Daniel Campos

Prosas

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01/12/2009 - Camomila, messieur

Garçom, por favor, traga-me, com as devidas urgência e discrição, um chá de camomila. Nem muito amargo nem muito quente. A minha última noite não foi nada agradável. Insônia, dores, pensamentos negativos, radioativos e até mesmo, degenerativos. Preciso que o senhor, num golpe de mestre, retire todas as propriedades medicinais possíveis da Matricaria chamomilla com uma leve fervura. De preferência, 98º C. Preciso de seus efeitos calmantes e digestivos. Essa gastrite nervosa já me acompanha há algumas estradas. ...
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30/11/2009 - Consummatum est

O ano se arrasta, cai, levanta, bambeia, tonteia, empurra os dias com a barriga e reza para o dia 31 de dezembro acabar em barranco para que ele possa morrer encostado. É chegado o momento de jogar a toalha, de tirar o pé do acelerador, de pedir que o que ainda resta seja consumado o mais depressa possível. Há ainda quem tente correr, quem se arrisque colocando tudo a perder, quem faça por merecer e quem tente esquecer o que planejou, o que sonhou, o que almejou para sofrer menos.

Por mais que insistam em lutar, em se manter de pé, o ano se esvai como areia movediça em ampulheta roliça. Tudo acontece muito rápido. Aliás, rapidíssimo. Quem nasceu, nasceu. Quem morreu, morreu. O ano, como uma avalanche, arrasta consigo uma multidão no embalo de uma bola de neve. A cabeça ferve, mas de que adianta isso agora? Consummatum est. Não há mais tempo hábil para grandes mudanças e o tempo, a essa altura, não é tratável....
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29/11/2009 - Estrelas de bytes

Não pense duas vezes: desligue o computador e vá se encontrar com o céu. Não, não digo que é chegada à hora de morrer. O que eu quero é que você vá se comunicar com esse teto ora celeste ora negro ora cinza que a todos cobre. Independentemente do que vá encontrar lá fora, vá. Como aqueles móbiles que enfeitam berços de bebês, brinque com sóis e asteróides dependurados e em constante movimento. Quero que os mire com atenção, observando seus passos, pensamentos e olhares.

Escute o que cometas, asteróides, marcianos e anjos têm a dizer. Mas atenção: a informação não vem pronta como na internet. É preciso que você a construa. Inspire, expire, respire. Deixe braços e pernas à vontade. Não é necessário lunetas, telescópios ou qualquer tipo de entorpecente para realizar essa tarefa. O céu fala. Mesmo sem trovões, o céu fala. Tente ouvir o choro contido no parto de uma estrela. Tente entender a angústia de um buraco negro. Tente espionar as conversas dos astronautas. ...
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28/11/2009 - Casa da Dinda

Quem não se lembra da Casa da Dinda, a mansão da família Collor de Mello em Brasília? A casa que foi construida por um ex-governador do Rio Grande do Norte na época que exercia um cargo de chefia nos governos JK e João Goulart estampou capas de revista e virou motivo de escândalo. Dizem até que os jardins da casa motivaram o impecheament de Collor.

Foi nessa propriedade de 13 mil metros quadrados repleta de cachoeiras motorizadas, lagos artificiais com carpas japonesas e centenas de árvores que Collor amargou seus dias de glória e terror. O caçador de marajás tinha jardins de marajá financiados pelo esquema PC Farias. Destronado, Collor trocou Brasília por Miami....
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27/11/2009 - Leveza é fundamental

Gosto de lhe ver caminhar com essas pernas ariscas de sol. Gosto de mordiscar romances inteiros em seus ouvidos escondendo-lhe apenas o final da história. Gosto de acompanhar seus olhos caminhando na direção contrária ao tempo. Gosto de tentar entender essa sua tristeza incompreendida. Gosto de lhe fazer carícias e me entregar a sua malícia ingênua de ser. Gosto de lhe ter o mais próximo possível, mesmo sabendo que existe um cânion entre nós. Afinal, anjos e demônios são díspares por natureza. E eis aí nossa beleza....
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26/11/2009 - O embaixador Marcus Vinitius Cruz e Mello Moraes

Vinícius de Moraes foi promovido a embaixador. Uma promoção póstuma que renderá pensão de 10 mil reais aos herdeiros daquele que encontrou palavras para o balançado da garota de ipanema. O diplomata que foi expulso do Itamaray há quarenta anos, durante a ditadura militar, finalmente deu a volta por cima no mundo das relações exteriores. Já que a onda é fazer Justiça, os acadêmicos poderiam promover Vinícius de poetinha à poeta. Afinal, o diminutivo, além de um tratamento carinhoso, é utilizado para depreciar aquele que uniu a forma erúdita da poesia ao sentimento popular. ...
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25/11/2009 - O caçador de nuvens

João, o caçador de nuvens. Era assim que gostava de ser chamado. Corria de lá pra cá, de frente pra trás, de cima abaixo buscando nuvens. Gostava desde as transparentes até as negras, fartas de água. Vivia observando as movimentações, os contornos e preenchimentos desses conjuntos de partículas suspensas. Adorava dias nublados. Vibrava quando uma nuvem conseguia cobrir sol ou lua. Torcia pelas nuvens como quem torce por um time de futebol.

Se não bastasse essa estranha paixão, dava munição à boca do povo ao sair de casa com uma cestinha daquelas de apanhar borboletas. Gritava pelas ruas que estava aberta a temporada de caça às nuvens. Enquanto seus amigos se dedicavam à pescaria, João sonhava em cavalgar em uma nuvem. Subia em árvores, em montanhas, em edifícios tentando realizar o sonho. Mas sabia que o único jeito de encontrá-las era pegar um avião. Faltava-lhe apenas dinheiro pra viabilizar a aventura. ...
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24/11/2009 - Entre o céu e o fel

Mãe, mãe de todo amor, quebra o protocolo e nos leva pela mão rumo à civilização adormecida em teu colo. Nesses mais de dois mil anos que nos separam algo aconteceu e o mundo se perdeu do caminho que a senhora apontou. Mãe, mãe, por favor, restaura o elo que une terra e céu, fazendo com que o amor (o amor que criou), viva fora dos livros de papel. Mãe me mostra, ao longo dessas entranhas, onde vivem teus ensinamentos. Mãe me diga, nessa terra estranha, onde estão os sentimentos que foram espalhados pelos ventos. Sentimentos que lhe fizeram chegar tão perto de Deus. Mãe habita esses tantos corações ateus, ateus de tanto amor. ...
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23/11/2009 - Vejo flores em você

Vejo flores em você. Vou desfiando pétalas em sua pele, cheirando seus polens, apanhando de seus espinhos. Vejo flores em você. São de várias cores e formatos, num desenho de jardim botânico, babilônico. Vejo flores em você. Em dias pares, vem com flores selvagens. Já nos ímpares suas flores são domesticadas. Vejo flores em você. Flores de jardineira e flores carnívoras prontas a devorar. Vejo flores em você. Flores que se esparramam pelo chão, que ficam suspensas no ar e trepam em muros, pilastras, corpos....
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22/11/2009 - Faz sentido o amor?

O amor não faz sentido, contudo, usa e abusa de todos os sentidos. O amor não é palpável, mas vivem tentando agarrá-lo e, sobretudo, prendê-lo. O amor só existe quando livre, interagindo com o meio, porém, dizem que ele fica confinado no coração. O amor está acima de qualquer condição climática, mas insistem em associá-lo aos dias frios e chuvosos. O amor cura e, ao mesmo tempo, causa febre, dor, depressão, estresse e outros males curáveis somente com... amor.

O amor é puro, mas precisa jogar para sobreviver. O amor é inocente, porém, está sempre sendo acusado de uma coisa ou outra. O amor é eterno, no entanto morre na maioria das vezes. O amor não tem cheiro, mas lhe são atribuídos diversos perfumes. O amor é símbolo de sentimento concreto e maduro, no entanto, morre de ciúme. O amor é infinito, indestrutível, incorruptível, mas se apresenta quase sempre com um rostinho frágil e indefeso....
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