Arquivo
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan | fev | mar | abr | mai | jun | jul | ago | set | out | nov | dez |
Encontrados 30 textos de junho de 2009. Exibindo página 3 de 3.
10/06/2009 -
Propenso ao amor eterno
Ò minha mãe, rainha e auxílio, muito obrigado pela vida que me confiou anos e anos atrás. Sou grato por ter-me carregado em seu colo, por ter me dado sua mão e ensinado o caminho que leva a ti. Não há como pagar as coisas que já fez por mim ao longo dessa estrada que ora é azul ora é vermelha ora é branca, assim como as suas vestes. Tenho muito a agradecer pelos seus conselhos, pela sua presença e pelas maravilhas que já me proporcionou e ainda me proporciona.
Eu não teria chegado até aqui se não fosse pela força, pelo estímulo, pela paciência que teve comigo. Ó minha mãe, rainha e auxílio, muito obrigado pelos sonhos que fez vingar em mim. Muito obrigado pela inspiração que colocou a me acompanhar em ruas e linhas e luas e versos. Muito obrigado por me deixar ouvir a sua voz entre a explosão e o silêncio. Muito obrigado por me deixar brincar com seus anjos. Muito obrigado pelo amor que queima delicadamente como uma rosa em chamas. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
09/06/2009 -
O blues e a miséria humana
Depois de uma série de discussões com seu namorado, com sua mãe, com seu chefe, com o motorista do ônibus, com a caixa do supermercado, com o relógio e o espelho, ela se deu por vencida. Saiu então pelas ruas à procura de uma grande corda de descarga que pudesse puxar e mandar todos seus aborrecimentos e insatisfações pelo esgoto afora. Mas não era tão fácil assim se livrar das impressões do cotidiano que lhe sujavam o corpo e a alma. Sentia-se incomodada com aquele acúmulo de coisas ruins. Era preciso se livrar daquela sobrecarga de desgraças de algum jeito. Só que ela, ao longo dos anos, tornou-se especialista em engolir sapos. Não sabia vomitá-los com a mesma facilidade com que engolia. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
08/06/2009 -
Mulher pássaro
O pintassilgo canta seus cantos pelo avarandado. A mulher pássaro sussurra na língua dos sonhos e pesadelos. O sabiá faz ninho no pé de laranja. A mulher pássaro se enrola toda entre cobertas e lençóis. O bem-te-vi procura seu par pelo quintal. A mulher pássaro abraça o travesseiro, sufocando-o entre seios e pernas. O colibri vai beijando flor em flor. A mulher pássaro tem veneno em seus lábios. A viuvinha canta sua solidão brejeira. A mulher pássaro se dá por satisfeita em estar consigo mesma. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/06/2009 -
Tirem-me de perto de mim !!!
O cenário é o seguinte: Há uma mulher deitada no chão, como que dormindo. De repente, espreguiça-se lentamente, esticando-se toda. Abre os olhos, levanta, olha para os lados, todos vazios e ausentes, e se desespera. Chama por dezenas de nomes próprios e impróprios, mas ninguém lhe responde. Corre de um lado para outro a ponto de ofegar, colocar a mão no peito e sentar ao chão. Estava exausta, cansada de procurar pelo mundo que deixou ao dormir.
- Onde estão todos? Será que o mundo acabou e algum deus palhaço me deixou aqui sozinha? Será que a reprodução da nova era humana irá começar justamente de mim? Será que, por algum erro celestial, fui escolhida? Se eu sou a nova Eva, onde estará o novo Adão? Até que não seria nada mal ter um homem só para mim numa espécie de paraíso, mas que desta vez ele não nasça com gosto de barro. E nem tentem inverter a história e fazê-lo nascer da minha costela. Não vou compactuar com nada que possa destruir as minhas medidas. E se esse homem não me agradar, não haverá santo que me faça gerar uma civilização futura. Falando nisso, quantos filhos eu vou precisar colocar nesta nova terra? Barrigas e mais barrigas imensas. Uma atrás da outra. Engordar e emagrecer abruptamente. Se é que vai haver tempo para emagrecer. Vou acabar com anos e anos de academia. Deu tanto trabalho para ser assim. E meus seios? Já imaginou como vão ficar depois de 10, 13, 15, 18 filhos? Não tenho dúvida de que me transformarei em uma aranha, com múltiplos e seguidos filhotes. Eu, prisioneira de minha própria teia. Mas se assim for, que eu seja uma aranha-negra que, consumado o prazer, mata seu par. E se todos os médicos foram extintos, como farei para ter meus filhos e depois fazer lipoaspiração e colocar silicone e tratamento psicológico? ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
06/06/2009 -
Os sapatos não falam
Os sapatos, no canto do quarto, longe dos pés da mulher amada, nada falam. Sandálias, botas, scarpins, chanels, peep toes, bico fino, salto alto, sapatilhas... ficam, aos seus pares, se olhando, se tocando, esquerda e direito se flertando num silêncio fundo. Contemplações à parte, como é triste o silêncio de couro de seus sapatos. Eles não clamam, eles não recitam, eles não palpitam, eles não cochicham, eles não sussurram, eles apenas suplicam, mudamente, pelos pés de quem os dá língua, cordas vocais e sentimentos....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
05/06/2009 -
As dores do amor
Discordando de Fernando Pessoa, o amor é dor que se sente. Dor sentida no peito, com direito a fisgadas e apertos em todas as artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias do coração. Dor sentida na massa corporal, com ganhos e perdas excessivas e inconstantes de peso. Dor sentida nos olhos, resultando em olhares dispersos, aflitos, perdidos e em profundas olheiras de noites veladas. Isso sem falar de lágrimas e deturpações da realidade em sonhos e fantasias. Dor sentida na língua, com declarações reais, e poemas surreais e silêncios sepulcrais. Dor sentida na alma, com crises existenciais e tentativas de suicídio. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
04/06/2009 -
A temporada das "ites"
O inverno aportou com seu jeito bruto em nosso cotidiano. Como durante os processos de criação e evolução da espécie não fomos presenteados com asas, a migração para regiões mais quentes tornou-se objeto de luxo. Viver o tempo frio é quase uma obrigatoriedade. Porém, por detrás da plástica dos céus vermelhos de inverno e do romantismo proporcionado pela beleza de árvores e roupas aliada à necessidade de troca constante de calor, há a temporada das mal-afamadas "ites". E como não existe impunidade poética, eu, reles mortal das rimas, acabei não escapando das mãos frias da realidade. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
03/06/2009 -
Um avião perdido entre o céu e o mar
Será que algum coração ainda bate? Ou será que tantos "eu te amos" e "je t'aimes" estão, agora, a mil léguas submarinas? O avião desapareceu entre o azul céu e o mar azul. Pudera, o oceano é tão grande e tão convidativo. No entanto, os tridentes de Netuno cortam na exata proporção que seduzem. Mas poderia haver uma ilha. No entanto, com a especulação imobiliária dos últimos anos as ilhas desertas foram extintas. Pobres corações tupiniquins e parisienses, que, diante de tanta água, afogaram-se em sangue....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
02/06/2009 -
Morredor de mim
Morri tantas vezes. Mortes provocadas, planejadas, inesperadas... Algumas vezes morri por mãos desconhecidas, outras por minhas próprias mãos. Às vezes morri de rir, mas na maioria das oportunidades morri mesmo foi de chorar. Morri de véspera em inúmeras situações e tive, ao menos, três mortes adiadas. Nem me lembro quantas vezes recebi extrema-unção. Não me recordo se recebi ou não o seu perdão, no leito de morte. Só sei que morri fora e dentro, dentro e fora de mim.
Deitei naquela madeira fria. Cruzei as mãos. Fechei os olhos. Presenciei as preces e maldições saindo das bocas. Fui carregado e carreguei meu próprio caixão. Gritei mudamente debaixo dos sete palmos. Ouvi o estômago dos vermes roncando de fome. Por mais que pedisse o contrário, fiquei sozinho. A solidão da cova me matando. Vi meus sonhos morrerem um a um. Esperei que viessem me buscar, mas ninguém apareceu. Apagaram as luzes e, por mais que eu dissesse que não, deixaram-me no escuro. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
01/06/2009 -
Amor de tarô
Dê-me um bloco de papel e uma caneta e eu lhe digo o futuro. Sou cigano dos versos, jogo rimas como quem semeia búzios. Em uma estrofe de copas, encontro o triângulo amoroso entre uma rainha, um rei e um valete de copas. Em outra de espadas, suas conjunções astrais. Pela serifa das letras, traço as linhas da sua vida e da sua morte. Não sou cartomante, não sou falsário, não sou ilusionista, sou apenas um letrista de sentimentos.
Minha tenda é a silhueta da criatura amada. Leio a sorte e o azar de cada um como quem recita um poema. Não tenho medo de pragas ou de perseguições, digo aos ouvidos de fora apenas o que querem ouvir. Mas me interesso mesmo é pelo não dito, que fica perdido após cada consulta. Os conselhos tão requisitados eu guardo em estantes, nas fileiras das páginas dos livros poéticos de mim. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar