumo-me pecador.
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30/04/2010 -
Os chás e a mulher amada
Assim como um bom chá, a mulher amada tem um dado amargor em seus pensamentos e atitudes. Mas tem também doçura e adstringência de sobra. Dependendo de tempo e espaço, ou seja, do momento, esses sabores estarão ou não equilibrados na composição química, física e transcendental da mulher amada. Porém, o resultado depende da preparação, ou seja, da fase de conquista ou das preliminares, como quiser. Por isso há pelo menos dez tipos de mulher habitando a mulher amada.
Há dias em que ela surge com sabor suave e a fragrância de folhas frescas e jovens. Em outros, é seca. Em outros ainda, sintética e rápida como um sache. E pode surgir também ausente de sabor, apenas envolta de um buquê fantástico de aromas. Sem dúvida alguma a mulher da primeira colheita, colhida na primavera, é a mais cobiçada. No entanto, para além das flores, a mulher de inverno tem sabor mais intenso e encorpado. Isso sem contar que ela pode vir fria ou quente, ainda em ebulição, aos seus olhos e boca. ...
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12/04/2010 -
Olha o amor aí
Olha o amor aí cavalgando pelos nossos corpos e pradarias, fazendo às vezes da fantasia das fantasias, trocando a noite pelo dia, olha o amor aí transpassando nossos corações com suas flechas de cupido amador, que debaixo de um cobertor oscila entre anjo e demônio, olha o amor aí fazendo nascer a flor nos braços do vento de outono, olha o amor aí possessivo e sem dono, viajando entre a realidade do sono e o sonho da saudade.
Olha o amor aí correndo firmamento, buscando o êxtase de cada momento, virando nossa cabeça como cata-vento, fazendo-nos sangrar e se pondo a estancar nossas feridas como um bom ungüento, olha o amor aí fazendo e quebrando juramento, olha o amor aí querendo recomeçar o que não foi terminado, querendo colher o que ainda não foi semeado, querendo ressuscitar o que nunca foi enterrado. ...
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09/04/2010 -
Os desacreditados
Eles, ao acordar, questionam a razão da continuidade da vida. É como se ao fim de um processo de busca, vasculhando coisas e aspectos pessoais e profissionais, faltasse um único sentido que fosse capaz de lhes fazer dar o primeiro passo. “Bem que eu poderia morrer”; “estou cansado de viver”; “não agüento mais”; tais frases povoam as bocas dos desacreditados, que é como se denomina essa leva de pessoas que julgam ter perdido a chama inspirativa da vida.
Muitos culpam deus e outros seres celestiais por esse drama enquanto outros fazem questão de esperar por um milagre sem, nem ao menos, acreditar que eles, de fato, existem. E assim nasce o mau-humor, o desânimo, as reclamações. Junto deles vem uma série ilimitada de desculpas para justificar o mau-comportamento. Os minutos parecem custar a passar. Tudo se transforma em sacrifício. E assim, crescem as pressões e as cobranças internas. “Mas e se eu não levantar?” “Eu não posso ser demitido”. “Eu preciso fazer isso e aquilo”. “Fulano e beltrano dependem de mim”......
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05/04/2010 -
O amor quando chega
O amor quando chega, aconchega a coisa amada. Das entranhas do sexo às águas do oceano pacífico, tudo muda de temperatura. E o hospício do coração declara aberta a temporada da loucura. E o poeta, suspirando na rua, exclama: bendita seja a formosura deste sentimento que se espalha com o vento. O amor deve ser visto como um rebento digno de graças e bênçãos. Desde já, que Deus abençoe o amor recém-nascido entre nós. Que os magos lhe presenteiem com sorrisos, gemidos e lençóis.
O amor quando chega, aprochega as pessoas distantes por natureza. A sua chegada, tudo, desde a mais explícita feiúra, passa a fazer parte da conjuntura da beleza. Da beleza eterna, fraterna até mesmo com os pecados capitais. Da gula à luxúria, quantos os predadores do amor recém-chegado? Desmiolado, desajuizado, desamparado, condenado ao passado, quantos adjetivos tentam desqualificar o amor que veio ao mundo neste segundo. Calem-se todos! Que o amor do novo tempo seja fecundo.
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03/04/2010 -
O Judas da descrença
Que a descrença apanhe como Judas neste sábado de aleluia. Ao contrário de fazer bonecos do traidor de Jesus em referência a políticos, a bandidos, a personagens que caíram no desgosto popular nos últimos tempos, peço que apedrejem hoje o Judas da descrença. Meu Deus, como podemos ter chego a um estado tão deplorável de descrença? A maioria não acredita mais em nada. A fé é cumprida apenas como uma obrigação, não mais vivida por inteiro. Não é à toa que a humanidade caminha com tantas perguntas sem resposta. ...
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31/03/2010 -
O sol da saudade
Bufando de ardor, o sol reclinou-se até se transformar em reflexo nos óculos escuros de um senhor de cara amarrada que passava bambeando pela rua. Depois de noventa anos, já tinha dificuldade o suficiente para andar sem esbarrar nos obstáculos que a cidade grande colocava em seu caminho. Para correr o risco de morrer na próxima esquina não precisaria ser atrapalhado pelo sol. Sendo assim, o que, afinal, o astro-rei queria com ele?
Certamente, queria perguntar o segredo de sua longevidade, ou o nome de um remédio para reumatismo, ou quem ganhou o jogo de bocha ontem no parque. O que um velho fraco e cansado poderia fazer para ajudar o sol? Se é que o sol queria alguma ajuda. Talvez ele só quisesse atormentar aquele senhor que levava um jornal amassado debaixo do braço. Seja o que fosse, ele insistia em lançar raios ultravioletas contra aquele óculos esverdeados. ...
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24/03/2010 -
Oração da resignação
Mãe, mãe de toda graça, pelas suas sete dores eu me resigno por todas as coisas que passo. Não tenho o direito de reclamar de nada diante da dor de uma mãe que recebeu em seus braços o filho morto recém-descido de uma cruz. Como reclamar do peso da minha pequenina cruz diante de uma mãe que viu seu filho cair três vezes a caminho do calvário? Como reclamar dos infortúnios da vida diante dos olhos de sangue de uma mãe que deu à luz sabendo que logo mais uma espada transpassaria sua alma?
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17/03/2010 -
O último capítulo
Dia 9 de fevereiro de 2010. Depois de seis meses, meus pés tocam novamente aquela terra vermelha. Dava para sentir boa parte de minha infância e juventude misturada aquele chão. Quase trinta anos de uma forte convivência com aquele lugar que acostumei a chamar de sítio do vô Libio. Quantas histórias vividas ali? Impossível calcular. Mas todo livro precisa ter um último capítulo. E o meu foi escrito naquela terça-feira gorda.
Liberato de Lima Barbosa, ou vô Líbio como sempre o chamei, estava com um câncer bastante agressivo na cabeça. Difícil reencontrar um homem sempre tão ativo e vistoso naquelas condições. O tumor malignamente já havia comprometido sua coordenação motora. O homem que percorria aqueles dez alqueires desde criança com passadas rápidas e largas caminhava com extrema dificuldade. Mas fizera questão de ir comigo ao sítio Boa Vista por mais uma ou pela última vez. ...
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24/02/2010 -
O amor é mais
Podem me criticar e até zombar de mim, mas eu não vou parar de falar de amor. Longe de capricho ou fetiche, falando de amor, e só assim, é que eu existo. Não minto. Meus textos de amor não são tratados, estudos científicos ou resoluções programáticas, tratam apenas, se quiserem pensar dessa forma, de palavras codificadas pelos corações. Portanto, talvez minhas escritas não façam uma revolução na vida política do país, mas são capazes de dar outro matiz a quem não diz o amor.
Meus textos pretendem dar à vida uma face mais leve e sentimental. Ao boicotar sentimentos endurecemos a existência. Meus artigos amorosos são uma forma de pedir clemência à ditadura do anti-romantismo que foi instalada. Eu faço rimas, sim. Eu verso e versejo o mundo, sim. Que mal há em um poeta falar de amor? Será que vão me censurar? Será que vão me enlouquecer e me ofender e me torturar? Podem continuar a me boicotar, mas não deixo de falar de amor....
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