Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 225 de 248.

Solitude

Abre a porta mariquinha
Que seu boi já vem
É assim que canta a menina
Menininha
Lá no pé da serra
Das minas do trem
Canta sua musiquinha
E brinca aos pés
Da dona mariquinha
Que cochila
Em sua mão
Com medo
Do boi que vinha
Feito bicho papão.

No jardim
Das joaninhas
A menininha
A procura de seu bem
Tendo no cabelo uma fita
Saltita
Por sobre as plantinhas...
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Soluços

E da falta de adeus fez-se o silêncio
Esse ser estranho que chega de repente
Coberto por barreiras e espaços vazios
Que de tão forte, às vezes, dói.

A sua boca trancada em silêncio, dói
A sua falta de olhar, silêncio que dói
E dói mais que um barco sem mar
Essa dor feita de silêncio
Essa dor feita de uma despedida
Que não teve adeus para não doer.

Por Deus, devia ter existido o adeus
Para o sofrimento ser de uma só vez...
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Sombras

Se um dia me vir triste
Fecha os olhos
E passa.

Passa por mim
Sem dizer
Sem sofrer
Apenas passa.

Passa e me tenha
Como mais uma sombra
Que tomba na madrugada.

Longe dos olhos seus
Levo a dor
A minha dor
Pela noite afora
E quando sozinho
Queimo em febre
Ardo em vela.

Sou sombra
Sou sua sombra
E choro
A sua morfina
Numa parafina
Amarela.


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Somos arte inacabada

Será
Ou deixará de ser...
Será
Que irá se findar
O ser
Que um dia será?

O amanhã
Descerra as cortinas
Escondendo
A nossa própria vida
Num palco escuro...

Andamos
Conhecemos tanto
E não sabemos
O nosso próximo passo
O nosso outro futuro...

Idealizamos
Sonho e fantasia
A imaginação nos percorre
E nos deixa sem lastros
Perdidos num mundo
À parte...
...
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Soneto

Nasci dos versos tortos da paixão
Da plena poesia: fantasiada e nua
Nasci ao cantar das estrofes da lua
Que trêmula suplicava ao perdão.

Um ébrio vagava cantarolando
Nas canções, a profecia do acalanto
Que o destino cigano ia lapidando
Nos sorrisos transbordantes de pranto.

Tolo, nasci acenando aos que morriam
Trôpego, nasci ostentando a alma errante
Escravo das rimas que me envolviam.

Ao primeiro alvorecer da alma inquieta...
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Soneto a ferro e fogo

No terreno de dentro tem a lua
No lado de fora arrebenta o mar
No pescoço do vento dobra a rua
E de que lado o sol vai se entregar

É o sol laranja que derruba o mato
Que atiça a flor desejo e faz arder
É no sol escuro que se ama o gato
Preto do azar que põe tudo a perder

É no sol noturno que mora a amante
Que beija são jorge traindo o dragão
É no sol que o quinto inferno de dante

Vocifera a queimar anjos e lobos...
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Soneto ao rio de janeiro


Nascestes nos acordes da boemia
Com poemas sob céu de lua prateada
Tendo na leve brisa a melodia
A cantar na virgindade calada.

É palco de exuberante realeza
Dos mares de um deus pierrô caído em lágrimas
Quebra as coroadas ondas da princesa
E a nostalgia de uma Ipanema em lástimas

Cidade que ainda veste as fantasias
Que coloriram o nosso rio antigo
Rio do mar e da praça onze em poesias

Rio do morro de açúcar e dos bondes...
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Soneto campestre

Olhos fechados no último sono
Um sonho de botas, capim e urina
Lançada por um cavalo sem dono
Que cavalga ao comando da menina

Ainda em transe, sente o vento lambendo
O suor gelado de seu corpo à pelo
E numa entrega plena vai correndo
E o medo se solta do seu cabelo

Medo de amar um peão que na verdade
É rei. Rei em xeque-mate. Vai, cavalga
Faça do mato verde a sua cidade

Colorida. Cavalga e seja bem-vinda...
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Soneto carioca

Observo seu olhar, triste devaneio
Na busca interrupta de algum passado
Olhar perdido em morros, corcovados
Remanso de um rio de tantos janeiros.

Quantas as ondas envoltas de espuma
Não jazem em seus vastos olhos poentes
Aqui onde até ipanema fica doente
Na miragem dos seus olhos de pluma.

Olhos de olhares mares de?uma poesia
Deixam-se tomar pela fantasia
Ocultam-se e deturpam quem os lêem.

Olhos sós que se entregam à aflição...
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Soneto cheio de mandinga

Por todos os santos quebra os quebrantos
Que amarram o amor aos nós da alheia intriga
É mau olhado dedo cruzado em figa
É tanto amor amarrado no encanto

Traidor dessas feiticeiras de quinta
É tanta reza, mandinga e macumba
Levando pro fundo das catacumbas
O riso pintadinho cheio de tinta

E é tanto agouro reza prosa e choro
Levando o mal a ser coroar de louro.
Espantando o sono dos orixás

Tem banho em pinga e guiné na janela...
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