09/11/2009 - Cores e sonhos
Já faz tempo que eu saí de casa levando sonhos debaixo do braço. As estradas tentaram, mas não conseguiram me engolir. Agora estou aqui sob um pé de pau-brasil ouvindo um daqueles pássaros que assoviam apaixonados como namorados. Estou aqui, na linha do horizonte de um pôr-do-sol socialista, que se reparte em milhões de raios vermelhos. Estou aqui, crescendo como mato em época de chuva ambientalista. É verde para lá, é verde para cá. Estou aqui e por entre os galhos do pau-brasil ainda não se atreveu a pousar tucano azul-amarelo algum.
Os jornais que passam nas mãos e nos olhos dos leitores falam em Dilmas, Marinas e Josés que não conheço. Eu só conheço as histórias que o vento me traz aos pés do ouvido. E o vento só diz romances e outras poesias. Sou como as pedras que existem à parte de discursos capitais e trabalhistas. Sou como as folhas que caem independentemente de esquerdas ou direitas. Sou como a semente que, antes mesmo de germinar, sabe que qualquer dia brotará. Seja qual for a direçaõ, vai brotar. E não adianta tentar me dobrar, me levar, me quebrar...
Não adianta tentar me convencer que a esperança é vermelha, azul, amarela ou verde. A esperança, como a água, é incolor. É sentida e não vista. É lida e não compreendida. Entre o Estado máximo e o Estado mínimo, prefiro o estado sentimental. E como está o estado de espírito de Rousseff, de Silva, de Serra nessa primavera? Dêem-me uma linha de ideologia que eu transformo em um verso de poesia... Só não me dêem bocas e mãos vazias porque a solidão política já é uma hemorragia por si só. E meus sonhos em brotos não vão ser reduzidos a pó.
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