Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 67 de 320.

19/01/2015 - Quando em meus braços

Quando em meus braços, faço-me porto completo, ancoradouro dos seus sonhos que estendem suas velas coloridas como veleiros aos meus olhos. Quando em meus braços, sou céu aberto à disposição de suas estrelas e pássaros. Quando em meus braços, esqueço-me de mim e passo a vivê-la por inteira. Quando em meus braços sou amor para uma vida inteira. Quando em meus braços respiro suas ansiedades e saudades como marinheiro, que sabe a chegada de bom ou mau tempo pelo cheiro. Quando em meus braços sou ponte intimamente ligada ao seu íntimo e indescritível universo.


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18/01/2015 - Diversa e adversa

Ela se olha no espelho como que buscando encontrar a mistura entre menina e mulher que dá o tom de seus conflitos internos. Naqueles olhos espelhados, o paraíso e o inferno, não há espaço para purgatório, pois ela está sempre entre dois extremos. Não tem como acalmá-la, domá-la, dominá-la, pois ao mesmo tempo em que é soberana ao atacar é tão frágil a ponto de desarmar os mais hábeis e tinhosos. No confronto do espelho, tenta juntar a princesa com a plebeia, a sonhadora e a operária, a guerreira e a bailarina. O fogo e o gelo constantemente se chocam produzindo as reações mais diversas e adversas. Ela se junta e se desmancha em frequência, numa opulência de cristal. Açúcar e sal na mesma lâmina que oscila entre o reflexo e o nexo. Assim é aquela menina que se espelha mulher no espelho que se faz menina. ...
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17/01/2015 - Sua metade

Eu tenho seu corpo perfeito e nítido entranhado em minhas retinas, assim como sua voz segue presa aos meus ouvidos. Guardo mesmo sem querer cada um dos seus gemidos, os de sofrimento e os mais comovidos de prazer. Não sei se é justo ou não, porém, mesmo ainda viva, sua silhueta ficou para mim, em mim e por mim. Tenho o cálice da sua boca derramando em meus lábios até o presente momento. Pelos labirintos das minhas narinas brincam seus cheiros encantados. Tenho suas costas tatuadas pela imagem do seu rosto aflito e sofrido pelo fato de eu lhe ter dado as costas. Suas lágrimas ainda ardem em mim. E a culpa pelo que não fiz é a pior das minhas tormentas. Minhas mãos teimam em buscar suas músicas, seus cabelos, seus cuidados... Eu nasço sempre que uma lembrança sua vem à tona; e são tantas, mais que tantas a ponto de ter me transformado em uma maternidade ambulante. A saudade invade meus quartos enquanto eu, eternamente partido, assumo-me metade, a sua metade...


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16/01/2015 - Entre o infinito e o impossível

Um dia eu ainda mudo de nome de tantas promessas feitas a mim mesmo. Prometo nunca mais fazer isso ou aquilo e só faço o mesmo do mesmo do mesmo. É difícil cumprir o compromisso que tenho comigo, pois eu tenho pressa de querer demais. E eu quero mais e mais numa busca incessante pelo que quero ser. E assim eu prometo o infinito e me comprometo com o impossível.


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15/01/2015 - De cada um

Seus pés reconhecem as pedras do caminho, sabem dentre tantos pedregulhos quais são seus quais dos seus vizinhos. Portanto, não faça uma jornada que não é sua. Tome para si exatamente o que é de si. O sorriso na cara do outro pode ser lágrima na sua. O destino é peça feita sob exata medida, numa exclusividade tal que não serve para mais de uma pessoa, com exceção das almas gêmeas, mas isso já é outro debate. O importante agora é que se conscientize de que a mesma estrada que pode levar fulano, ciclano ou beltrano ao paraíso pode lhe arrastar para o inferno. Não deseja a vida alheia, pois seus ombros não podem aguentar o peso sob a qual ela foi construída. Havemos de pagar pelas nossas dívidas sem nos ater às pendências e cobranças alheias. Temos de fazer o nosso e só. Não importa se as casas ao redor são maiores ou melhores, precisamos apenas cuidar para que a nossa casa esteja firme, pois o tempo pode parecer o mesmo, mas tem intensidades diferentes para cada um.


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14/01/2015 - Ebulição

Minha casa não tem telhado. Minha boca tem sol e lua no mesmo céu. Meus braços não formam laços. Meu chão não tem fundo. Minha saudade está à frente de mim. Tenho medo da minha falta de medo. Meus ouvidos escutam as pedras, as árvores, as nuvens... Meu coração não tem cantos e meus amores são agudos e obtusos ao mesmo instante. Eu sou ave de silêncio, cantante apenas no que escrevo. Não me dobro, mas me cobro intensa e incessantemente por tudo o que sou, o que fui e o que quero ser. Sou ebulição mesmo nas horas em que sereno. Nada do que se passa ao meu redor deixa de me afetar, me influenciar, me tomar de uma forma ou de outra. Sou onda ora a caminho do continente ora em direção ao mar aberto.


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13/01/2015 - Sem sapatos

Tão logo chegou tirou os sapatos e pisou naquele chão frio e translúcido da nascente que ficava nas terras do seu Adelor, um velho fazendeiro que cansado de contar riqueza pendurou uma rede na varanda para de lá nunca mais sair. Bem longe da casa grande e sem pensar no senhor daquelas terras livrou os pés que viviam trancados naqueles materiais sintéticos. Sim, seus pés viviam numa espécie de natureza morta. As unhas, bem feitas, reluziam por aquela água limpinha. E ela caminhava sem culpa por aquele solo que mais parecia nuvem. Sentiu-se livre. E sem emitir som algum, conversou com Deus. Um contato íntimo com a terra, com o mundo, com o universo. Ela, que na maioria dos dias era fogo, viu-se água. E seus pés ficaram doces, seu corpo ficou doce, e até o choro que verteu de uma emoção ainda não diagnosticada caiu doce naquelas águas que tinham uma espécie de mel. Essa espécie de abelha ficava intocada no chão e produzia esse néctar que borbulhava numa água recém-nascida. O velho Adelor não dava importância para aquelas borbulhas, tampouco para o gosto daquela água, pois só tomava conhaque e cachaça de alambique. Já aquela mulher de ossos finos tomava todo o cuidado necessário para não estragar nada. Pisava com zelo. E até para beber aquela água pedia licença ao lugar. Era de uma elegância de cristal. No início, destoava muito, mas pouco a pouco foi se tornando parte da paisagem a ponto de uma garça mais atrevida paquerá-la. Pena que tinha de voltar para os sapatos, para um caso de cara mais ruim que seu Adelor e para a vida salgada de sempre.


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12/01/2015 - Esperando por mim

Tem alguém esperando por mim num janela, numa esquina, numa dobra de mundo, num cais, numa cama, numa vala, numa nuvem, numa mina, numa rama, numa sobra de rua, num jequitibá, numa maré-cheia, num alento, num tempo, num sofá, num banco de areia, na beira de um fogão, num bosque, numa sorveteria, nas páginas de um livro, num morro, num estradão, num telhado, numa fantasia, num passado, numa tarde vazia, num crivo, num riachão, numa sacada, numa escada, num altar, num lugar qualquer, numa noite mulher, num porta-retrato... pra um amor de direito e de fato. ...
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11/01/2015 - Ignorância

Por que me olha assim como se não visse nada? Até quando você vai me dar suas costas? Por favor, me perdoa, não me ignora, eu sei que nada é à toa, mas... Pra que tantos ais? Deixa meu barco voltar pro seu cais. Eu preciso do remanso dos seus olhos mansos. Cansei das tempestades, de viver à mercê da saudade, de vagar sem rumo pela cidade. Quantas vezes eu fui pra seu endereço. Por muitas horas eu me vi ligando pro seu telefone. Pensar que nunca mais vai ser como era antes é um inferno de Dante. Tenha certeza de que a tristeza que exala me cala. Cada vez que me ignora cava um pouco mais da minha vala. ...
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10/01/2015 - Vá-se embora de mim

Larga da barra da minha saia e vá viver sua vida. O meu batom não paga a sua comida. Deixa a minha cama e vá se envolver em outros lençóis. Deixa-me a sós com meu coração que já não é seu. Não tente agradar o meu Deus. Desapega dos meus seios, corra atrás dos seus anseios. E nem me venha com apelos não são mais seus os meus cabelos. Não beba novamente do meu champanhe, se eu me perder não me apanhe. Seja forte e, por favor, não me fale nem de amor nem de morte. Não reclame da minha silhueta, na sua solidão eu sei que sempre fui a perfeita. E lembre-se de que eu não sou da sua seita. Tira o suor das suas palavras do perfume da minha poesia. Acabou o tempo de me realizar na realidade ou na fantasia. Elogie pela última vez a cor do meu esmalte. Vá para Marte e me deixe só no meu universo particular. Se eu cair, ignore, não ria nem chore, tampouco ouse me levantar. Eu quero mudar de vida, mas para isso é preciso entre eu e você haver a derradeira despedida.


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