Daniel Campos

Texto do dia

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08/05/2009 - Praça de guerra

Ao passar pela Praça dos Três Poderes, notei um estado de guerra eminente no País. Se já não bastassem as cercas que foram levantadas próximas ao Palácio do Planalto, agora grades e mais grades cercam e isolam o Supremo Tribunal Federal. A imensa praça de pedra projetada por Niemayer está reduzida em muitos, mas em muitos metros quadrados. Os turistas têm que se contentar em admirar a arquitetura dos prédios de longe. E os cidadãos, que cobram dignidade das instituições públicas, têm que engolir a seco o fato de serem cerceados em seu direito de cobrar por seus direitos.

Tudo isso por medo. Medo de quem não honra o cargo que tem. Medo da reação popular, que por aqui ainda é tão tímida. Medo de encarar o rosto de um Brasil que é miserável, que morre nas filas dos hospitais, que não tem teto, que é assaltado a cada esquina. O presidente da mais alta corte brasileira, o senhor Gilmar Mendes, cercou-se em sua ilha de fantasia. Sentado sobre a Justiça, com uma estrela de xerife cravada em seu superego, manda e desmanda conforme bem lhe convém. Depois, dizem que a ditadura acabou.

Confesso que estou temeroso em razão do que posso encontrar naquela praça nos próximos dias: trincheiras, barricadas, soldados, fuzis, granadas. De forma velada, o Brasil vive a sua guerra civil. Que Castro Alves, autor da célebre frase - a praça é do povo como o céu é do condor - levante-se do túmulo e venha conferir o estado de sítio em que se encontra a Praça dos Três Poderes. Se Brasília não fosse patrimônio mundial da humanidade, ao contrário de cercas já haveriam erguidos muros imensos para resguardar cada poder no seu devido quadrado imoral e anti-ético.


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