Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 31 textos de maio de 2009. Exibindo página 3 de 4.

11/05/2009 - Boa semana

Que nesta semana, as feiras sejam fartas. Que nesta semana, as segundas, terças, quartas sejam sempre primeiras. Primeiras esperanças, primeiras crianças a subirem em nosso colo de lidas e afazeres. Que nesta semana, os dias não cresçam somente na ordem natural dos números, mas no montante de sonhos e realizações. Que nesta semana, a caminhada seja firme e determinada, no entanto que fique mais leve a cada passo. Não importa a mágica a ser utilizada, mas que ela aconteça.

Que nesta semana, os dias das criações tenham podem de criar mundos em nosso interior. Que as pedras sejam flores e as flores sejam pedras dependendo, para isso, apenas de um olhar. Que a semana passe nem lenta nem rápida demais, mas na exata velocidade dos desejos que nos movem. Que as doses de sol e lua sejam equilibradas ao gosto do freguês, que senta no balcão da vida e bebe o mundo que o rodeia. ...
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10/05/2009 - Amor a moda maternal

Santa Mãe de Deus, Mãe do divino amor, Mãe puríssima, Mãe castíssima, Mãe imaculada, Mãe intacta, Mãe amável, Mãe admirável, Mãe do bom conselho, Mãe do redentor, Mãe prudentíssima, Mãe venerável, Mãe louvável, Mãe poderosa, Mãe miraculosa, Mãe rainha, Mãe benigna, Mãe fiel, Mãe justa, Mãe sábia, Mãe de nossa alegria, Mãe insigne de devoção, Mãe de luz, Mãe de flores, Mãe da aliança, Mãe do céu, Mãe das graças, Mãe do perpétuo socorro, Mãe de misericórdia, Mãe da divina providência, Mãe protetora, Mãe consoladora, Mãe auxiliadora dos filhos teus, auxilia as mães neste dia de hoje. ...
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09/05/2009 - O sertão virou mar

E o sertão virou mar, fazendo com que quem não tinha nada perdesse tudo. Os cactos ficaram submersos, as cabras se afogaram, as casas de pau-a-pique se desmancharam, o vaqueiro desapareceu... O que era poeira virou aguaceira, o que era caatinga virou pinga na boca do sertanejo que foi bebendo a tragédia de sua gente. O nordeste do agreste, que era cheio de cabra da peste, ficou sem norte, sem leste, barco à deriva de um povo acostumado ao pó.

Civilização das calamidades, das enfermidades, das extremidades. Ora é sol demais, ora é chuva demais. E em todas as horas é pobreza demais. Quem se acostumou a ter tão pouco, quase nada, perdeu tudo. Como a lavoura que morria ao sol, plantações de homens e mulheres morrem à chuva. E o sertão virou mar, só que um mar de água naturalmente doce e, pouco a pouco, salgada pelas lágrimas dos filhos da terra. Será, será que Deus erra?...
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08/05/2009 - Praça de guerra

Ao passar pela Praça dos Três Poderes, notei um estado de guerra eminente no País. Se já não bastassem as cercas que foram levantadas próximas ao Palácio do Planalto, agora grades e mais grades cercam e isolam o Supremo Tribunal Federal. A imensa praça de pedra projetada por Niemayer está reduzida em muitos, mas em muitos metros quadrados. Os turistas têm que se contentar em admirar a arquitetura dos prédios de longe. E os cidadãos, que cobram dignidade das instituições públicas, têm que engolir a seco o fato de serem cerceados em seu direito de cobrar por seus direitos....
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07/05/2009 - Octogésimo andar

Eu quero morar no octogésimo nono andar daquele edifício alto. E quando sair na sacada, eu não quero enxergar a rua, mas o que se esconde nas crateras da lua. Chega de ouvir buzinas, ronco de caminhões, gritos de crianças, latidos de cachorros e vendedores de abacaxi. Quero, da minha sacada octogésima, ouvir apenas a língua universal dos anjos, que se dependuram em nuvens próximas, ou dos extraterrestres que flutuam em naves tão ovais quão a minha janela. Nem pássaros, nem paparazzis, nem moscas conseguirão chegar perto quando eu estiver a quase noventa andares do chão. ...
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06/05/2009 - O fim dos abacates

Até algum tempo atrás eu tinha toneladas e toneladas de abacate ao meu alcance. Era uma avalanche de frutos, de vários tamanhos e formatos, vindos de mais de mil e duzentas árvores, que chegavam a dez metros de altura num balé de copas e galhos entrelaçados. Durante anos percorri esse pomar saboreando os frutos verdes na ponta do meu canivete. No entanto, meu mundo mudou de curso e os abacateiros ficaram distantes. Hoje, os abacates surgem-me nanicos, manchados, doentes, em bancas de supermercados, sem gosto ou beleza. ...
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05/05/2009 - Devorações

Pela mulher que me devora, peço alguns minutos mais de vida. Vida para beber mais algumas taças de lua, ser carregado por cometas e dormir em estrelas falando "eu te amo" na língua dos extraterrestres. Pela mulher que me devora, peço alguns minutos mais de febre. Febre para arder nos receios de uma época que nos poda ao meio e nos cava em decotes, atirando-nos aos seios da revolução que ainda não revolucionou, do verbo revolucionar.

Pela mulher que me devora, peço alguns minutos mais de paciência. Paciência para combater a fúria de matar e morrer que roda ultimamente, e inconsequentemente, na mesma moeda, ora cara ora coroa. Pela mulher que me devora, peço alguns minutos mais de perdão. Perdão para me autoperdoar em razão desse amor demais, que me fere a paciência, que me rouba a vida, que me adoece me curando, que perdoa me culpando e me devora entre dentes, línguas e sentimentos. ...
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04/05/2009 - Deus é mundano

Deus é mundano. Primeiro, porque criou o mundo. Segundo, porque contemplou sua criação. Terceiro, porque fez o homem a sua imagem e semelhança. Ou seja, Deus e mundo se confundem pela lógica criacionista. Sendo assim, Deus é extensão do mundo e o mundo é extensão de Deus. Como criou o homem em feitio de espelho, o sagrado e o profano são dois extremos que se fundem na composição da identidade divina. Portanto, tudo o que o homem criou é, por conseqüência, obra de Deus.

Mas o homem sente ódio, inveja, egoísmo. O que dizer do Deus relatado no antigo testamento? Um Deus, sobretudo, castigador. Um Deus com o chicote na mão, pronto para condenar. Será que o amor divino é o amor que mata suas criações com um dilúvio de 40 dias e noites? Em que a ira divina se difere da de um assassino? Se Deus pode matar filhos, o aborto também é divino. Deus não criou o pecado, mas deu um empurrãozinho para isso, deixando-o a alcance do homem. Se Deus não quisesse o pecado não teria criado a maçã, a tal fruta proibida. Na verdade, Deus quis testar o homem. E jogo, ao que se saiba, é pecado....
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03/05/2009 - Cinco anos de casa nova

O relógio avança na ânsia dos ponteiros. Estou atrasado e, mais uma vez, com a pressa do mundo. Impossível chegar ao meu compromisso, uma entrevista, no tempo necessário. Poderia perder o entrevistado, a matéria e, sobretudo, o emprego. Preocupações mundanas necessárias para quem está no mundo, mesmo que de passagem. Como não dava para ir de avião, o jeito era pegar um táxi e torcer para que ninguém se importasse com alguns minutos a mais. No entanto, não tinha tempo para ligar para um taxista conhecido nem para uma dessas redes, tampouco esperar um desses carros chegarem sabe-se de lá onde. O melhor era descer e entrar no primeiro táxi que encontrasse....
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02/05/2009 - Eu morcego

Pelo ventre da natureza, pela sede dos vampiros, eu quero ser morcego para enxergar o mundo como ele, o mundo, está - de ponta cabeça. Só assim e somente enfim, conseguirei ver além do caos, das tortices, das esquisitices desta terra. Afinal, deu um redemoinho moral, ético, social e o mundo, sem pudor algum, virou de pernas pro ar. Agora, é preciso inverter o eixo, sucumbir a gravidade, mudar o ângulo de visão em feitio do morcego, que se dependura para viver, para sobreviver, para bem-viver...
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