02/02/2011 - Anúncio de carnaval
Quem é a mulher que entra no carro como se fosse Cinderela. Ao ritmo de Phill Collins, joga suas tranças pela janela. Assim, sonhos e poesias trançados em sua cabeça vão ganhando estrada. Conversa de leis, quebra normas, escreve uma nova constituição enquanto dá trela à bela que reflete no espelho. Será mulher ou a materialização do verso de um poeta esta que agora pede carona e se ajeita na poltrona e ressona. Em poucos minutos se torna dona dos meus enredos e medos.
Quem é a mulher que escorre as pernas pelo assento, que se alimenta de vento como cata-vento? Quem é a mulher que canta uma canção enquanto verseja que sim e que não? Quem é a mulher que cruza o meu caminho no meio da rua e fala de destino no signo da lua? Quem é a mulher que não fala de onde vem nem para onde vai? Ela se torce, se contorce, toma posse dos meus olhares. Ela está ao meu lado, à frente, atrás, enfim, em todos os lugares.
Entre uma esquina e outra, solta um gemido se queixando das dores causadas pelas flechas de um cupido. É um desejo antigo mesmo sendo de toda inédita para comigo. Entra no caro como quem procurava um abrigo. Quilômetro a quilômetro vai guardando a paisagem em seu umbigo. E como surge de vermelho, pode-se dizer que ela é aquela que amou, sonhou e matou o lobo-mau. E como surge entre o riso e o pranto, pode-se dizer que ela é uma colombina anunciando o meu carnaval.
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