Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 3193 textos. Exibindo página 262 de 320.
11/11/2009 -
Uma boa média
Chamei o atendente do botequim e pedi uma boa média. Tom e Vinícius num mesmo copo. Nada melhor do que começar o dia bebendo o poeta e o maestro. O romantismo de Moraes aliado à natureza de Jobim dá ânimo para não só enfrentar, mas viver o dia. Aliás, viver a plenitude do dia. Cada qual a sua maneira, ambos foram intensos. Vinicius buscou a mulher amada em nove casamentos e infinitas histórias de amor. Já Tom buscou se encontrar consigo mesmo numa procura incessante pelo eu sublime.
Os dois poderiam perfeitamente existir e fazer sucesso separadamente, sem nunca precisarem ser parceiros. No entanto, ao cruzarem seus destinos a magia falou mais alto. Garota de Ipanema ganhou dimensões divinas, como que parte de um tipo de mitologia. Nem grega, nem romana, nem nórdica... Mitologia viniciana, Mitologia jobiniana. Cantar o amor, a partir deles, deixou de ser piegas para se tornar algo requintado e simples ao mesmo tempo, algo novo, aliás, algo bossa nova. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
10/11/2009 -
Choro em memória das mangas verdes
A doçura das mangas não combina com pedradas. No entanto, nesse momento, há milhares de moleques apedrejando mangas-rosas pelas ruas. Moleques que não têm paciência para esperar os frutos madurar. Derrubam do pé pelo simples fato de derrubar, de destruir, de acabar com aquela quitanda ao céu aberto. Naquele estado verde, as mangas não possuem o mesmo sabor, o mesmo perfume, o mesmo suco que as fazem apreciadas por uma legião. São apenas frutos incompletos, como fetos abortados.
Poeta que sou choro em memória das mangas verdes. A cidade poderia ficar mais colorida e cheirosa e saborosa, no entanto, o que se vê é um rastro de barbárie. As mesmas mãos que picham muros, que riscam carros, que apedrejam vidraças põem fim ao sonho das mangas que um dia se ruborizariam de desejo. Mas isso não importa às mãos que não sossegam enquanto não pelam a mangueira. Se ao menos a árvore pudesse fazer pernas de suas raízes e braços de suas galhas para reagir aos ataques......
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
09/11/2009 -
Cores e sonhos
Já faz tempo que eu saí de casa levando sonhos debaixo do braço. As estradas tentaram, mas não conseguiram me engolir. Agora estou aqui sob um pé de pau-brasil ouvindo um daqueles pássaros que assoviam apaixonados como namorados. Estou aqui, na linha do horizonte de um pôr-do-sol socialista, que se reparte em milhões de raios vermelhos. Estou aqui, crescendo como mato em época de chuva ambientalista. É verde para lá, é verde para cá. Estou aqui e por entre os galhos do pau-brasil ainda não se atreveu a pousar tucano azul-amarelo algum. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
08/11/2009 -
Perestroika
É hora de reconstruir. Abrir o guarda-roupa e reconstruir um visual. Abrir o portão e reconstruir uma estrada. Abrir a gaveta e reconstruir um achado, um perdido. Hora de reconstruir a leitura de um livro que há tempos foi abandonado na prateleira. Hora de reconstruir um tempo perdido, um verso bandido, um solo de um sol sustenido que deixou de brilhar. E que nessas reconstruções não falte mão de obra. E que nessas reconstruções ache todos os materiais necessários e desnecessários também. E que nessas reconstruções permita-se inovar. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/11/2009 -
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo que não digo o quanto lhe tenho amor. O tempo é tanto que as palavras já congestionam a minha boca. E esse vazio de declarações vai silenciando a tarde que arde de saudade ao meu redor. Tenho tanto a dizer e a redizer que já começo a rodar como um disco antigo e buscar um abrigo para me esconder dos minutos que passam sem você me ouvir falar de você. E se eu não puder lhe dizer o meu amor não quero dizer mais nada. Podem ceifar a minha língua e me deixar marcando a página de um livro. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
06/11/2009 -
Berliner Mauer
Tijolo por tijolo foi se erguendo um muro trágico.
Um muro que separou pensamentos, sentimentos e outros ventos da cabeça e do coração. Um muro sem cor, sem desenhos, sem vegetação. Um muro sem razão criador de uma nova fronteira irracional. Um muro que nasceu para dividir o capital do social, o futuro do passado, a águia do urso. Quanto choro acumulado ao longo daquela construção tão horizontal quão vertical? Quantos murros foram dados naquele paredão? Quantos gritos foram ouvidos por aquele muro sem nação? Quantas esperanças foram depositadas naquela barreira que virou bandeira de luta e força bruta? ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
05/11/2009 -
Estou em Dubrovnik
Não vou nem para Maracangalha nem para a Tonga da Mironga do Kabuletê, mas para Dubrovnik. Com poesias feitas e por fazer na bagagem, vou à terra de grandes dramaturgos e poetas barrocos. Fui atraído pelo mistério, pela fonética, pela dramaticidade em torno do nome Dubrovnik, e também por causa das imponentes muralhas, da arquitetura com traços medievais e renascentistas, da vista para o Mar Adriático e do café de Dubrovnik.
Eu vou para a pérola do Adriático, para a cidade balneário, para a capital do condado de Dubrovnik-Neretva, enfim, vou para uma cidade costeira da Croácia. Vou me infiltrar nas histórias e lendas que alimentam seus quase 45 mil habitantes. Quero sentir o cheiro do Império Bizantino e os sons das Cruzadas que fizeram o lugar ser dominado pelas mãos da Itália, da Hungria, da Áustria, da Iugoslávia, da Alemanha, de Napoleão e da Croácia. São muitas Europas em um só lugar repleto de desníveis rochosos, ruas estreitas e muitos degraus. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
04/11/2009 -
Americabacaxi
Por detrás de sua casca dura e áspera, uma doçura de dar inveja às moças românticas. Para além de sua coroa de espinhos, uma espécie de salvador dos vegetais, amado por muitos e crucificado por outros como um sinônimo para expressões negativas. No dicionário, abacaxi também significa coisa complicada, embrulhada, trabalhosa e, pessoa maçante, desagradável, inconveniente. Descascar um abacaxi é o mesmo que sair de uma dificuldade, de um problema. O abacaxi se tornou uma contradição, é um gostar que não se gosta, um querer não quisto, um prazer indesejado. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
03/11/2009 -
Lições da contradição
Dia após dia participamos de uma guerra. Não se trata de um conflito militar ou civil, mas de uma batalha interior entre o que somos e o que queremos ser ou ter sido. O relógio desperta quando queríamos que ele não despertasse. Abrimos os olhos, mas queríamos que eles ficassem fechados num estágio qualquer do sono. Vestimos roupa de trabalho quando o desejo era de colocar uma roupa despojada de final de semana. Entramos debaixo do chuveiro embora a vontade fosse de se entregar as águas de uma cachoeira. Tomamos café, porém queríamos abocanhar o mundo com muito chantilly. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
02/11/2009 -
Dia de vivos e mortos
Que todas as almas possam ser amadas ou, quiçá, lembradas. Que os mortos possam usar as lágrimas que recebem hoje para manterem vivas, por alguns dias a mais, as flores que recebem dos vivos. Que os finados recebem, ao menos, uma oração para não se sentirem sozinhos ou desprezados. E que essas orações sejam capazes de acalmar o coração dos espíritos aflitos que ainda não se acostumaram com a morte. Que hoje seja um dia de paz no reino dos vivos e dos mortos. Um dia onde haja espaço para tristeza do choro e da saudade, mas também para a das boas recordações. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar