09/04/2010 - Os desacreditados
Eles, ao acordar, questionam a razão da continuidade da vida. É como se ao fim de um processo de busca, vasculhando coisas e aspectos pessoais e profissionais, faltasse um único sentido que fosse capaz de lhes fazer dar o primeiro passo. “Bem que eu poderia morrer”; “estou cansado de viver”; “não agüento mais”; tais frases povoam as bocas dos desacreditados, que é como se denomina essa leva de pessoas que julgam ter perdido a chama inspirativa da vida.
Muitos culpam deus e outros seres celestiais por esse drama enquanto outros fazem questão de esperar por um milagre sem, nem ao menos, acreditar que eles, de fato, existem. E assim nasce o mau-humor, o desânimo, as reclamações. Junto deles vem uma série ilimitada de desculpas para justificar o mau-comportamento. Os minutos parecem custar a passar. Tudo se transforma em sacrifício. E assim, crescem as pressões e as cobranças internas. “Mas e se eu não levantar?” “Eu não posso ser demitido”. “Eu preciso fazer isso e aquilo”. “Fulano e beltrano dependem de mim”...
Entre as tantas inquietações surgidas no duelo corpo-mente-coração, eles levantam da cama instintivamente, como animais ariscos. Entre um bordão e outro, fazem tudo de forma mecânica, sem graça ou ânimo. Pior, é assim, com esse espírito derrotado, que o exército dos desacreditados vai à rua e contamina o cotidiano. Vão como máquinas, com o coração fechado em aço para os amores e as cores de abril. Pobres desacreditados passando, cabisbaixos, sem forças para admirar as belezas que a vida havia lhes reservado para o dia de hoje.
Se ao menos eles se dispusessem a encarar o amor, o sorriso e a flor, certamente, seria bem mais fácil e amável viver.
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