Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 21 de 28.

23/02/2010 - Oceano do tempo

Pra onde vou? Pra onde vai? Pra onde vamos? Somos ilhas humanas cercadas pelos oceanos do tempo. Dia após dia as ondas bravias roubam um pouco mais de nossa terra. Ai de quem tem os pés presos ao chão. Dia após dia nos entregamos de corpo e maresia depois de muito resistir às coisas do tempo. Ai, o tempo das tempestades chegou. E eu só tenho pena de quem nunca amou.

Quem nunca teve um amor daqueles de chorar e arrebentar o coração vai afundar como embarcação vazia. Pobres daqueles que não terão nem tesouros nem âncoras para jogar ao mar das temporalidades. Já quem amou pra valer vai poder se valer desse sentimento para amenizar o sofrer no momento que o tempo vir a dizer: acabou, acabou, acabou! ...
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19/02/2010 - Olha a rotina aí gente!

Cadê a pintura do rosto? A lágrima borrou. Cadê a fantasia? A enxurrada levou. Cadê a alegria? A quarta de cinzas findou. Cadê a poesia? O tempo rasgou. Cadê o sol? A noite apagou. Cadê o amor? O bicho devorou. Cadê o romance? O bicho tragou. Cadê a mulher? O bicho matou.

Que bicho é esse, José? É o bicho do dia depois de outro dia. De onde vem esse bicho, João? Ele nasce quando a ilusão se quebra ou é quebrada. Ai, meu Deus, é bom botar o pé na estrada pra fugir desse bicho que não sossega enquanto não deixa a gente doente de cotidiano. Cuidado com a mordida da rotina....
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27/01/2010 - O esquilo e a noz

Tem dia em que a gente vive e não viveu. É como se as horas passassem por nós sem desatar nossos nós. A noite chega e com ela uma sensação de que nada do que se queria foi feito. Quem já não se sentiu assim? E vem um desespero, um destempero, um vento mexendo nas folhas do coqueiro...

Em dias assim a nossa agenda biológica não combina com a mercadológica tampouco rima com a psicológica. E temos que cumprir tantas agendas que esquecemos de viver o dia como uma oferenda plena. Viver é mais do que um jogo de cena, do que uma única e solitária estrofe de poema... ...
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13/01/2010 - O tempo como credor

Tenho andado em dívida com o tempo. Muitas cobranças e pouca coisa oferecida em troca. E pior, maldigo-o a todo instante. Isso sem falar que tenho sempre um pé atrás com ele, além, é claro, de tentar agarrá-lo sempre. Posso dizer que sou uma pedra no sapato do tempo. Vivo importunando-o com minha mania de quer mais e mais do que ele pode me ofertar. Pechincho demais, chego a ser chato com os ponteiros. E fazer o quê? É a vida que está em jogo.

Tento quase que diariamente flexionar o tempo, esticando o dia, empurrando a noite para debaixo do tapete. Chego a atrasar o relógio para ter a sensação de que fui agraciado com alguns minutos a mais. Pura ilusão. O tempo é arrogante e turrão, não se dispõe a conversar, tampouco fazer um acordo de cavalheiros. Para ele, sou apenas mais um. Mais um de seus escravos. Lá fora há uma multidão de pessoas acorrentadas, torturadas, condenadas ao tempo. ...
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02/01/2010 - O amor e o divórcio

O número de divórcios vem batendo recordes. Pudera, o amor vem sendo abatido pelo amor. Como assim? Simples, abdica-se de um amor sob a justificativa de outro amor. Seja para procurar ou viver um novo amor. É como se milhares de pessoas descobrissem que elas vivem um pseudo-amor. Diante disso, sentem-se livres para tentar um amor ideal: inteiro, verdadeiro, real.

Pode parecer complicado, mas a raiz do divórcio está na deturpação do conceito de amor. Muitos acham que aquele sentimento que nutrem por outra pessoa, independentemente de tempo e intensidade, pode ser considerado amor. Paixões repentinas, amizades amorosas, conquistas juvenis, vontade de ficar junto, desejos são falsamente encarados como amor para vida toda sob a instituição do casamento. ...
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29/12/2009 - Os meandros da manhã

Quando a manhã chegar eu hei de querer acordar junto a ti. E antes de qualquer palavra, vou ruborizar as maçãs de seu rosto com uma xícara de sol coado daquele jeito que você gosta. Ao contrário de lhe trazer jornais com aquelas notícias gastas e, quase sempre, inconvenientes, vou ler, ao pé de seu ouvido, alguns trechos de Garcia Marquez. E as uvas, ao invés de serem oferecidas em bandejas, serão dispostas sobre os lençóis de modo que possamos fazer nosso vinho matinal.

Já pedi para os pássaros que insistem em pousar na amendoeira cantarem uma sonata ou um soneto. Como eles vêem ensaiando às escondidas há meses, mais precisamente na rua de baixo, creio que vai se surpreender com o resultado. Também já encomendei um corte de seda javanesa para você se vestir para o verão. As janelas estarão devidamente entreabertas, de modo que você descubra o dia de hoje bem devagar, sem sustos ou quebras de expectativa. ...
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20/12/2009 - O que nós vivemos...

O que nós vivemos ninguém rouba. O que nós vivemos ninguém esconde. O que nós vivemos ninguém apaga. O que nós vivemos ninguém corrompe. O que nós vivemos ninguém se atreve. O que nós vivemos ninguém duvida. O que nós vivemos ninguém alcança. O que nós vivemos ninguém questiona. O que nós vivemos ninguém faculta. O que nós vivemos ninguém deixa de lado. O que nós vivemos ninguém desmerece.

O que nós vivemos ninguém estraga. O que nós vivemos ninguém domina. O que nós vivemos ninguém estranha. O que nós vivemos ninguém abocanha. O que nós vivemos ninguém silencia. O que nos vivemos ninguém promete. O que nós vivemos ninguém perde. O que nós vivemos ninguém esquece. O que nós vivemos ninguém fantasia. O que nós vivemos ninguém compra. O que nós vivemos ninguém dá conta. O que nós vivemos ninguém diz. ...
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14/12/2009 - O que é o chefe?

Quer algo mais polêmico do que chefe? Chefe não é profissão, não é grau de instrução, não é estado emocional. Chefe é um título autoritário, mantido à custa de dinheiro e/ou poder. Chefe é por si só sinônimo de coisa negativa. Causa repulsa, enjôo, enxaqueca. Chefe é a banalização do óbvio. Chefe é o mandante de uma sociedade escravizada pelo sal. Salário. Chefe é a insignificância de uma cadeira pomposa. Chefe é a verticalização das relações. Da mistura de senhores feudais, faraós, caciques, imperadores, (...) e reis nasceram os chefes modernos. ...
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08/12/2009 - O tempo e Cauby

Quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João, ouço a voz grave e aveludada de um cantor que viveu dias de pop-star, provocando gritos e suspiros, apresentando-se no pequeno palco de um bar. Há cinco anos, às segundas-feiras, Cauby Peixoto lota o Bar Brahma em São Paulo, um dos últimos redutos da boemia paulistana. O autor de “Conceição”, aos 78 anos de idade e mais de 60 de carreira, está longe dos grandes palcos. Culpa do futuro que nos atrai e depois nos massacra, transformando-nos em passado. ...
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07/12/2009 - Os sinos não chegam ao Afeganistão

O final de ano chega com várias promessas, embora a maioria delas seja bastante antiga. Há muitas bocas falando em amor, paz, prosperidade. Há pessoas enfeitando árvores, paquerando presentes, planejando ceias. Tudo gira em torno de confraternização, de união, de paixão. Papais e mamães-noéis se abraçam pelas praças num abraço confidente. A cidade se ilumina. O novo tempo surge como redentor, capaz de perdoar todos os pecados de humanidade que, sobretudo, erra.

Paralelamente, trocando coros de jingle bells por palavras de ordem, exércitos marcham no e para o Afeganistão. O território destruído, improdutivo de sonhos, vai substituindo os fogos de artifício pelo barulho dos canhões. Pobres afegões que acreditaram nas promessas de paz de presidentes, de líderes mundiais, de seus ancestrais. O final do ano é apenas a continuidade de uma guerra constante e, quiçá, eterna. Dizem as lendas que o Afeganistão nasceu do ventre da guerra....
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