03/06/2009 - Um avião perdido entre o céu e o mar
Será que algum coração ainda bate? Ou será que tantos "eu te amos" e "je t'aimes" estão, agora, a mil léguas submarinas? O avião desapareceu entre o azul céu e o mar azul. Pudera, o oceano é tão grande e tão convidativo. No entanto, os tridentes de Netuno cortam na exata proporção que seduzem. Mas poderia haver uma ilha. No entanto, com a especulação imobiliária dos últimos anos as ilhas desertas foram extintas. Pobres corações tupiniquins e parisienses, que, diante de tanta água, afogaram-se em sangue.
Quantos os que choram aumentando a proporção de sal no mar salgado que, neste caso, não é apenas de Portugal. Quantos os que se desesperam por notícias não noticiadas. Quantos os que perderam, em seus radares emocionais, incontáveis "eu te amos" e "je t'aimes". Tudo está perdido. Um simples raio pode ter posto tudo a perder. Iansã, a deusa negra das tempestades, por alguma razão, flechou essa ave entregando-a ao mar. Talvez, por amor ou ódio, quisesse presentear ou condenar Iemanjá.
Não há sinais, não há telefonemas, não há mortos ou feridos. Tudo o que há é um imenso vazio. E não há manifestação pior de morte do que o silêncio. O silêncio azul e vasto como o céu e o mar. Ah! Como o desfecho poderia ser outro. Quem sabe se os passageiros fossem resgatados por piratas das pernas de pau ou por habitantes de Atlântida, a cidade submersa. No entanto, por mais que construamos fantasias, a realidade, num simples sopro, desfragmenta-as como fez com o avião que calou tantos "eu te amos" e "je t'aimes" entre o céu e o amar.
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