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Encontrados 30 textos de junho de 2009. Exibindo página 2 de 3.
20/06/2009 -
Meu caro amigo...
Meu deus, como eu fui me esquecer que hoje era seu aniversário. E não é só mais uma aniversário. São 65 anos. E pior que faltam apenas dez minutos para meia-noite, dez curtíssimos minutos para esse aniversário se perder no passado. Esqueci que tinha combinado com a turma que, depois da pelada, iríamos comemorar a data com uma feijoada completa. Preciso lembrar de marcar uma consulta com um especialista em memória, ou melhor, em falta de memória. Mas isso fica para depois, agora só faltam sete minutos para o dia de hoje se tornar amanhã. ...
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19/06/2009 -
O palco das trincheiras
São tantas guerras espalhadas por aí. São tantas trincheiras abertas. A cada novo passo, é preciso redobrar o cuidado. Não se sabe quantas covas um jardim florido é capaz de esconder. É uma guerra fria aqui, uma guerra quente ali, e uma guerra morna acolá. Em meio ao silêncio pesado tem tanta gente gritando Mãe, Oxalá, Alá. Ai deus, quando é que isso tudo vai acabar!? Os corpos estão sujos, lambuzados ora de sangue ora de lama. Quem morre na guerra é herói ou bandido? Olha lá um fuzil cantando em fá sustenido... De quem será o primeiro gemido? ...
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18/06/2009 -
Eu, eu, eu
Eu sou isso. Nada além disso. Um chouriço de sentimentos. Um ouriço com espinhos ao vento. Além de me ferir, firo quem se aproxima de mim. Muitos me julgam. Poucos me compreendem. Dia após dia, pago com juros e correções monetárias o preço de ser intenso. Vivo em outro ritmo. Sobrevivo em outro mundo. Vou fundo, ao fundo, profundo. Não sossego. Não me apego ao presente. Invento outro espaço, crio outro tempo. Sou de um outro momento.
Para minha sorte ou minha morte, não me rendo. Seja pra frente, pra trás ou em círculos, caminho, caminho, caminho e não me emendo. Sou meu próprio remendo. Não sei o que me espera, tampouco se eu posso esperar mais alguma coisa. Não tenho vida. Tenho sobrevida. Simbolicamente, sou como um gato, que já está vivendo sua terceira ou quarta existência. Materialmente, sou como um cão, que vai virando latas pela rua dos sentimentos para tentar varar mais uma noite. ...
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17/06/2009 -
Eu ainda vivo
Eu ainda estou vivo! Eu ainda estou vivo!! Eu ainda estou vivo!!! Brado em alto e bom som. No entanto, todos parecem surdos. Todos, na verdade, se fazem de surdos. Pudera, todos os que me rodeiam, como ratos famintos, querem comer o pouco que consegui juntar em anos e anos de lida. Malditos esses ratos que nunca me ajudaram, que jamais se esforçaram por nada, que sempre viveram a morder meus calcanhares. Ratos que nunca se contentam, eu ainda vivo. Eu ainda sou o rei de Roma, aquele em que os ratos brigam, até mesmo, para comer suas vestes....
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16/06/2009 -
A casa dos Buarque de Holanda
Imagine uma casa onde as paredes se acostumaram a ouvir Vinícius de Moraes cantarolando suas poesias, Manuel Bandeira proclamando seus versos, Dorival Caymmi entoando o mar e Chico Buarque passeando com sua banda. Isso sem falar das histórias do historiador Sérgio Buarque de Holanda, o dono da casa. Quem diria que um espaço deste porte está no meio de uma novela judicial. De um lado, os herdeiros do historiador falecido em 1982. De outro, uma ex-babá da família, que mora com a filha nesse patrimônio cultural há quase 20 anos....
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15/06/2009 -
Servo das palavras
Meu pai queria que eu estudasse para concurso público, no entanto, fui escrever poesia. Deu no que deu. Hoje, poderia ser gerente de banco, procurador da República, juiz, delegado de polícia, oficial de justiça, diplomata. Poderia ter estabilidade, um salário certinho no fim do mês, uma série de benefícios e direitos, um planejamento operacional... Porém, contrariando o senhor meu pai, eu optei por um mundo instável, aventureiro, repleto de mistério e sedução. Posso dizer que entre o sol e a lua, escolhi viver o eclipse. ...
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14/06/2009 -
Dormência
Dorme, dorme criatura amada. Deixa seus cabelos escorrerem pela rosa dos ventos do travesseiro. Dorme de leste a oeste, num sono largo. Dorme de norte a sul, num sono longínquo. Dorme e deixa as pétalas de sua boca se fechar como um botão. Dorme e me permita contemplar seu sono e me imaginar em seus sonhos. Dorme à luz das velas que acendi para pedir sua mão aos santos. Dorme, dorme como quem some. Dorme ao perfume da dama da noite que passa pelo jardim. Dorme enquanto eu lhe conto da minha fome. Dorme ao som dos cochichos de seus vestidos dependurados no cabide. Ah! Como eles conversam....
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13/06/2009 -
Agapornis
Eu que já havia visto meninos de calças curtas e meninas de tranças no cabelo dançando ao vento nos balanços do parque, agora me deslumbro com agapornis brincando de balançar dia e noite. Os pássaros se divertem pulando do ninho ou dos poleiros para o balanço que fica instalado no eixo central da gaiola bastante ampla e confortável. Sou contra prisões, mas nesse caso o cárcere é fundamental para a continuidade do amor.
Em grego, agapornis quer dizer ave do amor. Pudera, só vive aos casais. Separado, tende a morrer de solidão. Juntos, ficam se beijando e formam um coração ao entrelaçar suas cabeças. Uma bela inspiração romântica para os namorados que se vão com os pés no chão. Há casais nas tonalidades amarelo com vermelho, azul com branco e verde com laranja. Uma verdadeira pintura impressionista em bicos e asas. ...
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12/06/2009 -
Renda-se às rendas do dia de hoje
Não se espante se hoje o sol e a lua se encontrarem no céu avermelhado de inverno. Não se espante se hoje o lençol de sua cama for polvilhado com pétalas de rosa colombiana e vermelha. Não se espante se hoje as velas ao contrário de iluminarem preces arderem de desejo. Não se espante se hoje a palavra amor for repetida em diferentes línguas, de formas e jeitos diversos. Não se espante se hoje um violão cantar só para você. Não se espante se hoje as solteiras torcerem o nariz quando passar. Não se espante se for chamada repetidas vezes de namorada. Não se espante se hoje você for convidada a morrer de paixão. ...
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11/06/2009 -
Descansar em paz?
Muitos pensam que a morte é o começo de uma fase maravilhosa: o descanso eterno. Não é por acaso que muitos velórios e missas de sétimo dia são povoados pelos votos de "descanse em paz". Não cabe agora entrar no mérito se essa fase existe mesmo ou não, mas questionar quando é que as vítimas da queda do avião da Air France vão poder gozar de um pouco de paz. A mídia e as autoridades não dão sossego aos mortos, pelo contrário, espetacularizam a dor e disputam corpos e pistas.
Todo esse vespeiro em torno das causas e conseqüências que circundam o acidente aéreo é o que se pode chamar de "chorar pelo leite derramado". Infelizmente, ninguém vai ressuscitar. Gastar-se-ia menos tempo, menos dinheiro e menos sofrimento se as vítimas fossem deixadas ao mar. De que vale resgatar corpos em franca decomposição para análises de DNA? Tudo isso só vai prolongar o sofrimento dos vivos e dos mortos, que, com esse alvoroço todo, não conseguem se desligar do plano terreno. ...
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